Café: Bolsa de Nova York corrige ganhos das últimas sessões e fecha com leve baixa nesta 5ª feira

Publicado em 10/03/2016 17:49

Os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam com leve baixa nesta quinta-feira (10), após oscilarem dos dois lados da tabela. O mercado realizou ajustes após se aproximar de US$ 1,25 por libra-peso e perdeu parte dos ganhos de ontem. Analistas têm relatado que as cotações não tem força para avançar acima deste patamar diante do atual cenário técnico e até mesmo fundamental.

O vencimento março/16 encerrou a sessão de hoje cotado a 120,60 cents/lb com baixa de 25 pontos. O maio/16 teve 122,15 cents/lb e o julho/16 registrou 124,05 cents/lb, ambos com queda de 20 pontos. Já o contrato setembro/16 anotou 125,80 cents/lb com desvalorização de 25 pontos.

Mesmo diante de importantes divulgações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e dados de exportação do CeCafé, as cotações na ICE não esboçaram grandes oscilações e continuam sem direcionamento definido. Para o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, "o grande divisor de águas será a chegada da safra nova e com ela a realidade dos números e qualidade tanto do arábica como do conilon".

De acordo com o analista de mercado João Santaella, "as cotações do arábica devem continuar oscilando entre US$ 1,15 e US$ 1,25 por libra-peso. Somente rompendo a barreira de US$ 1,25/lb é que podemos ver alguma reação mais expressiva", afirma.

O CeCafé divulgou nesta quinta-feira (10) seus dados de exportação do mês de fevereiro. Em termos de volume, foi registrado um incremento de 1,5% na comparação com o mesmo mês de 2015 e de 0,8% em relação a janeiro de 2016, mantendo uma média de exportação para o período de 2,8 milhões de sacas nos últimos três anos. O destaque para esse desempenho vem da comercialização do café arábica e do solúvel, que cresceram, respectivamente, 9,3% e 7,8%.

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Analistas afirmam que esses dados de exportação, acima do registrado em 2015, acabam dando ao mercado uma sensação de que o País ainda tem bastante café em estoque e os preços tendem a recuar. Especialistas relatam que o Brasil deve chegar ao final de março com o menor estoque de passagem da história.

Na sessão anterior, a estimativa do Rabobank para a safra 2016/17 do Brasil, abaixo das expectativas do mercado, até movimentou os operadores e acabou dando um gás às cotações que estavam oscilando apenas com o câmbio e indicadores técnicos.

Após visitas em fazendas do Brasil, o banco especializado em commodities reduziu para 51,8 milhões de sacas a produção nesta safra. Levando em conta seis estimativas da indústria, desde o início do ano, a previsão para esta temporada tem média de 53 milhões de sacas, com números entre 49,1 a 55,5 milhões de sacas.

"É bastante provável que isso resulte em um aumento na nossa previsão de preço [...] impedindo qualquer nova depreciação do real", disse o Rabobank em relatório.

A produção da variedade arábica foi estimada em 39,2 milhões sacas, com um salto de até 6,5 milhões de sacas e a de robusta em 12,6 milhões de sacas, o que representaria uma queda de 3,9 milhões de sacas em relação à temporada passada.

Já o IBGE estimou hoje a safra brasileira de café em 49,7 milhões de sacas. A produção de arábica foi calculada em 38,9 milhões de sacas com crescimento de 1,4% frente ao mês anterior. O clima mais favorável, com ocorrência de maiores quantidades de chuvas no início desse ano, nas principais áreas de produção de Minas Gerais e São Paulo, repercutiram na reavaliação do rendimento médio, que em fevereiro aumentou 1,6% frente ao mês anterior.

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Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP), a safra 2016/17 do Brasil, maior produtor e exportador do mundo, tem apresentado desenvolvimento regular nas principais áreas produtoras devido às condições climáticas mais favoráveis nesta temporada e em algumas regiões pode até ser antecipada.

Mercado interno

Os negócios no mercado físico seguem lentos com a proximidade da nova safra e os preços aquém das expectativas da maioria dos cafeicultores. Segundo o Cepea, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6, peneira 13 acima, caiu quase R$ 50,00 a saca em um mês. Com isso, os compradores estão mais atentos uma vez que essa situação leva os torrefadoras nacionais a aumentarem a parcela de arábica na elaboração dos blends. Além disso, agentes também indicam que a maior oferta de arábica a partir de meados do ano pode influenciar novas quedas do robusta.

O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 550,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 3,36% e saca cotada a R$ 518,00.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 532,00 a saca e queda de 1,12%. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com baixa de 1,22% e saca valendo R$ 486,00.

O tipo 6 duro teve maior valor de negociação em Varginha (MG) com R$ 510,00 a saca e recuo de 0,39%. A maior oscilação no dia foi em Espírito Santo do Pinhal (SP) com desvalorização de 2,00% e R$ 490,00 a saca.

Na quarta-feira (9), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 486,83 com alta de 0,76%.

Bolsa de Londres

As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fecharam com forte baixa nesta quinta-feira. O contrato março/16 fechou cotado a US$ 1393,00 por tonelada - estável, o maio/16 teve US$ 1404,00 por tonelada e recuo de US$ 16, enquanto o julho/16 anotou US$ 1432,00 por tonelada e desvalorização de US$ 17.

Na quarta-feira (9), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 354,57 com recuo de 0,76%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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