Café: Queda de mais de 400 pts nesta 6ª reduz ganhos acumulados durante a semana na Bolsa de Nova York
O mercado do café arábica teve uma semana positiva na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acompanhando o câmbio e, principalmente, as incertezas em relação ao potencial produtivo do Brasil, tanto quantitativamente como qualitativamente, diante das recentes intempéries climáticas. O vencimento setembro/16, referência de mercado, teve alta acumulada de 2,39%, saindo de 144,10 cents/lb para 147,55 cents/lb.
Nesta sexta-feira (15), no entanto, as cotações futuras do arábica na ICE recuaram mais de 400 pontos em ajustes técnicos, após os vencimentos se aproximarem do patamar de US$ 1,60 por libra-peso na véspera. O que contribuiu bastante para que a alta acumulada da semana reduzisse bastante.
O contrato julho/16 encerrou o pregão de hoje cotado a 145,70 cents/lb, o setembro/16 anotou 147,55 cents/lb, o dezembro/16 registrou 150,50 cents/lb e o março/17, mais distante, fechou o dia a 153,15 cents/lb, ambos com queda de 460 pontos.
Ainda que o mercado tenha realizado ajustes para baixo durante a sessão desta sexta-feira, algumas variáveis altistas ainda dão suporte aos preços externos. Segundo agências internacionais, os operadores estão bastante temerosos em relação à qualidade dos grãos e também com um possível desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado nesta temporada.
"Os preços sugerem que a produção no Brasil e em todos os países produtores de arábica é menor do que a indústria está dizendo. Vários cafés de qualidade inferior estão sendo utilizados para substituir o robusta em misturas para o consumo interno e o real mais forte torna as exportações menos atraentes", explicou o analista da Price Futures Group, Jack Scoville.
De acordo com a Safras & Mercado, com base em levantamento divulgado na quarta-feira, a colheita no Brasil estava em 58% até dia 12 de julho. Considerando a produção de 54,9 milhões de sacas de 60 kg estimada pela consultoria, foram colhidas 31,95 milhões de sacas até o momento. Em relação ao ano passado, quando 56% da safra já estava colhida, os trabalhos estão ligeiramente adiantados.
Segundo o analista de mercado Gil Barabach, da Safras, o clima mais seco favoreceu os trabalhos. "No arábica, segue a discussão em torno do percentual de queda e a perda de qualidade com a chuvas em junho. A ideia gira entre 20% a 30% da safra do Sul de Minas e Mogiana comprometida com o excesso de umidade", afirmou.
De acordo com a World Weather, o clima deverá se alterar moderadamente neste fim de semana nas áreas produtoras de café, com a ocorrência de leves precipitações e queda das temperaturas, mas sem trazer ameaça aos trabalhos de colheita e aos cafezais. A mudança será provocada pela chegada de uma frente fria, que passará pelo cinturão cafeeiro de Paraná, São Paulo e Sul de Minas Gerais. As chuvas, no entanto, não devem superar 6 mm. As informações foram reportadas pelo CNC (Conselho Nacional do Café) em seu boletim semanal.
Já a comercialização da safra 2016/17 também está mais adiantada, segundo a Safras & Mercado. Já foi negociado pelos cafeicultores 31% da produção total estimada no Brasil, ou seja, 17,22 milhões de sacas.
Durante essa semana, o dólar comercial teve queda acumulada de 1,22%. As baixas durante os últimos dias contribuíram para dar suporte aos preços externos do arábica na ICE. Nesta sexta, a moeda estrangeira fechou cotada a R$ 3,2543 com recuo de 0,16% repercutindo os fortes dados econômicos na China e nos Estados Unidos. O dólar menos valorizado ante o real tende desencorajar as exportações da commodity e os preços externos avançam.
Mercado interno
Os negócios com café seguem lentos nas principais praças de comercialização do Brasil mesmo com o avanço da colheita nas principais áreas produtoras. Os cafeicultores aguardam melhores patamares e preferem dedicar maior atenção à colheita.
O Indicador do arábica do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) atingiu durante a semana seu maior valor nominal do ano, a R$ 510,12 a saca de 60 kg. Já o indicador do café robusta registrou recorde nominal da série histórica ontem, fechando a R$ 409,52/saca.
As altas seguem relacionadas à baixa oferta da variedade arábica colhida na safra 2016/17 no Brasil e também às preocupações no que diz respeito às condições da temporada 2017/18. A instituição comunicou que o desenvolvimento nos cafezais segue abaixo do esperado em função do déficit hídrico.
O tipo cereja descascado fechou hoje com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 580,00 – estável. A maior variação no dia dentre as praças ocorreu em Guaxupé (MG) com queda de 1,71% e saca a R$ 575,00.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Varginha (MG) com alta de R$ 10,00 (1,89%), saindo de R$ 530,00 para R$ 540,00 a saca.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 573,00 a saca e recuo de 1,72%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Varginha (MG), que tinha saca cotada a R$ 520,00, mas subiu R$ 10,00 (1,92%) e agora vale R$ 530,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 540,00 a saca e queda de 1,82%,. A maior variação no dia ocorreu em Franca (SP) e Guaxupé (MG) com queda de 1,89%, saca a R$ 520,00 e R$ 518,00, respectivamente.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada no Oeste da Bahia, por lá a saca estava cotada a R$ 482,50 na sexta-feira passada, mas teve valorização de R$ 22,50 (4,66%) e agora está em R$ 505,00.
Na quinta-feira (14), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 510,01 com alta de 0,48%.
Bolsa de Londres
A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fechou em baixa nesta sexta-feira. O contrato julho/16 anotou US$ 1820,00 por tonelada com recuo de US$ 16, o setembro/16 teve US$ 1814,00 por tonelada com queda de US$ 28 e o novembro/16 anotou US$ 1838,00 por tonelada com desvalorização de US$ 22.
Na quinta-feira (14), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 409,52 com alta de 0,21%.