Café é a segunda bebida mais consumida no Brasil

Publicado em 20/03/2015 11:05
Investimentos na pesquisa agronômica, melhoria da produção, beneficiamento e industrialização do café permitiram a evolução do consumo interno

O cafezinho é preferência nacional! A bebida é a segunda mais consumida no País, perdendo apenas para a água. E a estimativa é de que este consumo cresça ainda mais, não somente no Brasil como no mundo todo. Em terras brasileiras, essa tendência está comprovada: o brasileiro está consumindo mais café. Essa foi a conclusão de uma pesquisa patrocinada pela Associação Brasileira da Indústria de Café – Abic, parceria do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, realizada no período de novembro de 2013 a outubro de 2014.

No período pesquisado, o consumo interno de café beneficiado no Brasil passou de 20,085 milhões de sacas de 60 kg para 20,333 milhões de sacas. Assim, o consumo per capita também aumentou ligeiramente no período, subindo de 4,87 kg/habitante/ano para 4,89 kg/habitante/ano de café torrado e moído e de 6,09 kg de café verde em grão para 6,12 kg, o que equivale a aproximadamente 81 litros/habitante/ano. Os dados dessa pesquisa podem ser conferidos no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café e no site da Abic.

De acordo com o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, o consumo anual de café no Brasil é um dos que mais cresceram mundialmente, especialmente nas últimas duas décadas. "A bebida está presente em 98% dos lares. A maior parte do consumo é feito dentro de casa, representando 67% do total, mas o consumo fora do lar também está crescendo. O café em pó (torrado e moído) ainda é o mais consumido, mas está havendo uma migração para outros tipos de café. Um dos segmentos que mais cresce é o do café em cápsulas, com tendência de aumentar ainda mais a utilização delas nos lares brasileiros. O Nordeste, o Sul e o Centro-Oeste são as áreas onde mais crescem o consumo de café no Brasil. No Nordeste, particularmente, porque melhorou a renda da população, incrementando as vendas de cafeteiras elétricas". Herszkowicz aponta ainda que a tendência é observada principalmente nas classes A e B, apesar de as cápsulas custarem até 20 vezes mais do que os cafés em pó. As cápsulas exigem cafés de melhor qualidade e estão presentes em cerca de 1,7% dos lares brasileiros.

Evolução da cafeicultura - No Brasil, de acordo com o Informe Estatístico do Café, do Departamento do Café – Dcaf, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, a partir de 1997, com a criação do Consórcio Pesquisa Café, a evolução da cafeicultura se deu de forma bastante expressiva. A área de cultivo nesse ano era de 2,4 milhões de hectares, a produção de 18,9 milhões de sacas de 60kg e a produtividade de 8,0 sacas/hectare, com o consumo per capita de 4,3kg de café. Passados 17 anos, de acordo com o Levantamento de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab (janeiro/2015), houve redução da área de cultivo para 1,9 milhões de hectares e, em 2014, o País produziu 45,3 milhões de sacas, com produtividade de 23,3 sacas/ha. E o consumo per capita, nesse mesmo período, também de acordo com o Informe Estatístico, aumentou para 6,12 kg.

Em nível mundial, segundo a Organização Internacional do Café – OIC, em 1997, a produção foi de 99,7 milhões de sacas de 60 kg e o Brasil participou com 19% desse mercado. E, em 2014, como a produção mundial evoluiu para 141,4 milhões de sacas e, a brasileira, para 45,3 milhões de sacas, nossa participação subiu para 32% do mercado mundial, com redução de aproximadamente 20% da área de cultivo. Contribuíram para essa evolução, nesses 17 anos, cerca de mil projetos de pesquisa desenvolvidos no âmbito do Consórcio Pesquisa Café que geraram tecnologias, conhecimentos básicos, produtos e processos que beneficiaram direta e indiretamente a produção, colheita e pós-colheita, beneficiamento e industrialização do café.

Trabalho em sintonia – Assim, pode-se dizer que pesquisa, produção e indústria, nas últimas duas décadas, trabalham em sintonia para superarem juntas o desafio de ampliar o consumo de café no País e conquistar e consolidar mercados no exterior. "Esses setores investiram continuamente em inovação, qualidade do produto, fazendo com que os brasileiros tomassem mais café de qualidade, em casa ou fora do lar", conclui o representante da Abic. "A conjugação de esforços da pesquisa com a produção, em sintonia com a indústria, permitiu desenvolver cultivares de café cada vez mais produtivas e melhores, o que tem permitido não só esse aumento verificado no consumo interno, como também aumento da produção e exportação", completa o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo.

