Animal suspeito de 'vaca louca" tem 19 anos e não deve ter adoecido por contaminação alimentar
O animal que está sendo investigado como portador da vaca louca, no Mato Grosso, tem 19 anos, o que já se configura como um caso "atípico" da doença. A confirmação é de um ex-funcionário graduado da Vigilância Sanitária, com muito trânsito no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), sob condição de anonimato.
Em conversa com o Notícias Agrícolas, ele criticou também o fato de quem vazou a informação para a Folha/UOL, nesta quinta (30), "também deveria ter explicado que a fiscalização registrou que o animal tem 19 anos".
Nessa mesma linha, Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, e que assessorou a então futura ministra Tereza Cristina durante a montagem do Mapa, lembrou também que o ponto positivo é a atuação da vigilância sanitária. Ou seja, o sistema de "fiscalização está funcionando", além do que imediatamente "um veterinário oficial deve ter colhido amostra, enviado para um laboratório nacional, que possivelmente confirmou, e depois o material provavelmente seguiu para algum laboratório no Canadá ou Estados Unidos habilitado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, da sigla em inglês).
Tanto o ex-funcionário que confirmou a idade da vaca, como Camargo Neto, descartam qualquer possibilidade de que a doença se deu por alimentação contaminada, como ocorreu na Inglaterra há 20 anos aproximadamente. É impossível que possa ser o mesmo caso agora no Brasil, avaliam, enquanto o Mapa não se pronuncia oficialmente, inclusive a pedido do Notícias Agrícolas.
"É como câncer ou qualquer outra doença que pode surgir em um membro familiar, mas não na família toda", diz ele, fazendo analogia a enfermidades oportunistas que podem surgir em qualquer espécie. No caso em questão, os 19 anos do animal são mais que suficientes para que a patologia surja atacando o sistema nervoso central.
Importante destacar, que países como o Brasil, com grandes rebanhos, estão sujeitos. Os Estados Unidos tiveram caso relatado pela OIE e a "Índia também dever ter, só que não notifica", salienta Pedro de Camargo Neto, que também já foi Secretário de Produção do Mapa e negociador internacional representando várias entidades do setor de proteína animal.
Não se descarta que possa haver alguma "atenção" dos importadores brasileiros de carne bovina, mas a OIE sendo notificada o mundo será notificado automaticamente, e o Brasil deverá encaminhar diretamente aos compradores relatórios.
Se confirmado, e se tratar de caso atípico, com animal de mais idade, como aconteceu em 2010 com uma vaca de 13 anos de uma fazenda de Sertanópolis, Norte do Paraná, a situação não alterará o status sanitário do Brasil em relação à doença. A situação atual é de risco insignificante.
Mapa
Em ligação telefônica da Assessoria de Comunicação do ministério às 14h35, após pedido de esclarecimentos feitos pela manhã, a pasta confirmou a detectção de um animal supeito pela fiscalização. E que o caso está sob investigação laboratorial e que só haverá um comunicado oficial após o laudo ser conhecido e, antes ainda, reportado à OIE, a organização de saúde animal.
Ministério da Agricultura avalia caso atípico de vaca louca em MT, diz Folha
SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Agricultura está avaliando uma suspeita de caso atípico de vaca louca em Mato Grosso, informou o jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira.
O caso está sob investigação, mas ainda sem confirmação se é uma Encefalopatia Espongiforme Bovina, acrescentou o jornal.
O Brasil já registrou ao menos dois casos de atípicos de vaca louca, que não apresentam risco de transmissão da doença. Ainda assim, no final de 2012, países importadores decretaram restrições à carne do país, o maior exportador de carne bovina.
Procurado, o ministério não confirmou que investiga suspeita de caso atípico de vaca louca. Disse apenas que há uma investigação laboratorial em andamento, sem especificar, cujo resultado será divulgado nos próximos dias.
A pasta afirmou que o caso investigado foi detectado em uma "ação rotineira, o que demonstra a eficiência do sistema agropecuário brasileiro".
No caso atípico de vaca louca, que ocorre de forma esporádica e espontânea, principalmente em animais mais velhos, não há relação com a ingestão pelos animais de ração contaminada.
No caso clássico, a doença é transmitida por ração contaminada com o príon, por ter sido elaborada com produtos obtidos de animais infectados.
((Redação São Paulo))
Nota Oficial do INDEA - Instituto de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso
Em relação à suspeita de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), doença conhecida como vaca locua, em um bovino no Estado, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso esclarece que:
Em uma análise de rotina que faz parte do sistema de vigilância nacional para EEB foi detectado, em teste de triagem um resultado suspeito para a doença. O INDEA/MT tomou todas as providências cabíveis enquanto aguarda o resultado final em laboratório de referência.
Ressaltamos que são realizadas ações rigorosas de fiscalização em estabelecimentos de criação de gado no estado, além de rotineiros testes nos alimentos fornecidos aos ruminantes, de modo a prevenir a ocorrência da doença. O produtor rural mato-grossense conhece as normas brasileiras e está comprometido com os métodos de prevenção em vigor.