Cuidados com alimentação do gado de leite na seca

Publicado em 12/07/2011 11:13
Uma das épocas mais complicadas do ano para os pecuaristas de algumas regiões do Brasil é o período da seca. Com a escassez de água, as pastagens também ficam escassas e perde-se em qualidade. Para enfrentar esse período, os produtores devem tomar alguns cuidados de manejo e adotar a prática da suplementação alimentar estratégica e econômica. Segundo Luiz Gustavo Pereira, pesquisador na área de nutrição de ruminantes da Embrapa Gado de Leite, é muito importante que o produtor faça um planejamento alimentar para o rebanho.

O produtor deve saber a quantidade de animais a serem alimentados na seca para estabelecer a quantidade de alimentos que precisa ser produzido ou adquirido para alimentar esses animais. Além disso, deve fazer um estudo com suporte de técnicos e verificar as espécies de volumosos suplementares mais adequadas para serem produzidos na propriedade, como cana com uréia, silagem de milho, sorgo, capim de corte e outros, ou adquiridos por meio de compra, como rações concentradas, atendendo assim ao planejamento alimentar — afirma o pesquisador.

No caso da seca, para produção de leite, principalmente no Brasil-Central, Pereira diz que uma das principais opções para a suplementação volumosa é a cana-de-açúcar com ureia. Outras opções são a silagem de milho e sorgo, muito utilizada pelos pecuaristas, além do feno, opção menos utilizada no Brasil.

A melhor forma de produzir leite nas condições brasileiras é usar pastagens tropicais, principalmente gramíneas do gênero Brachiaria, Panicum, Cynodon, entre outros. Mas em determinadas épocas do ano, como na seca, devido ao frio, falta de chuvas e à menor incidência de luz, a produção e a qualidade dos pastos é baixa, sendo necessário planejar estratégias de suplementação das deficiências quantitativas e qualitativas das forrageiras tropicais. O período de suplementação varia para cada região, no Brasil central, como exemplo, pode estender-se de abril a outubro — explica o pesquisador.

Pereira diz que, antes de tudo, além de produzir leite, o produtor deve ser um bom agricultor. Ele precisa escolher a cultura adequada para produzir de forma eficiente e obter alimento barato. O produtor precisa optar por culturas que irão garantir volumoso suplementar em quantidade e qualidade para que o investimento se pague. Ainda de acordo com ele, dependendo do animal que será alimentado, é importante também fazer a complementação alimentar com concentrados.

Além disso, o produtor deve enviar os alimentos suplementares para um laboratório de nutrição para que seja realizada a avaliação da composição bromatológica, fundamental para a formulação de dietas balanceadas. Como a cana com uréia é uma das principais opções para a suplementação volumosa, alguns cuidados especiais devem ser tomados. A uréia, quando usada de forma inadequada, pode causar intoxicação e a morte de animais. A adoção de períodos de adaptação para não intoxicar os animais é muito importante — conta o pesquisador.

Ele orienta usar 1kg da mistura uréia mais sulfato de amônia (relação 9:1)  para cada 100kg de cana. Já no período de adaptação, deve ser usada metade da dose por, pelo menos, uma semana antes de entrar com a dose completa.

Um planejamento alimentar inadequado pode fazer com que o gado produza menos leite, perca peso e deixe de reproduzir. Por isso, é importante ter uma estratégia e um planejamento alimentar adequado aos meses críticos do ano. Além disso, o produtor deve trabalhar com certa folga, ou seja, com sobra de alimentos suplementares, para enfrentar os períodos de escassez de pastagens — afirma.

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Fonte: Portal Dia de Campo

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