O gerente geral da Embrapa Café ressalta ainda que o pilar central do fornecimento de matéria-prima de qualidade para as indústrias de torrefação e moagem são os produtores rurais que têm adotado as tecnologias inovadoras no campo geradas pela pesquisa, o que é imprescindível para que tenhamos uma cafeicultura sustentável. Além disso, "os trabalhos da pesquisa são fundamentais para diversificação e melhoria da qualidade do produto em função das novas exigências do mercado consumidor", explica.

Conheça tecnologias e publicações técnicas do Consórcio Pesquisa Café: https://www.consorciopesquisacafe.com.br/

Programas de incentivo ao consumo - São diversos os programas da Abic de incentivo ao consumo de café. Desde o Selo de Pureza, iniciado em 1989, que garante a qualidade e a pureza do café torrado e moído empacotado, combatendo a fraude e a comercialização de cafés de baixa qualidade e com alto percentual de impurezas; passando pelo CCQ – Círculo do Café de Qualidade, que assegura a qualidade da bebida e as características sensoriais do produto final ao distinguir as casas de café e pontos de consumo que oferecem um produto honesto e bem preparado e servido e de melhor qualidade; até os mais recentes programas, como o PQC – Programa de Qualidade do Café, criado em 2004 para avaliar os aspectos sensoriais do café torrado e moído (avaliando, na xícara, características como sabor, aroma, doçura, fragrância, retrogosto etc.), e o Programa Cafés Sustentáveis, lançado em 2006 e colocado em prática em 2007, para estimular a sustentabilidade na produção de café torrado e moído, com qualidade e certificação. Os cafés diferenciados pelo selo de sustentabilidade, com rastreabilidade assegurada desde a planta até a xícara, devem ter 60% da composição do blend, ou seja, da matéria-prima básica para cafés superiores e gourmets, provenientes de fornecedores sustentáveis. Há também a campanha Tudo que é Puro é Melhor. Inclusive seu Café, que associa o conceito de pureza, qualidade, aroma e sabor do café a emoções puras, como carinho, amizade, amor e alegria, presentes na memória afetiva das pessoas. Veiculada nacionalmente em diversas mídias, visa à valorização dos programas de certificação da entidade, com destaque para o Selo de Pureza, lançado há 25 anos e até hoje ativo e consistente.

A Abic, o Consórcio Pesquisa Café e a Embrapa Café - A Abic é uma entidade sem fins lucrativos parceira do Consórcio Pesquisa Café e também é uma das integrantes, como representante da iniciativa privada, do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.

Observatório do Café - Desenvolvido pela Embrapa Café, no contexto do Agropensa da Embrapa, tem como objetivos principais coletar, analisar e disseminar, de forma sistemática, dados estatísticos, informações sobre tendências de produção e consumo, oportunidades e ameaças dos mercados e possíveis trajetórias do processo de inovação, além de resultados de pesquisas realizadas pelo Consórcio Pesquisa Café e suas implicações para a competitividade do agronegócio cafeeiro e ainda subsidiar políticas públicas e a tomada de decisão pelos diversos protagonistas do setor.

No Observatório do Café estão sendo disponibilizados os seguintes documentos e análises: Relatório de Atividades da Embrapa Café de 2014, Revista Coffee Science, Informe Estatístico do Café; Valor Bruto da Produção; Relatório Internacional de Tendências do Café; Rede Social do Café; Clipping do Café do Consórcio; SAC – Consórcio Pesquisa Café; Acompanhamento da Safra Brasileira; Relatório Final de Levantamento de Estoques Privados de Café; Evolução do Consumo Interno; Tendências de Consumo de Café no Brasil; Relatório sobre Mercado de Café, entre outros.

Participe do IX Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, que será realizado de 24 a 26 de junho, Curitiba (PR) – O tema consumo de café também fará parte das discussões do IX Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil. O evento é uma realização bienal do Consórcio Pesquisa Café e faz parte da agenda nacional de desenvolvimento científico e tecnológico. Desde 2000, foram realizadas oito edições do evento. A edição de 2015 tem como tema central "Consórcio Pesquisa Café - Oportunidades e novos desafios" e será realizada no Centro de Convenções de Curitiba-PR; conta com o Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR como anfitrião e apoio do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural -Emater-PR.

Tags:

Fonte: Embrapa Café

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Segundo dia da Semana Internacional do Café destaca práticas sustentáveis na cadeia cafeeira
Mercado cafeeiro inicia 6ª feira (22) em queda com realização de lucros
Mercado cafeeiro fecha sessão desta 5ª feira (21) com fortes ganhos em NY e queda na bolsa de Londres
Região do Cerrado Mineiro avança no mercado global com leilão virtual
Com a presença de toda a cadeia produtiva, Semana Internacional do Café discute sobre os avanços e desafios da cafeicultura global
Em ano desafiador para a cafeicultura, preços firmes e consumo aquecido abrem oportunidades para o setor
undefined