Café: Com pressão do câmbio e seguindo outros mercados, Bolsa de Nova York perde patamar de US$ 1,30/lb
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) perderam nesta última semana mais de 3% no vencimento maio/16. Com o avanço do dólar em relação ao real, que acaba impactando nas exportações, e a queda de mais de 2% do petróleo, praticamente todas as commodities agrícolas registram preços mais baixos nesta sexta-feira (24). Além disso, indicadores técnicos e as incertezas em relação ao potencial produtivo das principais origens produtoras também movimentam o mercado.
Após avançar quase 8% na semana passada, as cotações futuras do café arábica no terminal externo perderam o patamar de US$ 1,30/lb nestes últimos dias e, alguns contratos, inclusive, já estão próximas de voltar a US$ 1,20/lb. Tecnicamente, após o mercado perder forças ao tentar avançar acima US$ 1,35/lb, ainda podem ocorrer correções para baixo, segundo agências internacionais.
Os lotes com vencimento para maio/16 fecharam a sessão de hoje cotados a 127,55 cents/lb com queda de 355 pontos, o julho/16 teve 129,50 cents/lb com baixa de 350 pontos. Já o contrato setembro/16 registrou 131,25 cents/lb com 340 pontos de desvalorização, enquanto o dezembro/16 encerrou o dia cotado a 133,05 cents/lb e 330 pontos negativos.
Reagindo às ações do Banco Central em meio ao cenário político conturbado no Brasil e acompanhando o movimento dos mercados externos, o dólar comercial voltou a se aproximar de R$ 3,70. No final dos trabalhos, a divisa americana acabou reduzindo os ganhos e fechou a 3,6812 reais na venda com alta de 0,12%. O dólar mais valorizado em relação ao real dá maior competitividade às exportações da commodity e com isso os preços no terminal externo recuam.
Para o analista da Maros Corretora, Marcus Magalhães, com o feriado "Good Friday" amanhã (25), nos Estados Unidos, um esvaziamento no mercado é inevitável.
Outro fator que também acaba pressionando os preços, segundo analistas, é a queda do petróleo. O ativo chegou a cair mais de 2% pela manhã na Bolsa de Nova York e já está abaixo de US$ 40 o barril. Isso acaba puxando perdas em praticamente todas as commodities agrícolas.
Nos primeiros dias dessa semana, após a forte valorização nos últimos dias, tradings chegaram a estimar preços mais elevados no mercado devido aos prejuízos causados pelo El Niño nas safras da Colômbia, Vietnã e alguns países do Sudeste Asiático.
"Isso faz com que um déficit no mercado de café seja cada vez mais provável não só na atual temporada, mas também na próxima por causa dos danos causado às lavouras", reportou o Commerzbank em nota à Reuters.
Mesmo com a safra 2016/17 de café do Brasil mais alta em relação aos anos anteriores, a demanda global pode ultrapassar em até quatro milhões de sacas a produção estimam as tradings. Além disso, os estoques de café do País são os mais baixos da história. Estimativas privadas e estrangeiras apontam a produção brasileira nesta temporada em cerca de 50 milhões de sacas.
Mercado interno
Nas praças de comercialização do Brasil os negócios com café seguem lentos e a proximidade da Páscoa acaba contribuindo para que ainda menos transações sejam feitas. Nesta sexta-feira (25) é feriado de "Sexta-feira Santa" e poucas praças de comercialização devem trabalhar.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Varginha (MG) com R$ 570,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 2,71% e saca a R$ 539,00.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 553,00 a saca e recuo de 2,73%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Varginha (MG) com R$ 525,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Patrocínio (MG) com queda de 2,04% e saca cotada a R$ 480,00.
Na quarta-feira (23), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 495,81 com queda de 1,89%.
Bolsa de Londres
As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fecharam em baixa nesta quinta-feira, seguindo Nova York. O contrato março/16 registrou US$ 1480,00 por tonelada – estável, o maio/16 teve US$ 1492,00 por tonelada e recuo de US$ 23, enquanto o julho/16 anotou US$ 1524,00 por tonelada e desvalorização de US$ 22.
Na quarta-feira (23), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 361,37 com alta de 0,44%.