Café: Mercado em NY tem semana de baixas com dólar pesando; especialista acredita que bolsa está 'financeirizada'
O mercado interno de café registrou alta na maioria das praças de comercialização do Brasil. Os preços não cederam tanto com a queda das bolsas externas, principalmente, em Nova York que caiu mais uma vez nesta semana.
Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bittencourt Lopes, nas principais praças as cotações do café tipo cereja descascado subiram entre R$ 3,00 e R$ 10,00 na semana e teve queda em Poços de Caldas-MG. No tipo 4/5, houve valorizção entre R$ 3,00 e R$ 20,00 com baixa em duas cooperativas. Já no tipo 6 duro de arábica, a alta também foi entre R$ 3,00 e R$ 20,00 na semana e queda em apenas duas praças.
A maior oscilação semanal dentre os três tipos citados acima foi em Varginha-MG que teve valorização de 4,65% no tipo 6 duro que tem saca cotada a R$ 450,00 hoje e tinha preço de R$ 430,00 a saca na segunda.
Bolsa de Nova York
Os futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam com preços acentuadamente mais baixos nesta sexta-feira (13). Os operadores continuam atentos as condições climáticas no Brasil e derrubando cada vez mais as cotações conforme o dólar se valoriza ante a moeda brasileira.
O vencimento março/15 encerrou o pregão com 126,45 cents/lb, o maio/15 anotou 129,80 cents/lb, ambos com desvalorização de 240 pontos. O contrato julho/15 fechou a sessão com 133,15 cents/lb com recuo de 230 pontos e o setembro/15 registrou 136,15 cents/lb com 225 pontos negativos.
Segundo o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Sérgio Carvalhaes, os operadores na bolsa norte-americana não levaram em conta as informações divulgadas ontem pela Fundação Procafé em conjunto com o Conselho Nacional do Café (CNC).
"Com essa estimativa deveríamos ter uma Bolsa em Nova York explodindo na sessão de hoje. O Brasil precisa atualmente de 56 milhões de sacas de café para 12 meses, se pensar que podemos colher até 43 milhões nesta temporada já teremos um déficit e podemos ter o estoques mais baixos em 100 anos", explica Carvalhaes.
Na quinta-feira (12), o CNC e a Procafé divulgaram que a safra brasileira de café 2015/16 deve ter produção entre 40,3 milhões e 43,25 milhões de sacas de 60 kg. A estimativa confirmou o que os produtores já vinham relatando. A safra atual pode registrar mais uma quebra na produção.
Os operadores na bolsa norte-americana baseiam-se mais nas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que em sua previsão mais recente não 'capturou' os efeitos do veranico que atingiu o cinturão no início deste ano e estimou em janeiro uma safra brasileira entre 44,11 milhões e 46,61 milhões de sacas de 60 kg nesta temporada.
Como informou Carvalhaes, Nova York não levou em conta essas informações e nas últimas sessões baseia-se mais na questão cambial. "Podemos dizer que a bolsa está financeirizada e não baseando-se em oferta e demanda, o que seria o normal. O dólar teve valorização de cerca de 6% na semana e eles derrubaram a bolsa quase o mesmo, cerca de 7%", afirma o analista. O dólar mais forte ante a moeda brasileira encoraja as exportações de café.
Hoje, o dólar subiu forte e chegou a registrar máxima de R$ 3,28 na sessão, renovando o patamar de abril de 2003. Por volta das 15h, a moeda norte-americana avançava 2,94% e estava cotada a R$ 3,2545 na venda.
Outra questão que também pesou sobre as cotações, segundo agências internacionais, foi a questão climática. Mapas da Somar Meteorologia apontam que áreas de instabilidade permanecem beneficando as lavouras do Sudeste com pancadas de chuva em São Paulo e as faixas sul e oeste de Minas Gerais. Nas outras regiões produtoras as chuvas estão mais irregulares.
A percepção dos operadores é de que essas precipitações são suficientes para impulsionar a produção de café no Brasil este ano. O que não é realidade, segundo cafeicultores, pois as chuvas de agora só contribuem para a granação dos frutos e não mais para recuperar os chumbinhos que não vingaram.
Mercado interno nesta sexta-feira
Segundo Carvalhaes, o mercado tem baixo volume de negócios com cafeicultores esperando melhores patamares de preço para retomar as negociações.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação na cidade de Guaxupé-MG com R$ 531,00 a saca e alta de 1,53%. Foi a oscilação mais expressiva no dia.
O tipo 4/5 teve maior valor em Guaxupé-MG com saca cotada a R$ 519,00 e avanço de 1,57%. Também foi a maios variação do dia.
Para o tipo 6 duro, a cidade com maior valor de negociação foi Araguarí-MG com R$ 480,00 a saca mesmo com queda de 2,04%. A oscilação mais expressiva no dia foi em Patrocínio-MG com desvalorização de 4,26% e saca cotada a R$ 450,00.
Na quinta-feira (12), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 registrou valorização de 0,69% e está cotado a R$ 432,05 a saca de 60 kg.