Cafeicultores cobram explicações do governo sobre a autorização para importação de café do Peru e questionam manutenção do preço mínimo

Publicado em 13/05/2015 14:07
Cafeicultores cobram explicações do governo sobre a autorização para importação de café do Peru e questionam manutenção do preço mínimo
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, liberou a importação de café produzido no Peru. A decisão foi aprovada pela indústria, mas causou conflitos no setor produtivo do grão.
 
Para Arnaldo Bottrel, presidente da ASSUL - Associação dos Produtores Rurais do Sul de Minas, os produtores de café estão tentando encontrar justificativas para a decisão da ministra da agricultura, Kátia Abreu.
 
“O nosso país é o maior produtor de café do mundo. Além disso, a previsão dessa safra é de 43 milhões de sacas, suficientes para suprir o mercado interno e externo. Ao contrário, o Peru não tem a produção suficiente para ambos os mercados. As leis sociais, empregatícias e trabalhistas do Peru são inferiores às leis do Brasil”, relata o presidente.
 
Diante desse cenário, a preocupação é inerente ao produtor. A cafeicultura no Brasil emprega cerca de 6 milhões de pessoas. Para Bottrel, “essa ação pode desestimular o produtor rural”.
 
Segundo o Ministério da Agricultura, o argumento para aprovação da importação de café no Peru é devido à aprovação da análise de riscos e pragas, uma vez que no Peru o produto não teria o risco de contaminação como o da produção no Brasil.
 
O presidente rebate. “Isso é uma concorrência desleal. É uma situação antiga já colocada, importante para que se faça barreira em se adquirir produtos de outros países, mas nem sabemos se de fato, foi bem analisado. O Setor de produção não tomou conhecimento. Dentro da cadeia do café, todos deveriam saber sobre essa decisão”.
 
Da mesma forma, existem muitas dúvidas quanto ao volume a ser exportado, bem como o preço do café. “O Conselho Nacional do Café, já enviou um ofício à ministra Kátia Abreu, informando que não concordamos com essa decisão. Caso não haja uma solução, vamos ter que nos juntar e marchar até Brasília para reivindicar nossos direitos” explica o presidente.
 
Preço mínimo do café
 
Enquanto isso, o Conselho Monetário Nacional, aprovou um pedido do governo para manter o preço mínimo do café em R$ 307,00 a saca.
 
Para o presidente da ASSUL, essa foi mais uma decisão errada. “Como que eles conseguiram chegar nesse número? Qual é a justificativa? A incoerência é grande, porque o preço mínimo do café arábico foi mantido, porém o café canillon subiu. Como que sobe um tipo de café e não aumenta o outro”?
 
No entanto, o preço mínimo do café serve para orientar uma política de comercialização do grão, sinalizando para quem compra o café brasileiro. “Isso mostra o quanto a política do setor está falha”, desabafa o presidente.

 

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Por: Aleksander Horta//Nandra Bites

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