Pecuaristas dos EUA chamam o BR de 'mau ator global' e querem barrar carne in natura
Assim que a comitiva do presidente Jair Bolsonaro desembarcou da viagem aos Estados Unidos, trazendo a promessa que o governo Trump vai analisar a reabertura das importações de carne in natura, a principal entidade dos pecuaristas americanos distribuiu uma dura nota de advertência. De cara, classificando o Brasil de ser "consistentemente um mau ator no mercado global".
O lobby já era esperado por parte da Associação de Criadores de Gado dos Estados Unidos (USCA, da sigla em inglês), que teme pela concorrência em seu território, como o Brasil já faz no mercado internacional.
Mas, como já anotou algumas vezes aqui no Notícias Agrícolas Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e ex-negociador internacional, o efeito que causou os abscessos na carne por conta da vacina, mostrando "irresponsabilidade dos exportadores", resvala para a imagem em geral de descuido brasileiro.
"Após a divulgação desta auditoria (de 15/5 a 2/6 de 2017), as preocupações dos produtores de gado dos EUA foram validadas, uma vez que o Brasil falhou em várias categorias em relação ao seu comércio com os EUA, incluindo: supervisão; autoridade estatutária, segurança alimentar e regulamentos adicionais de proteção ao consumidor; saneamento; análise de perigos e pontos críticos de controle; programas de testes de resíduos químicos e programas de testes microbiológicos", diz um dos trechos do documento da USCA.
Após pouco meses de liberação da carne brasileira, notadamente dianteiro para preparo de hambúrgueres, a entidade relata que as autoridades sanitárias dos EUA descobriram, além dos abscessos, "coágulos sanguíneos e lascas de ossos".
E, segue o documento, as revelações das inspeções, então sempre advertidas pela USCA, provam "que os esforços de mitigação atualmente em vigor não são adequados para manter os produtos (a carne brasileira) que podem transmitir a febre aftosa nos EUA". Nesse ponto, a entidade historia outros eventos negativos da produção nacional.
Depois de discorrer sobre o impacto de um surto de febre aftosa nos EUA, sob a rubrica de Brooke Miller, vice-presidente, a USCA assim fecha o documento expedido ao mercado e ao governo americano:
"Recomendamos que o presidente Donald J. Trump e o secretário Sonny Perdue considerem fortemente as preocupações descritas aqui para proteger a saúde do rebanho de gado dos EUA e garantir que a proteína favorita dos Estados Unidos permaneça em abundância".
Confira abaixo documento original da USCA: