Café: Colheita de robusta está na reta final e preço se aproxima de recorde
A colheita de café robusta da safra 2016/17 está na reta final no Brasil. Segundo indicação de colaboradores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mais de 95% da produção estimada já havia sido colhida até o início desta semana. Enquanto isso, os preços da variedade seguem em alta, atingindo patamares recordes.
Nessa quarta-feira, 13, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta do tipo 6 peneira 13 acima (a retirar no Espírito Santo) fechou a R$ 408,68/saca de 60 kg, o maior valor nominal de toda a série do Cepea, iniciada em 2001 para este produto. Em termos reais, está abaixo apenas das médias mensais de dezembro/11 e de janeiro/12, de R$ 412,95/sc e de R$ 410,67, respectivamente (os valores foram atualizados pelo IGP-DI). Segundo pesquisadores, esse elevado patamar está atrelado à menor produção desta safra no Espírito Santo.
Com a colheita quase finalizada, o mercado já começa a direcionar as atenções à próxima safra de robusta (2017/18). Apesar de a colheita da nova temporada começar somente em abril de 2017, produtores consultados pelo Cepea indicam que os pés de cafés foram muito prejudicados pelo clima seco, sobretudo no Espírito Santo. Além disso, a área também deve ser menor no estado capixaba. Com o corte da irrigação e as altas temperaturas registradas durante todo o verão e parte do outono desta última temporada, muitos produtores acabaram por arrancar ou abandonar as lavouras. Mesmo para aqueles que devem replantar estas lavouras, a colheita iniciaria somente daqui a aproximadamente três anos. Em Rondônia, além dos problemas climáticos, cafeicultores consultados pelo Cepea também se mostram desestimulados com a cultura. Ano a ano, os produtores vêm reduzindo a área plantada, migrando, por exemplo, para a pecuária.
PRODUÇÃO – Em junho, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou que o Brasil deve colher 12,1 milhões de sacas de robusta na safra 2016/17. A maioria dos agentes consultados pelo Cepea, no entanto, não acredita que o País possa produzir esse volume e indica que os números da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) estão mais próximos da realidade. Segundo a Companhia, a safra de robusta deve totalizar aproximadamente 9,4 milhões de sacas, 16% abaixo da temporada anterior. Essa menor produção, inclusive, já vem limitando as exportações da variedade no Brasil, que registram volumes bem inferiores aos da safra anterior.
ARÁBICA – A colheita da variedade avançou sem problemas nos últimos dias, mas as negociações envolvendo o arábica seguem calmas. Colaboradores informaram que produtores têm dado preferência em selecionar os cafés e já separá-los para cumprimento de contratos. Além disso, alguns lotes da temporada 2016/17 que chegam ao mercado para negócio imediato apresentam qualidade inferior. Após as chuvas no início de junho, colaboradores de algumas regiões indicam que cerca de 30% dos grãos caíram dos pés. Com exceção do Cerrado, onde as chuvas foram menos intensas que nas demais regiões, muitos lotes que chegam para prova estão com qualidade inferior e têm sido classificados como bebida rio e bebida dura com xícara riada. Nessa quarta-feira, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 507,58/saca de 60 kg, avanço de 1,43% no acumulado parcial deste mês.