Café: Bolsa de NY despenca cerca de 600 pts nesta 6ª feira; previsão de chuva para próxima semana pode atrapalhar colheita
Nesta sexta-feira (21), as cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam com queda próxima de 600 pontos nos principais vencimentos e perderam o patamar de US$ 1,30 por libra-peso. O contrato setembro/15 encerrou o pregão cotado a 122,30 cents/lb, uma queda de 11,05% em relação a sexta-feira passada quando registrou 137,50 cents/lb. Fatores mais técnicos do que fundamentais pressionaram os futuros. Essa foi a terceira sessão consecutiva de baixa no mercado.
O contrato dezembro/15 encerrou o pregão com 126,45 cents/lb e 600 pontos de baixa, o março/16 teve 130,00 cents/lb e 595 pontos negativos, já o vencimento maio/16 registrou 132,20 cents/lb com desvalorização de 590 pontos.
Para o analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, a valorização do dólar ante outras moedas e fatores técnicos pressionaram as cotações. "Na semana passada o mercado estava focando mais em fundamentos. Entretanto, esse ajuste do dólar em relação às moedas do Brasil, Vietnã e Colômbia acabou pesando. A alta do dólar sempre joga contra as commodities", explica o analista.
Ainda de acordo com Barabach, a previsão de chuva para a próxima semana foi outro fator baixista no mercado.
De acordo com informações reportadas pela Reuters com base em seu serviço de meteorologia Agriculture Weather Dashboard, novas frentes frias irão avançar pelo Sul e Sudeste ao longo da semana que vem, o que poderia atrapalhar ou até inviabilizar a etapa final da colheita de café. Entretanto, favoreceria a florada antecipada.
O Weather Dashboard aponta chuvas no sul e sudoeste de Minas Gerais, uma das principais regiões do cinturão cafeeiro do país, de cerca de 40 milímetros na semana.
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Segundo Barabach e outros analistas ouvidos ao longo da semana pelo Notícias Agrícolas, apesar das cotações no terminal norte-americano manterem o tom baixista, as dúvidas em relação ao potencial produtivo do Brasil nesta safra ainda continuam.
Entidades brasileiras estimam colheita de cerca de 40 milhões de sacas de 60kg. Entretanto, levantamentos estrangeiros apontam produção na casa de 50 milhões de sacas.
"Na semana passada os operadores repercutiram em parte a questão da safra brasileira e enxugaram as carteiras vendidas em proteção. Mas eles ainda não assimilaram esse aspecto em sua plenitude", afirma Barabach.
Nesta última quinta-feira, a Safras & Mercado indicou em 84%, até o dia 19 de agosto, a colheita da safra 2015/16 de café do Brasil. Os trabalhos estão atrasados em relação ao mesmo período do ano passado, quando 93% da safra 2014/15 estava colhida, e está também atrás da média dos últimos 5 anos, que para este período marca 89%. Houve avanço de 5 pontos percentuais em relação à semana anterior.
A companhia estima a produção do país nesta temporada em 50,4 milhões de sacas de 60 kg, tomando por base esse dado, já foram colhidas 42,41 milhões de sacas (84%).
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Mercado interno
Segundo informações reportadas pelo Cepea na quinta-feira (20), os preços do arábica estão firmes ou registram alta nas praças de comercialização. Entretanto, com a forte queda de Nova York hoje, houve uma correção nos patamares.
No geral, em média, os melhores tipos são negociados por R$ 500,00 a saca ou pouco mais que isso. Na semana passada, em algumas localidades, houve negócios até por R$ 600,00 a saca.
"Produtores consultados têm se motivado a negociar, o que eleva a liquidez em muitas praças – até o final de julho, diferentemente, o mercado estava bastante lento", disse o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada em nota.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação na cidade de Espírito Santo do Pinhal-SP com saca cotada a R$ 570,00 - estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Guaxupé-MG, onde a saca caiu 2,78%, para R$ 525,00 a saca.
Da sexta-feira passada para esta, a cidade que registrou maior desvalorização foi Guaxupé-MG com R$ 57,00 (9,79%), saindo de R$ 582,00 para R$ 525,00 a saca.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Guaxupé-MG com R$ 540,00 a saca - estável. Não houve variação no dia nas outras praças.
Na semana passada, a saca do tipo estava cotada a R$ 572,00 na cidade de Guaxupé-MG, mas recuou R$ 32,00 (5,59%) e agora vale R$ 540,00. Foi a maior queda da semana.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Varginha-MG com R$ 500,00 a saca - estável. A maior variação no dia foi registrada na cidade de Patrocínio-MG com saca cotada a R$ 490,00 e alta de 4,26%.
Na sexta-feira da semana anterior, a saca na cidade de Guaxupé-MG estava cotada a R$ 524,00, mas caiu R$ 42,00 (8,02%) e agora está em R$ 482,00. Foi a maior desvalorização da semana.
Na quinta-feira (20), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 registrou desvalorização de 0,52% e a saca de 60 kg está cotada a R$ 461,87.
Bolsa de Londres
As cotações do café robusta na ICE Futures Europe fecharam com forte queda nesta sexta, seguindo Nova York. O contrato setembro/15 está cotado a US$ 1641,00 por tonelada com queda de US$ 28, o novembro/15 teve US$ 1669,00 com desvalorização de US$ 14. O vencimento janeiro/16 anotou US$ 1683,00 por tonelada com US$ 15 de baixa.