Café: Sem continuidade das chuvas, primeira florada registrada por produtores do ES e MG pode ter abortamento

Publicado em 22/08/2016 11:59

A primeira florada do café, registrada por produtores do Sul de Minas Gerais e Espírito Santo, corre o risco de sofrer abortamento caso as condições climáticas mudem nos próximos dias. O cinturão produtivo do Sudeste do país recebeu no último final de semana precipitações acima de 30 milímetros, que favoreceram a abertura das primeiras flores da safra 2017/18. Porém, segundo especialista, essa ainda não será a florada principal das lavouras e tudo depende da continuidade das chuvas para que as mesmas não sofram abortamento.

"Algumas lavouras tiveram uma primeira florada, mas tudo vai depender de como serão as condições climáticas nos próximos meses. Além disso, essa florada não deve ser a principal registrada nas lavouras de café. Ao longo do ano, são vistas três ou quatro, nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro", explica o coordenador de Cafeicultura do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), Romário Ferrão.

Em fotos enviadas ao Notícias Agrícolas pelos cafeicultores Paulo Mendes, de Elói Mendes (MG), e Ray Santana, de Marilândia (ES), é possível ver floradas representativas nas lavouras. (Veja imagens abaixo). Poucas propriedades no Espírito Santo registraram floradas do rubusta devido às condições climáticas ainda complicadas no estado. "Cerca de 60% das lavouras estão acabadas. Está difícil a vida do homem do campo aqui", afirma o produtor de café Ray Santana, que utiliza irrigação em suas plantações.

Primeira florada do café arábica em Elói Mendes (MG) - Foto: Paulo Mendes

Primeira florada do café robusta em Marilândia (ES) - Foto: Ray Santana

Botão floral em fazenda de São Pedro da União (MG)

Ferrão confirma a situação no estado. "A florada ainda não apareceu em todas as lavouras do Espírito Santo. Muitas ainda sofrem com a seca e outras devem ter produção zero na próxima safra". Neste ano, a expectativa do Incaper é de que a produção do grão no Espírito Santo seja de 5,5 milhões de sacas. Na safra 2017/18, esse número pode ser parecido ou ainda pior. "Não choveu ainda de forma abrangente, as restrições hídricas continuam e só devem cessar com a recomposição dos rios e reservatórios", explica.

Os produtores capixabas enfrentam severa seca há três anos consecutivos, o que impactou a produção agrícola de diversas áreas, principalmente o café que é a cultura mais importante do estado. Em uma medida preventiva, em meio ao risco de desabastecimento, e com suas reservas de água extremamente baixas, o governo do Espírito Santo priorizou o consumo humano e proibiu a irrigação das lavouras em algumas cidades. Cerca de 80% das plantações de café robusta do estado utilizam sistemas de irrigação.

No fim de semana, as precipitações nas áreas produtoras de café do Brasil superaram os 30 milímetros. No entanto, a irregularidade é nítida. Em Rio Bananal (ES), as precipitações não passaram de 5 milímetros nos últimos dias, em Marilândia (ES) foram 3 milímetros. Já em Minas Gerais, os volumes diários foram mais expressivos. No domingo choveu 32,4 milímetros em Guaxupé (MG) e em Elói Mendes (MG) não houve registro de precipitações. (Veja o mapa de precipitação acumulada do Inmet no final de semana)

Mapa de precipítação acumulada de 20/08/2016 - Fonte: Inmet

Mapa de precipítação acumulada de 21/08/2016 - Fonte: Inmet

A semana começa com chuvas em algumas áreas produtoras de café. No entanto, ao longo da semana, os dias devem ficar mais secos e frios. (Veja o mapa de precipitação acumulada para os próximos dias). No fim da semana, as tardes voltam a ficar quentes e com baixa umidade do ar. "Não é só florada que indica uma boa safra. A produção depende de quanto à planta cresceu verticalmente e horizontalmente. Para a flor se transformar em fruto é preciso ter chuvas", ressalta Ferrão.

Mapa de previsão de chuva de 25/08/2016 a 26/08/2016 - Fonte: Climatempo

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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