Café: Qualidade da safra do Brasil decepciona e Bolsa de Nova York tem alta acumulada de quase 7% nesta semana

Publicado em 01/07/2016 18:15

Durante toda essa semana, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) oscilaram acompanhando as incertezas em relação ao cenário macroeconômico após a saída do Reino Unido da União Europeia, o câmbio e, principalmente, a frustração dos envolvidos com a qualidade da safra 2016/17 do Brasil. Diante dessas informações, os preços externos subiram cerca de 7%  e deixaram o patamar de US$ 1,40 por libra peso na semana passada e já estão no patamar de US$ 1,50/lb.

Na sessão de hoje, os lotes de arábica com vencimento em julho/16 anotaram 144,85 cents/lb e o setembro/16 registrou 146,40 cents/lb, ambos com 75 pontos de alta. O contrato dezembro/16 fechou a sessão cotado a 149,15 cents/lb com 85 pontos positivos, enquanto o março/17 encerrou o dia a 151,65 cents/lb com 90 pontos de valorização.

As chuvas que atingiram o cinturão produtivo do Brasil nas últimas semanas prejudicaram bastante a colheita da safra 2016/17 e a qualidade dos grãos. Antes dos relatos de problemas na produção, essa temporada era vista pelos operadores como uma das melhores dos últimos anos. "A qualidade da safra tem decepcionado bastante. Porém, o pico da safra está começando agora e isso pode motivar ajustes para baixo. Acredito que a alta está muito pesada para o mercado", explicou ontem (30) o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado.

Diante dessas informações pessimistas sobre a produção nesta temporada, os operadores nas bolsas ficaram temerosos com a possibilidade de um desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado. Os estoques de passagem do Brasil, que poderiam ajudar nessa equação, estão praticamente zerados.

A Safras & Mercado reportou hoje uma revisão para baixo na safra 2016/17 do Brasil repercutindo a queda do robusta, que tem sua colheita quase concluída no país. A produção estava indicada em 56,4 milhões de sacas de 60 kg, mas agora foi estimada em 54,9 milhões de sacas. O arábica continua com 42,8 milhões de sacas. A revisão na produção de robusta foi de 1,5 milhão de sacas a menos, para 12,1 milhões de sacas.

"As lavouras capixabas sentiram bastante a seca e as altas temperaturas do início do ano", explica o analista de mercado da Safras, Gil Carlos Barabach, o que levou a um resultado pior que o esperado. A quebra no Espírito Santo deve girar em torno de 15%. 

» Café: Safras & Mercado reduz estimativa da safra brasileira 2016/17 para 54,9 mi de sacas

Além do cenário fundamental, o financeiro também deu bastante suporte aos preços externos do arábica nesta semana. Acompanhando o bom humor dos mercados globais e a ausência do Banco Central no câmbio, o dólar comercial teve uma semana de consecutivas baixas, chegando ao menor patamar em quase um ano. Com a volta das intervenções do BC, a moeda estrangeira subiu nesta sexta-feira 0,60%, cotada a R$ 3,2328 na venda. As oscilações do dólar impactam diretamente nas exportações do Brasil.

Em todo o mês de junho (22 dias úteis), as exportações brasileiras de café em grão atingiram 2,06 milhões de sacas, com receita de US$ 303,3 milhões. O volume embarcado pelo país e a receita são menores que os registrados no mesmo período do ano passado e maio desse ano.

Apesar da queda nas exportações do Brasil, o impacto da recente queda brusca do dólar só deve ser sentido mesmo nos próximos meses. "Com o dólar mais baixo, sempre há maior dificuldade para se exportar, mas os embarques que estão saindo agora são de muito tempo atrás. Só vamos saber os reflexos dessa queda do dólar nos próximos meses, mas também é preciso levar em conta que os embarques têm recuado nos últimos meses por conta dos baixos estoques", ponderou Eduardo Carvalhaes, do Escritório Caravalhaes, na última quarta-feira (29).

O dólar comercial recuou em junho mais de 10%, o que contribuiu bastante para o avanço das cotações do arábica que tiveram avanço acumulado de quase 20%. O vencimento setembro/16 inicou o mês cotado a 123,45 cents/lb e fechou a 148,30 cents/lb.

A colheita da safra 2016/17 do Brasil teve um avanço maior nos últimos dias com o clima mais seco. Até 28 de junho, segundo a Safras & Mercado, 47% das lavouras do Brasil já haviam sido colhidas. Levando em conta a última estimativa da consultoria de 54,9 milhões de sacas, foram colhidas 25,82 milhões de sacas. Uma evolução de 6% em relação à semana anterior.

» Café: Colheita da safra 2016/17 atinge 47% até 28/06 no Brasil, estima Safras & Mercado

Mapas climáticos mostram que linhas de instabilidade voltam ao cinturão e podem causar chuvas dispersas sobre a Zona da Mata de Minas Gerais, Espírito Santo e Sul da Bahia até a terça-feira da próxima semana.

Mercado interno

Os negócios com café no Brasil seguem lentos. "Grande parte dos produtores está se preparando e reservando os grãos para o cumprimento de contratos com entregas já programadas", reportou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) durante a semana.

No entanto, os produtores que tem cafés finos estão mais propensos a fazer negócios com os preços chegando a mais de R$ 550,00 a saca nas praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas. "Os produtores que conseguiram colher o café cereja descascado, antes das chuvas, o seguram para obter preços melhores", disse Eduardo Carvalhaes.

O tipo cereja descascado fechou hoje commaios valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 568,00 a saca e alta de 2,34%. A maior variação no dia foi registrada em Espírito Santo do Pinhal (SP) com queda de 5,17% e saca a R$ 550,00.

Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Guaxupé (MG) com alta de R$ 23,00 (5,84%), saindo de R$ 545,00 para R$ 568,00 a saca.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 566,00 a saca e avanço de 2m35%. Foi a maior oscilação dentre as praças no dia.

Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Franca (SP), que tinha saca cotada a R$ 520,00, mas subiu R$ 15,00 (2,35%) e agora vale R$ 535,00.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com R$ 525,00 a saca e alta de 0,96%. A maior variação no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com alta de 2,61% e saca a R$ 511,00.

A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada em Guaxupé (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 493,00 na sexta-feira passada, mas teve valorização de R$ 18,00 (3,65%) e agora está em R$ 511,00.

Na quinta-feira (30), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 500,41 com alta de 0,41%.

Bolsa de Londres

A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fechou a sessão desta sexta-feira com alta expressiva. O contrato julho/16 anotou US$ 1700,00 por tonelada e alta de US$ 12, o setembro/16 teve US$ 1744,00 por tonelada com avanço de US$ 27 e o novembro/16 anotou US$ 1757,00 por tonelada com valorização de US$ 26.

Na quinta-feira (30), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 399,25 e alta de 0,42%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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