Boi: Mercado ajusta positivamente novos patamares de preços e oferta reduzida sustenta viés de alta

Publicado em 16/06/2022 09:55 e atualizado em 16/06/2022 12:32

A semana mais curta deu fôlego para novas altas na arroba da boiada gorda e a quarta-feira, véspera de feriado, foi momento de repercussão de variações positivas nas praças onde o volume de animais terminados ainda é consideravelmente equilibrado e, em alguns casos, com sobressaltos à demanda de algumas unidades frigoríficas. 

Estas condições foram observadas nas praças do Norte e Nordeste do país, regiões onde as chuvas pontuais ainda trazem oportunidades de retenção da boiada nos pastos, abrindo possibilidades para os pecuaristas optarem por aguardar e almejar melhores condições de preços.  

Este fator ocorre com maior intensidade na BA, onde produtores estipulam pisos superiores as máximas vigentes para retornar aos negócios. No estado, a IHS Markit observou avanço no preço de R$ 260 par R$ 275, ao passo em que as escalas de abate seguem entre 5 e 7 dias de operação.

Já em MG, a oferta é escassa e as indústrias apenas conseguem dar maior ritmo nas escalas de abate quando adquirem lotes de animais terminados em confinamento. Os volumes adquiridos não são suficientes para trazerem alívio às operações, porém pecuaristas que possuem lotes com maior número de animais conseguem negociar preços mais atrativos. Em MG, a consultoria captou novo avanço fundamentado pelas condições apontadas, com preços avançando em BH de R$ 280 para R$ 285. 

Já na região Norte, sobretudo em TO e PA, os preços seguem em viés de alta diante do volume remanescente de animais terminados a pasto começar a apresentar redução. Devido ao fato de a indústria na região possuir características de operar com maior parte voltando a sua produção ao mercado doméstico, as escalas ainda seguem relativamente confortável e dentro das condições padrão. Entretanto, preços tomam posição de alta com o mercado testando novos patamares nas cotações seguindo a tendência das demais regiões. Neste sentido, os analistas da IHS Markit captaram avanço nas cotações do boi gordo em TO-Gurupi, de R$ 265 para R$ 273 no PA Redenção, de R$ 262 para R$ 275. 

Observa-se que ocorrem poucas negociações, apesar dos preços registrarem incrementos significativos quando comparados com as baixas registradas ao longo de maio. Entretanto, cabe ressaltar que a baixa liquidez é devido a oferta de animais terminados a pasto estar fortemente reduzida em boa parte das praças pecuárias do país. 

As poucas negociações que ocorrem remetem a lotes de confinamento (primeiro giro), bem como preços superiores aos observados podem ser registrados diante de condições particulares como, acabamento, volume de animais no lote disponível, entre demais singularidades. De todo modo, o mercado procura estabelecer novos patamares de acomodação e novos pisos de preços devem ser em ritmos mais elevados. 

No mercado atacado, os preços seguem a tendência de alta estabelecida no início da cadeia produtiva, elevando as cotações para a rede de distribuição e varejo. Este repasse ao consumidor final acontece ao mesmo passo em que os preços das proteínas concorrentes, (aves e suínos) também registram incrementos. O reequilíbrio da oferta frente ao consumo aparentemente mais firme abre espaço para os ajustes positivos, regulando as margens operacionais na cadeia de produção. Volumes disponíveis nos estoques dos entrepostos e câmaras frigoríficas são reduzidos, haja vista que o consumo doméstico ainda segue em passos lentos e que deve continuar em morosidade na segunda quinzena do mês.

Fonte: IHS Markit

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