FAEMG critica nova liberação para café peruano e preço mínimo "irreal"
Em pleno início de colheita do café em diversas regiões do Brasil, a semana está sendo de muita apreensão e indignação com os rumos da política econômica voltada ao setor.
Nessa terça (10/5), o Ministério da Agricultura voltou a autorizar as importações de grãos verdes de café provenientes do Peru. A medida já havia sido tomada no ano passado, tendo sido suspensa alguns dias depois, após comprovação técnica dos riscos fitossanitários à produção nacional.
Segundo o presidente das Comissões de Cafeicultura da FAEMG e da CNA, Breno Mesquita, a liberação ignora uma série de documentos técnicos apresentados pelo setor produtivo, entidades de pesquisa e de representação, que comprovam a existência, naquele país, de pragas exóticas e potencialmente nocivas não apenas ao café, como também a outras culturas agrícolas no Brasil: “Estranhamos muito o retrocesso desta decisão, sem ouvir o setor ou analisar os danos que pode trazer a milhares de cafeicultores em nosso país”.
Ele afirmou ainda que deve se reunir nesta quinta-feira (12), em Brasília, com o secretário de Defesa Agropecuária do MAPA, Luís Rangel para buscar reverter, mais uma vez, a liberação.
Preço Mínimo
Outra medida governamental que desagradou o setor foi o anúncio ontem (10) do novo preço mínimo do produto, fixado muito abaixo do esperado. O valor, que não era reajustado desde 2013, passou de R$ 307 para R$ 330,25 para o arábica e de R$ 193,54 para R$ 208,19 no caso do conilon. O aumento de 7,57% , inferior à inflação do período, foi considerado irreal: “Sendo o preço mínimo um parâmetro para todas as políticas públicas que se desenham para o café, é uma irresponsabilidade definir um valor tão fora da realidade e que só prejudicará ainda mais o produtor”, afirmou Breno Mesquita. Segundo ele, a média ponderada do custo brasileiro de produção de uma saca de café é superior a R$ 430, conforme acompanhamento do Projeto Campo Futuro, da CNA.
“Entendo que, com o início da colheita na maior parte das regiões brasileiras, o Governo deveria estar preocupado em agilizar a liberação dos recursos do Funcafé e garantir renda aos produtores e o bom ordenamento do escoamento desta safra, que será de ciclo alto, ao invés de criar medidas ainda mais nocivas ao desenvolvimento de uma das atividades mais importantes para a economia do país. Todas essas ações que estamos acompanhando esta semana só põem em risco uma cafeicultura dinâmica e, sobretudo, exercida de forma sustentável no país”, criticou Breno Mesquita.