Café: Escurecimento e queda de frutos chumbinho podem ser agravados por estiagem
J.B. Matiello e S.R. de Almeida- Engs Agrs Fundação Procafé
Nestes dois últimos meses, em janeiro e fevereiro de 2015, muitos produtores e técnicos vem relatando o escurecimento e grande queda de chumbinhos em cafeeiros, creditando este problema ao efeito do stress hídrico.
As observações em campo tem evidenciado que parte do problema se deve à falta de chuvas, porem a base tem sido a falta de reservas da planta e não a falta de água em si.
Cafeeiros que floresceram desfolhados ou debilitados por alta produção no ano passado, agora mostram os frutinhos pequenos enegrecidos e depois caem. Muitos caem ainda verdes, tendo na inserção do seu pedúnculo no fruto uma camada farinhosa típica. Alguns técnicos chegam a recomendar aplicações fungicidas, pensando tratar-se de ação de patógenos. No entanto, ao analisar como o problema se apresenta fica claro que não se trata disso e sim do que acabamos de apontar, a falta de reservas. Mesmo por que, em condições de baixa umidade, a ação de fungos fica restrita pelo clima.
O enegrecimento e queda de chumbinhos é mais critico em cafeeiros e em ramos onde ocorrem diferentes floradas. Pesquisa realizada sobre a queda de frutinhos em diferentes condições de ramos mostrou que o problema foi maior nas plantas desfolhadas e nos ramos de frutificação desigualada (quadros 1e 2). A explicação para isso está no que se chama de efeito dreno. Os frutos maiores possuem os vasos do pedúnculo mais facilmente condutores das reservas tendo, assim, prioridade na sua utilização, ficando os menores sem essas reservas, acabando por serem “expulsos”. Em palestras costumamos fazer a comparação com uma porca que tem 11 leitões e apenas 10 tetas com alimento.
Os mais fortes vão tomar as tetas e o mais fraco acaba sucumbindo.
Recentemente, verificou-se que em ramos da face dos cafeeiros, mais batida pelo sol da tarde, essa queda era maior, isto indicando que a pior condição das reservas nesta parte da planta, estava sendo influenciada pelo maior stress hídrico. Deste modo, fica explicada a correlação entre stress hídrico e enegrecimento e queda de chumbinhos, embora, novamente, lembramos que a base principal da queda é a falta de reservas e a desigualdade de floradas.