Faesp vê avanços contra a aftosa, mas prazo para a retirada da vacina continua longe do ideal
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) intensificou a comunicação com os pecuaristas, para a campanha de vacinação contra a febre aftosa. O período tem início na próxima terça-feira e, pela primeira vez, o calendário do estado será invertido. O rebanho geral passa a ser vacinado entre 1º e 31 de maio e os animais de até 24 meses receberão a dose, em novembro.
Essa alteração tem dois efeitos diretos para o produtor: reduz de 16% para 4% a incidência de abortos, nas fêmeas inseminadas em IATF (conforme pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), além de alinhar o calendário de São Paulo com as outras regiões do país. A Federação distribuirá panfletos, nos principais pedágios de São Paulo, salientando a importância de imunizar 100% do rebanho estadual. “Tivemos avanços no processo de retirada da obrigatoriedade, mas é essencial que cumpramos com as exigências para evitar retrocessos”, analisa Thyrso de Salles Meirelles, vice-presidente da FAESP.
A instituição atuou, em parceria com o Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), em conquistas de ganhos econômicos diretos para o pecuarista. Em 2019, passa a valer a redução da dose de 5 ml. para 2 ml., além da retirada do vírus C e da saponina, na composição da vacina. Essas mudanças tendem a diminuir o preço da dose e já foram oficializadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O Brasil não apresenta um foco da doença, desde 2006, e estudos do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) mostram que o gado pode prescindir da vacina, após cinco anos. Com base nesses dados, a FAESP vem defendendo aos órgãos competentes a antecipação do status de área de livre aftosa sem vacinação. “A cautela é importante, mas há formas eficientes de controle, sem esse custo anual que ultrapassa R$ 300 milhões e recai todo sobre o produtor rural – isso apenas na compra de vacinas”, defende Meirelles.
A FAESP pretende apresentar a criação de um fundo privado, com fins indenizatórios e educacionais, seguindo os exemplos dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás. A reserva seria destinada às ações emergências de isolamento, em caso de foco, além de programas de capacitação estadual. A proposta já foi discutida entre as Comissões Técnicas e Especiais da Federação.
Em maio de 2018, o Brasil será certificado como área livre de febre aftosa com vacinação. A expectativa é de que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) venha a elevar a classificação para livre de febre aftosa sem vacinação, em 2021. A certificação final sairá somente em 2023.
Atualmente, São Paulo registra um rebanho de 10,46 milhões de cabeças, segundo os números do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Isso significa que, se o tamanho do rebanho se mantiver, os pecuaristas do estado gastarão R$ 62,76 milhões, até 2021, apenas com vacinas, sem contar o custo de equipamentos e da contratação de técnicos.