Café: Sem relatos de geadas representativas no Brasil, Bolsa de Nova York recua mais de 300 pts nesta manhã de 2ª
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) operam com queda de mais de 300 pontos nesta manhã de segunda-feira (13), após fecharem a semana passada com alta acumulada de quase 8% repercutindo as condições climáticas adversas no Brasil.
"Apesar do frio nos últimos dias, não houve relato de geadas em região produtora de café de maneira representativa, nada que venha comprometer a cafeicultura, e o mercado repercute isso", afirma o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães.
Por volta das 09h32, o vencimento julho/16 registrava 133,80 cents/lb com queda de 315 pontos, o setembro/16 anotava 135,75 cents/lb com baixa de 310 pontos. O contrato dezembro/16 tinha 138,25 cents/lb com 300 pontos de desvalorização, enquanto o março/17 anotava 140,70 cents/lb com 290 pontos negativos.
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Veja como fechou o mercado na sexta-feira:
Café: Com chuvas e previsão de geadas no Brasil, Bolsa de NY tem alta acumulada de quase 8% nesta semana
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) teve uma das melhores semanas do ano com investidores atentos às condições climáticas adversas nas principais regiões produtoras do Brasil. O vencimento julho/16, referência de mercado, fechou na sexta-feira passada cotado a 127,10 cents/lb e encerrou o pregão de hoje a 136,95 cents/lb, o que representa uma valorização de 7,75%. As cotações externas atingiram na quarta-feira o maior patamar em um ano.
O vencimento julho/16 encerrou o pregão desta sexta-feira (10) cotado a 136,95 cents/lb e o setembro/16 teve 138,85 cents/lb, ambos com alta de 300 pontos. Já o contrato dezembro/16 fechou a 141,25 cents/lb com 285 pontos de avanço, enquanto o março/17, mais distante, registrou 143,60 cents/lb com valorização de 270 pontos.
Além das chuvas, que têm prejudicado a qualidade dos cafés no cinturão produtivo já há alguns dias, os operadores também passaram a repercutir com força nesta semana a possibilidade de geadas em algumas lavouras de café. De acordo com mapas climáticos da Somar Meteorologia, o frio realmente deve se intensificar nos próximos dias nas áreas produtoras. Espera-se a ocorrência de geadas isoladas em localidades do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Elas podem atingir plantações mais novas e desprotegidas, disse a empresa.
"Por conta dessa massa de ar polar de fortíssima intensidade [que pode favorecer geadas] não há previsão de chuvas para todas as regiões produtoras do Sul, Sudeste e centro-oeste do Brasil durante esses próximos dias, sendo que a frente fria ainda se encontra no litoral baiano onde mantém uma linha de instabilidade sobre o sul do Pará, extremo norte do Mato Grosso e de Goiás, bem como sobre a metade sul da Bahia", afirma o agrometeorologista da Somar, Marco Antonio dos Santos.
O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), inclusive, alertou os produtores paranaenses que a previsão é de que as plantações de café de todo o estado enfrentem geadas já na madrugada deste domingo (12).
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"O mercado continua a ganhar forças com o risco de geada na região cafeeira do Brasil", disse o analista do Rabobank, Carlos Mera, à Dow Jones Newswires. Ele observa que a confirmação dessa condição climática deve ficar mais clara até segunda-feira.
Segundo informações divulgadas pela Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, a colheita entre os cooperados chegou a 9,94% até 3 de junho e chegou a ser interrompida na área da abrangência por conta das intempéries climáticas.
"As chuvas provocam a queda do grão, necessitando de varrição.... (e) alguns cafeicultores conseguem fazer a varrição somente no final da colheita, ou seja, término de agosto. O apodrecimento do grão é uma consequência", informou a Cooxupé, por meio da assessoria de imprensa.
Nesta semana, segundo relatório do CNC (Conselho Nacional do Café), a Superintendência Comercial da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel) comunicou que, em função da ocorrência das precipitações nessa fase de colheita, 50% dos cafés de sua área de atuação se encontram no chão, fato que gerará significativa perda de qualidade e, consequentemente, prejuízo aos cafeicultores.
Para o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, apesar da possibilidade de geadas confirmada pelos principais institutos meteorológicos, elas serão isoladas e sem grandes chances de prejudicar safras futuras.
A Safras reportou na quinta-feira (10) que a colheita de café do Brasil avançou para 26% até o dia 7 de junho. Levando em conta a última estimativa da consultoria para a produção de café do Brasil em 2016/17, de 56,4 milhões de sacas de 60 kg, foram colhidas 14,4 milhões de sacas. Segundo Barabach, as chuvas dos últimos dias interromperam os trabalhos, principalmente no Paraná, São Paulo e no Sul de Minas.
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O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) informou ao CNC que "embora lotes pontuais da colheita apresentassem grãos fermentados, a maior parte dos cafés enviados à prova revelou bons atributos, com percentual de peneiras maior e boa bebida. O quadro abaixo resume as informações levantadas pela instituição nas principais praças".
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Mercado interno
A valorização no mercado externo deu impulso aos preços no Brasil e alguns produtores voltaram às praças de comercialização nesta semana. Praticamente todas as localidades verificadas pelo Notícias Agrícolasesboçaram alta acumulada na semana. "No Cerrado Mineiro, aproveitamos as altas para fixar bastante café para 2017 e 2018, com produtores fixando preços entre R$ 570,00 até R$ 600,00", explica.
Ainda segundo a Safras & Mercado, a comercialização antecipada da safra 2016/17 do Brasil está em 25%. Em abril, as vendas alcançavam 22% da safra. No caso do arábica, as vendas atingem 26% da safra, projetada em 42,80 milhões de sacas. Em março as vendas estavam em 24%.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Guaxupé (MG) com R$ 540,00 a saca e queda de 0,92%. A maior oscilação no dia foi registrada em Poços de Caldas (MG) com baixa de 1,85% e saca a R$ 531,00.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Espírito Santo do Pinhal (SP) com alta de R$ 30,00 (5,66%), saindo de R$ 530,00 para R$ 560,00 a saca.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 540,00 a saca e queda de 0,92%. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com desvalorização de 1,98% e saca a R$ 496,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Varginha (MG), que tinha saca cotada a R$ 490,00, mas subiu R$ 15,00 (3,06%) e agora vale R$ 505,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação em Araguari (MG) com R$ 510,00 a saca e alta de 2,00%. A maior variação no dia ocorreu em Patrocínio (MG) com alta de 4,17% e saca a R$ 500,00.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada em Patrocínio (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 475,00 na sexta-feira passada, mas teve valorização de R$ 25,00 (5,26%) e agora está em R$ 500,00.
Na quinta-feira (9), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 475,46 com queda de 2,61%.
Bolsa de Londres
A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fechou a sessão desta sexta-feira com queda expressiva, em ajustes após as recentes altas. O contrato julho/16 anotou US$ 1643,00 por tonelada e queda de US$ 42, o setembro/16 teve US$ 1674,00 por tonelada com recuo de US$ 40 e o novembro/16 anotou US$ 1687,00 por tonelada com desvalorização de US$ 43.
Na quinta-feira (9), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 390,16 com alta de 0,16%.