Café: NY despenca quase 900 pontos nesta 3ª feira e fecha abaixo de US$ 1,30/lb
As cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) caem forte desde a semana passada. Na sessão de hoje, os futuros recuaram quase 900 pontos e oscilaram durante todo o dia no campo negativo com a questão climática, o câmbio e fatores técnicos pressionando os preços que acabaram rompendo suportes e acionando stops de venda que potencializam as perdas.
Neste momento, os futuros passam por um período delicado após perder um patamar importante, o de 130 cents e fechar no nível mais baixo desde 31 de janeiro de 2014.
Hoje, o vencimento março/15 fechou a sessão com 126,25 cents/lb e recuo de 885 pontos. O contrato maio/15 anotou 129,75 cents/lb com baixa de 860 pontos, o julho/15 teve 132,85 cents/lb com desvalorizaçao de 850 pontos e o setembro/15, mais distante, registrou 135,65 cents/lb com 845 pontos negativos.
De acordo com analistas, os operadores na Bolsa de Nova York acreditam que as chuvas que caem no cinturão produtivo de café podem reverter as perdas e devem ter melhor produção nesta temporada que em 2014. No entanto, cafeicultores discordam desse pensamento visto que a safra que deve ser colhida neste ano enfrentou forte seca.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas na segunda-feira (2), o Presidente da Cocatrel, Francisco Miranda Filho informou que a situação da cafeicultura é bastante séria e que as chuvas não reverteram os prejuízos. "A seca já afetou a safra deste ano, notamos frutos que não devem ter boa produção. Estamos esperando a Procafé divulgar números precisos, mas acredito que o Brasil vai produzir 40 milhões de sacas ou menos", afirma.
Segundo a agência Reuters, chuvas mais generalizadas devem retornar nas principais áreas produtoras de café nos próximos cinco a dez dias com a chegada de uma frente fria ao Sudeste do país.
Outro fator que também tem pressionado a commodity nos últimos dias é o enfraquecimento do real ante o dólar neste momento econômico delicado vivenciado pelo Brasil. Essa valorização da moeda estrangeira encoraja as exportações de café e adiciona mais produto ao mercado internacional.
Nesta terça-feira, por exemplo, a moeda norte-americana, encerrou acima de 2,92 reais pela primeira vez em mais de dez anos com valorização de 1,14% cotada a R$ 2,9280 na venda.
Segundo o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, o bom volume exportado de café também dá a sensação aos operadores em Nova York de que não falta o grão no Brasil. Vale ressaltar, que em 2014 o país registrou recorde de exportações. Entretanto, segundo Carvalhaes, esses estoques já estão no fim.
Ainda de acordo com o analista, todas essas informações econômicas e de exportação aliadas à imagem do atual cenário político do Brasil lá fora contribuem para essa baixa. "Como resultado de todas essas informações temos 'um banho de sangue' em Nova York", finaliza.
Mercado interno
O mercado interno foi pressionado pela baixa em Nova York e quase todas as praças registraram queda. Com a valorização do dólar, o setor produtivo retraiu-se do mercado e agora espera um melhor momento para voltar à comercialização.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação na cidade de Espírito Santo do Pinhal-SP com R$ 500,00 a saca - estável. A variação mais expressiva dentre as praças de comercialização foi na cidade de Poços de Caldas-MG que teve queda de 7,81% e tem saca cotada a R$ 437,00.
O tipo 4/5 teve maior valor em Guaxupé-MG com saca cotada a R$ 466,00 e queda de 5,09%. Foi a maior oscilação no dia.
Para o tipo 6 duro, a cidade com maior valor de negociação foi Araguarí-MG com saca cotada a R$ 480,00 - estável. A oscilação mais expressiva no dia foi em Guaxupé-MG com desvalorização de 5,71% e saca cotada a R$ 413,00.
Na segunda-feira (2), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 registrou valorização de 0,09% e está cotado a R$ 432,40 a saca de 60 kg.