Café: Com possibilidade de geada no Brasil, Bolsa de Nova York sobe quase 700 pts nesta 4ª feira
Nesta quarta-feira (8), as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) voltaram a fechar com ganhos expressivos – quase 700 pontos – ainda repercutindo, principalmente, as adversidades climáticas no Brasil. Uma massa de ar polar chega às áreas produtoras nos próximos dias. Essa já é a sétima sessão consecutiva de ganhos no mercado e o maior nível de fechamento em um ano. Com isso, os principais vencimentos estão próximos do patamar de US$ 1,40 por libra-peso.
O vencimento julho/16 registrou na sessão de hoje 139,10 cents/lb com alta de 690 pontos, o setembro/16 teve 141,10 cents/lb com avanço de 695 pontos. Já o contrato dezembro/16 fechou o dia com 143,45 cents/lb com 665 pontos positivos e o março/17, mais distante, anotou 145,85 cents/lb com 650 pontos de valorização.
O mercado tem repercutido há alguns dias o cenário climático brasileiro, que registrou volumes expressivos de chuvas, além de uma massa de ar polar prevista para os próximos dias chegando ao cinturão produtivo.
No entanto, apesar da preocupação com o risco de geadas, as últimas informações apontam que das regiões produtoras apenas o oeste do Paraná foi atingido, mas fraca intensidade. Dados da Somar Meteorologia apontam que nos próximos dias não há risco de geadas, apenas para a região norte do estado paranaense, podendo atingir temperaturas de 2°C e 4°C em Apucarana, Londrina e Ibaiti.
O agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antonio dos Santos, aponta que as chuvas devem reduzir nos próximos dias. “Somente em meados da semana que vem é que as chuvas irão retornar ao Sul do País, por conta do enfraquecimento da massa de ar polar. As chuvas permanecerão mais concentradas sobre a região Sul, o que é normal para essa época do ano”, explica.
Além das questões climáticas, para o analista do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, o mercado não consegue mensurar o tamanho dos estoques brasileiros pela dificuldade de informações oficiais e isso também acaba influenciando as cotações. Com dados recordes de exportações em 2014 e 2015, consumo interno positivo e com resultados abaixo do esperado na safra anterior, investidores entendem que não há mais oferta disponível.
“Esperava-se que a colheita fosse antecipada, o que acabou não acontecendo devido as chuvas que seguem atrapalhando o andamento e que deve impedir que cafés novos cheguem ao mercado nas próximas semanas”, explica Carvalhaes.
Com essas adversidades climáticas, a maior preocupação fica por conta da qualidade do café. Segundo informações divulgadas pela Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, a colheita entre os cooperados chegou a 9,94% até 3 de junho e chegou a ser interrompida na área da abrangência.
"As chuvas provocam a queda do grão, necessitando de varrição.... (e) alguns cafeicultores conseguem fazer a varrição somente no final da colheita, ou seja, término de agosto. O apodrecimento do grão é uma consequência", informou a Cooxupé, por meio da assessoria de imprensa.
Já o levantamento da Safras & Mercado divulgado na última semana, aponta que até o dia 1º de junho a colheita atingia 21% do total estimado. O analista da consultoria, Gil Carlos Barabach, explica que as chuvas atrapalharam o ritmo dos trabalhos no Paraná, Minas Gerais e São Paulo. "Embora o resultado ainda seja bem positivo, principalmente em relação ao tamanho do grão, o excesso de umidade preocupa, pois pode prejudicar a qualidade da bebida. Mas, no geral, o quadro ainda é favorável", diz o analista.
Outro fator que também dá suporte ao mercado é o cambio. O dólar chegou a recuar quase 1,5% nesta quarta-feira a caia ficando ao redor de R$ 3,399. A moeda estrangeira menos valorizada desencoraja as exportações da commodity. Segundo a agência de notícias Reuters, este é o menor patamar em quase um ano, refletindo a aposta do mercado de que o Banco Central deve intervir menos no câmbio, além do cenário internacional favorável.
Mercado interno
Diante do atual cenário no mercado externo, os negócios no mercado físico brasileiro ganharam ritmo e os preços em algumas praças registraram valorização – em algumas localidades estão próximos de 500,00 a saca. Ainda assim, os cafeicultores seguem atentos a colheita diante das chuvas nas principais áreas produtoras. "Para quem está iniciando a colheita, este é um bom momento para fazer negócios. Neste cenário, não acredito que os preços fiquem muito acima de R$ 480,00 a saca", explicou na última sexta-feira o analista da Origem Corretora, Anilton Machado.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje nas cidades de Guaxupé (MG) e Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 560,00 a saca, altas de 2,00% e 3,70%, respectivamente. Espírito Santo do Pinhal (SP) teve a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 560,00 a saca e avanço de 2,38%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com avanço de 3,64% e saca cotada a R$ 512,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação nas cidades de Guaxupé (MG) com R$ 508,00 a saca e alta de 2,21%. Poços de Caldas MG) teve a maior oscilação dentre as praças no dia com alta de 3,29% e saca a R$ 502,00.
Na terça-feira (7), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 480,08 com alta de 0,61%.