Seca e calor estão dando o tom na redução da oferta de boi, mas apenas produtor capta a situação

Publicado em 01/02/2019 15:51
Dentro do normal com as chuvas somente o extremo Sul e no Norte. Há um movimento não grande de produtores que vendem para aliviar pastos.

​Por mais que os analistas tentem ver uma certa corrida para compras de boi face a possível melhora do consumo neste mês, a verdade é que o clima está deixando tudo muito embaralhado. É certo que o pior do lento consumo de janeiro passou, mas certo também que há atraso no apronto de animais, tanto quanto algumas vendas vão sendo feitas para aliviar pastagens, e estão dando o tom do mercado.

Contexto que não é muito bem captado porque a maioria prefere ficar tentando destrinchar a situação no quadradinho sazonal tradicional. Só produtor entende mais de perto a situação.

Com exceção dos extremos do Brasil, as regiões produtoras sofrem com intenso calor e pouca para quase nenhuma chuva e, como nas lavouras, o prejuízo para os pastos é evidente. Há extremos, como no Vale do Araguaia, onde o Luciano de Oliveira acredita que tem "muita gente tirando gado mais liso para bambear as fazendas".  Num cenário, naturalmente, de quem não tem recursos para suplementar mesmo com a relativa oferta de alimentos.

Em áreas da região goiana com até 60 dias sem chuvas, como o pecuarista nota, é normal que não haja abundância de animais terminados.

Também do Vale do Araguaia, Marcelo Marcondes reclama do ataque de cigarrinha, ajudando a judiar mais o capim.

Mas a situação é geral em Goiás. Renato Espiridião, outro pecuarista do estado, igualmente percebe um movimento de produtores antecipando abates. Numa outra ponta, há quem consiga aumentar a suplementação dos animais, como Mozart Carvalho de Assis, de Jataí.

Em alguns outros trechos da pecuária de corte nacional, a situação caminha para a mesma verificada em Goiás. Em Aquidauana, por exemplo, nas bordas do Pantanal sul-matogrossense, Frederico Stella diz que ainda há bolsões de pastos com suporte, mas a deterioração está acelerada e as "chuvas precisam voltar logo".

As escalas lá, que normalmente estariam bem mais folgadas para a época do ano, hoje estão em 10 dias na média, confirmada pelo presidente do Sindicato Rural de Aquidauana.

Do Mato Groso Sul que até semana passada havia um movimento de trânsito de animais para São Paulo, esta semana ficou quase zerado, com os diferenciais de base mais estreitos, até R$ 12,00.

Mais que o entendimento de estar mais concorrida a compra por conta dos frigoríficos se preparando para fevereiro, houve, sim, uma diminuição na disponibilidade de animais terminados.

Em São Paulo, onde ainda há alguma reserva de pastos que não saíram para lavouras, como em parte do Oeste e no Pontal do Paranapanema, a situação é a mesma. O capim está castigado e as previsões não são das melhoras para os próximos dias, segundo Gesner de Olveira, de Santa Cruz do Rio Pardo, mas com invernada em Teodoro Sampaio.

Ele que mata boi em Bauru e Lençóis Paulista observa escalas de 10 dias.

Mais para baixo, no Noroeste do Paraná, o pecuarista de Paranavaí Lineu Gonçaves atribui também ao calor excessivo a perda de sustentação dos pastos e com os "frigoríficos com dificuldade em manter a oferta de R$ 153,00". Ele acredita que as indústrias vão ter que voltar aos R$ 155,00.

Carlos Costa, mais um produtor de Paranavaí, igualmente confirma "as pastagens sentindo a seca" e oferta pequenas.

Extremos melhores

Rondônia e Santa Catarina, as latitudes mais extremas com reserva de chuvas, a situação é inversa. Sérgio Ferreira, comprador do Marfrig e presidente da Associação dos Produtores de  Rondônia, de Ji-Paraná, só vê a oferta mais encurtada porque as chuvas dão suporte para os produtores segurarem mais os animais.

E de Santa Catarina, Ariel Verde, presidente do Frigorífico Verdi, confirma as boas condições das águas no estado.

Algumas cotações:

Goiânia /GO

Marfrig - vaca R$ 136

Minerva - boi rastreado R$ 144

Palmeiras de Goiás/GO

Minerva - boi R$ 139,87 - boi europa R$ 14, 84

Vale do Araguaia/GO

JBJ - boi R$ 138,89 - vaca R$ 125,10

JBS - boi R$ 137,90 - boi europa R$ 140,85 - vaca R$ 135

Aquidauana/MS

Boi R$ 140 - vaca R$ 128/130

Bauru/SP

Mondelli - boi R$ 153

Lençóis Paulista/SP

Frigol - vaca R$ 143

Ji-Paraná/RO

Marfrig - boi R$ 136 - vaca R$ 130

Paranavaí/PR

Boi R$ 152 - vaca R$ 138

Barra do Garças/MT

JBS - Boi R$ 138 - vaca R$ 133

Xavantina/MT

Marfrig - Boi R$ 138 - vaca R$ 133

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Por: Giovanni Lorenzon
Fonte: Notícias Agrícolas

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