Café: NY perdeu 1000 pts com realização de lucros mas preços já se recuperam
O café arábica negociado na bolsa de Nova Iorque registra fortes quedas nos negócios desta quinta-feira(20). Um movimento já esperado de realização de lucros, depois das altas de mais de 3 mil pontos só nas duas últimas sessões, já que na segunda-feira (17) não houve pregão em função do feriado nos EUA. Por voltas das 11h , os contratos com vencimento em março/14 operavam a 168,15 centavos de dólar por libra-peso,
queda de 360 pontos em relação ao fechamento anterior. Maio/14 operava a 169,35 centavos de dólar por libra-peso, desvalorização de 325 pontos.
Mas já não se trata mais do pior momento do mercado. O contrato Março/14 chegou a perder quase 1000 pontos e o Maio/14 chegou a recuar mais de 800 pontos. Isso mostra que o clima de incerteza sobre a safra brasileira e o real tamanho da oferta mundial nas próximas safras ainda vigora no mercado. E não deverá ser motivo de espantanto se as cotações em Nova Iorque encerrarem a quinta-feira(20) do lado positivo da tabela.
Ontem, o primeiro contrato fechou no melhor nível em 16 meses, cotado em 171,75 centavos.
O clima no Brasil continua sendo mesmo a principal razão para as altas nas cotações. As agências internacionais destacaram que as chuvas nas regiões produtoras do país vão ficar 75% abaixo da média nos próximos cinco dias, aprofundando o déficit hídrico nas lavouras . Além disso, o mercado continua repercutindo as informações de que as últimas chuvas sobre o cinturão cafeeiro brasileiro não foram suficientes para atenuar o problema provocado pelas altas temperaturas sobre as lavouras e principalmente, que as perdas nos cafezais já seriam irreversíveis.
Segundo Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, as preocupações em relação ao aperto na oferta estão aumentando. Além da redução na safra
brasileira para este ano, que na visão dos operadores de mercado internacional estaria em 10%, as primeiras informações que chegam do fechamento de colheita na América Central dão conta que a produção por lá deve ficar abaixo do volume inicialmente esperado. Situações que podem afetar a disponibilidade de café globalmente, resultando em queda nos estoques.
Para Gil Carlos Barabach, analista de Safras e Mercado, as altas das cotações não eram esperadas pelo mercado. “O pessoal estava trabalhando com carteira líquida vendida há um bom tempo, desde 2012, apostando em uma baixa. Agora veio esta situação de clima adverso, tiveram que inverter rapidamente a mão e isto explica essas puxadas”.
E as expectativas para a safra do ano comercial 2014/15, segundo Barabach, são ainda piores, já que os tratos culturais foram reduzidos. “Você tem uma situação climática ruim, dentro de um quadro onde o produtor investiu menos este ano por conta dos preços baixos que estavam há pouco tempo atrás... Isso projeta para 2015 uma situação bastante perigosa em relação à produção”.