Café: Bolsa de Nova York recua quase 200 pts com pressão do financeiro e otimismo com safra 2016/17 do Brasil

Publicado em 02/05/2016 17:45

Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta segunda-feira (2) com queda de quase 200 pontos e voltaram a ficar abaixo do patamar de US$ 1,20 por libra-peso. O mercado repercutiu o otimismo em relação à safra do Brasil e, principalmente, o financeiro com o Banco Central voltando a atuar no câmbio – que impacta diretamente as exportações.

O vencimento maio/16 fechou a sessão cotado a 119,10 cents/lb com queda de 175 pontos. O julho/16 teve 119,85 cents/lb e o setembro/16 registrou 121,70 cents/lb, ambos com recuo de 165 pontos. Já o contrato dezembro/16, mais distante, registrou 124,00 cents/lb com baixa de 175 pontos.

O mercado do arábica iniciou a sessão desta segunda-feira com leve alta, estendendo os ganhos da véspera. No entanto, já no início da tarde, os preços passaram a operar do lado vermelho da tabela acompanhando, principalmente, o câmbio. O dólar comercial subiu quase 1,5%, após o governo elevar para 1,1% o IOF para a compra de moedas estrangeiras em espécie.

A moeda norte-americana fechou o dia com cotada a 3,4900 na venda com alta de 1,45%. O dólar mais alto em relação ao real acaba dando maior competitividade às exportações da commodity brasileira, mas pressiona os preços externos. Na sessão anterior, a divisa estrangeira registrou R$ 3,44, menor nível em nove meses.

Em seu comentário semanal, o diretor de commodities do Banco Société Générale, Rodrigo Costa, afirmou que a desvalorização do dólar poderia ser um ponto positivo para as cotações do arábica. No entanto, as atuações do BC mexeram com o mercado. "Talvez [desvalorização da moeda esntrangeira] contribuiria para um respiro de Nova York para eventualmente buscar os US$ 130,00 cents/lb, basicamente se mantendo dentro do mesmo intervalo de preços que vimos durante o mês de abril", afirmou.

Em todo o mês de abril (20 dias úteis), as exportações de café em grão do Brasil totalizaram 2,23 milhões de sacas, com receita total de US$ 325,5 milhões. O volume é 19,49% mais baixo que o registrado em março, quando foram embarcadas 2,77 milhões de sacas do grão pelo Brasil, com receita de US$ 405,9 milhões. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Informações de agências internacionais também dão conta que os investidores no terminal norte-americano seguem otimistas em relação ao potencial produtivo do Brasil, com o início da colheita surpreendendo. "A colheita de arábica no Brasil começou bem e está atendendo às expectativas", disse um corretor de Londres na quinta-feira (28) à agência de notícias Reuters.

A Safras & Mercado, importante consultoria brasileira, divulgou recentemente que a safra de café 2016/17, que está em começo de colheita, deve ficar em 56,4 milhões de sacas de 60 kg. "Apesar da safra grande, deve ser um ano para recuperação dos estoques apenas. O forte fluxo externo em 2015/16 e as quebras de safras anteriores acabaram esvaziando os armazéns por aqui", indica. "E, considerando, um consumo interno de 21 milhões e as exportações de 36 milhões dos últimos anos, não deve sobrar muito café mesmo", adverte o Gil Carlos Barabach, analista da Safras.

» Café: Safras & Mercado aponta produção 2016/17 do Brasil em 56,4 milhões de sacas

Mercado interno

Diante da instabilidade nos preços externos, os produtores de café do Brasil seguem distantes das praças de comercialização e devem continuar assim até pelo menos a chegada mais ativa da nova safra ao mercado. Mesmo com a retração vendedora dos últimos dias, os preços internos despescaram na semana passada.

Segundo o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, o clima também chama a atenção do mercado. "O clima voltou a ficar seco e sem previsão de chuva para os próximos 7 a 10 dias no cinturão produtivo do Sudeste do Brasil". Esse cenário contribui para a colheita do arábica, por outro lado, pode prejudicar a qualidade do robusta. "A situação no Espírito Santo e Sul da Bahia não é fácil, comprovando e validando a teoria de uma safra complexa tanto de qualidade quanto de volume", explica.

O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Poços de Caldas (MG) com R$ 519,00 a saca e queda de 0,38%. A maior oscilação no dia dentre as praças foi registrada em Varginha (MG) com queda de 4,85% e saca a R$ 490,00.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 500,00 a saca – estável. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Varginha (MG) com saca a R$ 475,00 e queda de 4,04%.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 510,00 a saca e alta de 4,08%, uma das maiores oscilações no dia.

Na sexta-feira (29), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 450,15 com queda de 0,80%.

Bolsa de Londres

A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta não abriu hoje por conta do feriado "May Day". Os trabalhos voltam ao normal nesta terça-feira (3).

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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