Sorgo e milheto são alternativas para aumentar a competitividade da pecuária
A pecuária baseada na produção a pasto sem reposição da fertilidade do solo está com dias contados. Para os especialistas é preciso mudar a forma de lidar com as áreas de pastagem, e trabalhar o pasto como uma lavoura, com o uso de calcário, gesso, fertilizante corretivo e adubações nitrogenadas. Além disso, é preciso fazer um planejamento forrageiro, para contornar a falta do pasto nos meses de inverno. Uma das opções apontadas como uma reserva de alimento de qualidade é a produção de silagem de sorgo e de milheto.
O sorgo, nativo de regiões áridas possui, raízes profundas e suporta altas temperaturas. O mercado oferece diversos tipos de sorgos silageiros com capacidade para a produção de grandes volumes de matéria verde. Em regiões com risco de estiagem e noites mais quentes o sorgo pode substituir o milho como uma silagem mais barata, e equilibrar a nutrição com pequenas doses de ração ou proteinados.
Mesmo em solos com textura arenosa é possível colher de 60 a 70 toneladas de matéria verde por hectare. Os servidores do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) informam que um hectare pode fornecer suplementação para até 30 cabeças durante o inverno. Essa alternativa muda o rumo da pecuária, porque permite altas taxas de lotação no verão, e ainda mantendo-a no inverno.
O milheto, outra planta que tem grande tolerância a períodos quentes e estiagens, tem a vantagem de suas raízes profundas buscarem no solo os nutrientes perdidos para outras lavouras. Com um ciclo mais curto, em torno de 90 dias, o milheto possibilita o cultivo de uma segunda planta forrageira em sequência. Colhendo com umidade superior a 27% e tamanho de corte acima de 3 cm, e com uso de inoculantes, se obtém uma silagem de boa qualidade a custos baixos. Para quem deseja ser competitivo com a produção de carne, a produção de silagem é fundamental. "Essa prática possibilita pensar em produtividade acima de 50 arrobas por hectare, com carne de qualidade num sistema de produção sustentável", afirma Antônio José Coelho de Castro, do IDR-Paraná.
Pasto e árvores
O zootecnista do IDR-Paraná, João Batista Barbi, ressalta que durante a implantação das lavouras de sorgo forrageiro e milheto para a produção de silagens, o pecuarista pode implantar o sistema silvipastoril, o cultivo de árvores nas pastagens. "Na pecuária moderna um fator muito importante é a melhoria do ambiente, tanto para os animais quanto para as plantas forrageiras, benefício que o sistema silvipastoril promove", observa Barbi. Para este sistema ter êxito, é preciso fazer o cultivo de lavouras durante um período de dois anos nas áreas de pastagens para a implantação de árvores de forma planejada. "O sorgo forrageiro e o milheto para silagens são opções ideais para esse fim. Durante esse precesso corrige-se o solo e produz-se a silagem de qualidade e em quantidade adequada para o rebanho, promovendo dessa forma a a integração lavoura, pecuária e floresta", conclui Barbi.
Tanto o milheto quanto o sorgo proporcionam a produção de volumoso de qualidade, em qualquer área do estado do Paraná, principalmente na região Noroeste. "A produção de silagem, conservada de forma adequada para o uso nas épocas críticas, possibilita a elaboração de um planejamento forrageiro para o ano todo. Além disso, com o milheto e o sorgo é possível produzir matéria seca de forma bastante competitiva, devido ao menor custo de produção em relação ao milho", ressalta Marcio Antônio Baliscei, do IDR-Paraná. Segundo ele, as duas espécies são alternativas importantes para o pecuarista alimentar o rebanho, especialmente quando o clima e o solo impõem limitações à produção de volumoso. "O uso correto das técnicas de produção, conservação e arraçoamento garantem reservas de alimento de qualidade aos bovinos de corte e leite", conclui Baliscei.