Café: cenário negativo na Europa e demanda fraca derrubam preços em NY
As cotações do café arábica despencaram na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US) em meio ao receio de investidores diante de um cenário financeiro negativo. Informações sobre a queda em 19% das ações do banco português Espírito Santo contagiaram o mercado mundial. As bolsas da Europa fecharam em baixa e os futuros nos Estados Unidos praticamente seguiram o mesmo rumo. Por segurança, fundos migraram para ativos mais estáveis, deixando os contratos mais próximos valendo abaixo do patamar de 170,00 centavos de dólar por libra-peso.
O vencimento setembro encerrou em 990 de decréscimo para 163,00 centavos de dólar por libra-peso. Os contratos com entrega para dezembro fecharam em 166,65 cents/libra-peso. Março/2015 também teve perda significativa de 975 pontos e cravou 170,00 centavos/libra-peso, enquanto maio/2015 registrou 172,15 cents/libra-peso.
Os valores anotados na sessão desta quinta-feira foram os menores desde fevereiro e suportes importantes foram rompidos, acelerando as quedas do mercado.
“Os fundos estão se movimentando por conta desse panorama na Europa, somados a isso, as informações de uma grande exportação no país, de quase 34 milhões - segundo maior índice da história – pressionaram as cotações para baixo”, explicou o analista do escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes.
Informações internacionais indicam que compradores estão fartamente abastecidos de café arábica, antecipando as aquisições, por conta das incertezas realizadas no início do ano sobre o impacto da seca no Brasil. Sendo assim, neste momento, as baixas no mercado em NY também seriam justificadas pela falta de demanda.
Apesar dessa situação avessa nas finanças mundiais e notícias positivas sobre a exportação nacional, produtores e analistas brasileiros seguem indicando uma tendência de alta em um futuro próximo com a confirmação da quebra brasileira. “No início do ano, o engenheiro agrônomo fez a perspectiva de quebra na minha lavoura em 20%, mas a realidade foi maior que o dobro, cerca de 43%”, contou o produtor de Manhuaçu/MG, Maurício Oliveira.
Carvalhaes também indica situação de alerta para o volume desta e da safra 2015. “Tudo indica que a situação é muito apertada. Agora é muito cedo para afirmar que a demanda vai ser maior do que a oferta, mas não dá pra apostar em excesso de café”, detalhou ele.
Além disso, o analista relata: “se houvesse muita oferta, os produtores brasileiros pressionariam as vendas, mas o que se vê no mercado agora é exatamente oposto, eles “tiraram o pé do acelerador”, concluiu ele.