Café: NY avança quase 900 pts nesta 2ª feira; analista acredita ser precipitado pensar em mudança de patamar
Os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam com alta expressiva nesta segunda-feira (16). Na semana passada, as cotações não tiveram nenhum pregão no campo positivo com as chuvas e a questão cambial pressionando o mercado.
No entanto, hoje o arábica disparou quase 900 pontos na bolsa norte-americana com a cobertura de posições vendidas de fundos e especuladores, estimulada pela queda do dólar contra o real e por fatores técnicos uma vez que não houve alteração no movimento de oferta e demanda da commodity, segundo informações de agências internacionais.
O contrato março/15 encerrou o dia com 134,90 cents/lb com 845 pontos de avanço, o maio/15 anotou 138,05 cents/lb com alta de 825 pontos, o julho/15 teve 141,35 cents/lb com valorização de 820 pontos e o contrato setembro/15 registrou 144,30 cents/lb com 815 pontos positivos.
Segundo o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, apesar da alta expressiva motivada por recompras ainda é cedo para acreditar em uma possível reversão dos patamares de preço. "O que vimos hoje foi basicamente um movimento técnico, provavalmente motivado pelo rompimento de alguma linha. A divulgação do CNC e da Procafé também pode ter impulsionado o mercado", afirma o analista.
Na quinta-feira passada (12), a Fundação Procafé em conjunto com o Conselho Nacional do Café (CNC) anunciaram que a safra brasileira de café deste ano deve ter produção entre 40,3 milhões e 43,25 milhões de sacas de 60 kg.
Os operadores na bolsa norte-americana, no entanto, costumam basear-se mais nas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que em sua previsão mais recente não demonstrou os efeitos do veranico do início do ano nas lavouras e estimou em janeiro uma safra brasileira entre 44,11 milhões e 46,61 milhões de sacas de 60 kg nesta temporada.
O dólar que no decorrer de quase um mês vinha pressionando o mercado, nesta segunda-feira caiu ante o real após atingir máxima em quase 12 anos na semana passada com as incertezas na economia e política do Brasil. A moeda norte-americana recuou 0,14% e fechou cotada a 3,2445 reais na venda. O real menos valorizado que o dólar adiciona mais produto ao mercado internacional.
O clima que também estava alegrando os operadores começa a se normalizar. Mapas climáticos da Somar Meteorologia apontam que algumas áreas do cinturão produtivo de café deve receber chuvas com volumes e distribuição irregulares com o sistema chamado de Zona de Convergência do Atlântico Sul nos próximos dias. Entretanto, permanecem na Região por cerca de uma semana.
Mercado interno
Segundo Carvalhaes, o mercado interno continua na defensiva e apreensivo uma vez que os custos de produção só aumentam aqui no Brasil e os preços oscilaram pouco mesmo com a forte alta no terminal norte-americano.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação na cidade de Guaxupé-MG com R$ 548,00 a saca e alta de 3,20%. A oscilação mais expressiva no dia foi em Poços de Caldas-MG com alta de 7,63% e saca cotada a R$ 508,00.
O tipo 4/5 também teve maior valor em Guaxupé-MG com saca cotada a R$ 536,00 e valorização de 3,28%. A maior variação no dia ocorreu na cidade de Varginha-MG com alta de 8,79% com saca cotada a R$ 495,00.
Para o tipo 6 duro, a cidade com maior valor de negociação foi Araguarí-MG com R$ 500,00 a saca e alta de 4,17%. A oscilação mais expressiva no dia foi em Varginha-MG com valorização de 8,89% e saca cotada a R$ 490,00.
Na sexta-feira (13), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 registrou desvalorização de 0,06% e a saca de 60 kg está cotada a R$ 431,77.