Pecuaristas retêm fêmeas e rebanho bovino do Brasil cresce pela 1ª vez em 3 anos, diz IBGE
O rebanho de gado do Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, cresceu pela primeira vez em três anos em 2019, para 214,7 milhões de cabeças, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O resultado representa um aumento de 0,4% em relação a 2018, e foi impulsionado pela retenção de fêmeas para procriação e por um crescimento de 5,1% no tamanho do rebanho no Estado de Mato Grosso, de acordo com o IBGE. Em 2018 e 2017, o rebanho diminuiu.
Mato Grosso, onde se concentram as maiores produções de grãos e pecuária no país, respondia por quase 15% do rebanho bovino do Brasil no ano passado.
"Em 2019, verificamos uma queda na participação das fêmeas no abate, sugerindo uma transição do ciclo de baixa para o de alta da pecuária, que é quando o produtor passa a reter fêmeas devido aos bons preços de mercado", disse Mariana Oliveira, a supervisora da pesquisa do IBGE.
Ela ainda observou que 2019 foi marcado por exportações recordes de carne bovina, especialmente para a China.
No ano passado, a forte demanda chinesa fez a arroba bovina bater um recorde e superar 250 reais no último trimestre. Em 2020, a demanda externa segue aquecida e as cotações renovaram máximas históricas, mas a alta agora tem sido puxada principalmente pela restrição na oferta de gado terminado --fruto do período em que o rebanho caiu.
Na quarta-feira, o indicador do boi gordo Cepea/B3 fechou em 263,35 reais por arroba, alta de 2,6% na variação mensal e um forte avanço de 61% no comparativo anual.
A partir de agora, resta saber se as chuvas vão beneficiar as pastagens da região Centro-Oeste, que responde por cerca de 40% da produção pecuária brasileira, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).
As chuvas são um fator-chave, já que a maior parte do gado no Brasil é alimentada com pasto. Neste ano, uma estiagem já atrasou o plantio da soja no início da safra de grãos para o ritmo mais lento em 10 anos, segundo a consultoria de agronegócio AgRural.
Em 2021, as exportações de carne bovina do Brasil devem atingir um recorde pelo terceiro ano consecutivo, impulsionadas principalmente pela demanda chinesa e pela recuperação da demanda em alguns outros mercados, disse o USDA em 9 de outubro.
Dados do IBGE também mostraram que o rebanho de aves do país ficou relativamente estável em 1,5 bilhão de cabeças em 2019, enquanto o tamanho do rebanho de suínos caiu 1,6% para 40,6 milhões de cabeças.
(Reportagem adicional de Nayara Figueiredo)