Café: Bolsa de Nova York dispara pela segunda sessão consecutiva com chuvas no Brasil e fecha acima de US$ 1,30/lb

Publicado em 06/06/2016 17:30

As cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) tiveram mais um dia de forte alta nesta segunda-feira (6) repercutindo, principalmente, as incertezas em relação à colheita da safra 2016/17 do Brasil, que está paralisada em muitas áreas produtoras por conta das recentes chuvas. O mercado já registra a quinta sessão consecutiva – a segunda acima de 400 pontos – de valorização e, com isso, os futuros voltaram ao patamar de US$ 1,30 por libra-peso.

O vencimento julho/16 fechou o dia cotado a 131,70 cents/lb com 460 pontos de alta, o setembro/16 registrou 133,35 cents/lb com 450 pontos de avanço. Já o contrato dezembro/16 encerrou o dia com 136,20 cents/lb e 465 pontos, enquanto o março/17 teve 138,70 cents/lb com 450 pontos positivos.

"Com a colheita brasileira avançando para quase 25%, as chuvas que tem caído nos cafezais e terreiros nos últimos dias, juntamente com o prognóstico de o tempo permanecer úmido na próxima semana forçou os baixistas a desmancharem suas apostas. Os produtores receosos de uma piora de qualidade e não encontrando preços 'atrativos' no mercado doméstico acabam dosando as vendas e, portanto provendo pouca resistência às cotações", reportou em seu relatório semanal o diretor de commodities do Banco Société Générale, Rodrigo Costa.

Na semana passada, as cotações do arábica na ICE tiveram valorização acumulada de quase 5% também reagindo às condições climáticas no Brasil.

As chuvas recentes nas principais áreas produtoras de café, principalmente, na Alta Mogiana, Sul de Minas Gerais e São Paulo, têm causado diversos prejuízos para os cafeicultores. Além de impedir a colheita da safra 2016/17, antes vista com otimismo pelos operadores, as precipitações também atrapalham a secagem dos grãos já colhidos no terreiro.

» Café: Com chuvas, colheita da safra 2016/17 é paralisada e qualidade dos grãos está prejudicada; veja fotos

"Temos muitos grãos que foram colhidos e estão no terreiro e não têm condições de ir para o secador. Esse café já está sendo comprometido, é um café 'chuvado'. E o café que caiu no chão irá atrasar a colheita, os produtores terão que salvar o grão para depois dar continuidade aos trabalhos de colheita. Isso sem contar que, temos muitos grãos que estão no pé rachando e é perigoso entrar fungo e comprometer a bebida", destacou em entrevista ao Notícias Agrícolas o presidente do Sindicato Rural de São Sebastião do Paraíso (MG), Antônio Jacinto Caetano.

De acordo com mapas climáticos da Somar Meteorologia, uma frente fria avança pelo Sudeste nesta semana levando chuva forte, de até 120 milímetros, à Baixa Mogiana, Sul e Zona da Mata de Minas Gerais e Espírito Santo. Há risco de chuvas de granizo em áreas de café.

Além das questões fundamentais, o mercado também teve nesta segunda-feira suporte do câmbio, que acaba impactando nas exportações da commodity brasileira. O dólar comercial encerrou o dia com queda de 0,98%, cotado a 3,4905 na venda com operadores apostando que o Fed (Federal Reserve), Banco Central dos Estados Unidos, demorará para elevar os juros. Com o dólar mais baixo, os embarques tendem a recuar, mas os preços esboçam reação.

Na primeira semana de junho (3 dias úteis), os embarques de café em grão do Brasil totalizaram 282,4 mil sacas de 60 kg, com receita de US$ 40,8 milhões. Em todo o mês de maio, as exportações do grão registraram 2,17 milhões de sacas, com receita de US$ 314,6 milhões. Comparando com os embarques de abril, que foram de 2,23 milhões, com o do mês passado, houve uma queda de 2,69% no volume exportado e recuo de 3,35% na receita.

Mercado interno

Com a valorização externa, os negócios voltaram a ficar mais aquecidos no mercado interno brasileiro na última semana. Ainda assim, os cafeicultores seguem atentos a colheita diante das chuvas nas principais áreas produtoras. "Para quem está iniciando a colheita, este é um bom momento para fazer negócios. Neste cenário, não acredito que os preços fiquem muito acima de R$ 480,00 a saca", explicou na última sexta-feira o analista da Origem Corretora, Anilton Machado.

O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Guaxupé (MG) com R$ 552,00 a saca e alta de 2,22%. A maior oscilação no dia foi registrada em Varginha (MG) com queda de 2,97% e saca a R$ 520,00.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 550,00 a saca e avanço de 2,23%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com avanço de 2,26% e saca cotada a R$ 497,00.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação em Araguari (MG) com R$ 510,00 a saca e alta de 2,00%. A maior oscilação no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com avanço de 2,46% e saca cotada a R$ 500,00.

Na sexta-feira (3), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 467,25 com alta de 1,42%.

Bolsa de Londres

A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, seguiu Nova York nesta segunda-feira e também fechou com forte alta. O contrato julho/16 registrou US$ 1664,00 por tonelada com alta de US$ 23, o setembro/16 teve US$ 1690,00 por tonelada e avanço de US$ 22, enquanto o novembro/16 anotou US$ 1702,00 por tonelada e valorização de US$ 20.

Na sexta-feira (3), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 387,42 com queda de 0,13%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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