Boi: Preços estagnados no mercado físico ainda sob reflexo de distintos panoramas da exportação
Nesta semana, o fluxo de negócios no mercado físico do boi gordo continuou a evoluir de forma cadenciada, efeito do impasse vivido entre ambas as pontas do mercado. Pelo lado dos compradores, as indústrias frigoríficas buscam operar alinhadas a demanda vigente, com foco em não gerar excedente de produto nas câmaras frias e desencadear queda nos preços e impactos nas margens.
Embora o ritmo das exportações brasileiras de carne bovina venha surpreendendo desde o começo de 2022, o consumo doméstico continua inconsistente, o que inviabiliza repasses de custos. Já pela lado dos pecuaristas, a estrategia é seguir barganhando preços melhores pela boiada gorda com foco em fazer caixa e se prepapar para o período de entressafra, quando cresce a dependência de ração num momento onde os preços dos grãos estão em patamares recordes.
Neste contexto, a baixa liquidez de negócios vem resultado em preços lateralizados, onde repique de negócios possibilitam suporte a formação de valores ao redor das máximas vigentes. Cabe destacar que o período das águas em 2022 possibilitou uma boa formação de pasto em áreas ao centro-norte do Brasil, o que também ajuda a regular a oferta de animais disponiveis para venda. A estratégia dos pecuaristas é gerar caixa para arcar com os custos nos confinamentos e boiteis, os quais devem ser muito altos e limitar a intenção em alojar boiada.
Na cadeia, vai se consolidando um ambiente altamente focado para atender a demanda do mercado externo. Diante deste cenário, o setor observa com cautela os riscos de operação, sobretudo em função da dificuldade em se originar animais e a preços mais baixos.
A sequência de desvalorização de dólar frente ao real, a interrupção das exportações de carne á Rússia e o o risco de China pausar compras do Brasil sem um motivo sólido, são fatores que geram cautela entre as indústrias. Apesar do Ministério da Agricultura trabalhar em novas frentes para abrir novos mercado consumidores ao produto brasileiro, o setor precisa ficar alerta quanto a tais impactos no curto e médio prazo. As indústrias e pecuaristas devem trabalhar consientes em mitigar riscos e atuar de forma mais cautelosa diante de possíveis impactos diretos destes fatores na cadeia.