Cooxupé vê queda na oferta de café de qualidade superior após chuvas

Publicado em 24/06/2016 07:14

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas volumosas em maio e junho derrubaram mais de 30 por cento do café da área dos cooperados da Cooxupé, o que resultará em uma oferta menor de grãos de alta qualidade, afirmou nesta quinta-feira o presidente da maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, Carlos Paulino da Costa.

Segundo ele, a maior quantidade de café caído no solo em relação ao normal deverá reduzir a oferta de grãos arábica de qualidade superior da Cooxupé para entre 60 e 65 por cento, ante 70 a 80 por cento normalmente, o que está sustentando os preços do produto em plena colheita.

"Caiu 22 por cento do café... além dos 10 por cento que caem normalmente. O que vai acontecer? Esse café vai perder qualidade, fica no chão, sofre ataque de microorganismos e vai ter deteriorada a qualidade", disse Costa à Reuters.

O grão que cai é depois varrido e recolhido, mas perde qualidade. Nem todo o grão que não cai se transforma, necessariamente, em um produto de alta qualidade.

Os percentuais sobre a queda do café no solo foram obtidos em pesquisas realizadas em lavouras de cooperados da Cooxupé nas regiões do Cerrado de Minas Gerais, Sul de Minas e São Paulo, que respondem por uma produção de 7 milhões de sacas de 60 kg, ou cerca de 15 por cento da produção nacional (arábica e robusta).

Os números apurados pela Cooxupé estão próximos de uma avaliação feita na semana passada pelo pesquisador Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão do governo do Estado de São Paulo.

Segundo Costa, ainda que os grãos tenham caído no chão em volume maior do que o normal, não há elementos que indiquem mudança expressiva na quantidade de produção. Por isso a cooperativa mantém a expectativa de recebimento de 6 milhões de sacas este ano, ante pouco mais de 5 milhões na temporada passada.

A colheita dos cooperados da Cooxupé está mais avançada este ano, após um tempo muito quente em abril, ressaltou Costa. Até a semana passada, os produtores tinham colhido cerca de 20 por cento da área.

Mesmo com a colheita adiantada, os preços do café estão sustentados, reflexo da menor oferta de produto de alta qualidade, disse Costa.

"O mercado está enxergando que vai ter problema de café de qualidade. Em uma reunião de cooperados eu disse: 'o quanto vai subir (o preço) ninguém consegue adivinhar, mas eu acho que não vai baixar. Agora não tem espaço para cair na colheita'", afirmou ele.

Os problemas ocorrem após um período de déficits globais na oferta de café, após safras ruins no Brasil, o maior produtor e exportador global.

Ele disse ainda que, mesmo o café de qualidade inferior tem mercados no exterior, como Grécia, Turquia, Jordânia, "que bebem café bebida Rio, pelo hábito". O mesmo acontece no mercado interno. Algumas regiões preferem um café mais fraco, por uma questão de paladar, afirmou.

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Fonte: Reuters

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