Aplicativo Pastejando ajuda a planejar a oferta de alimento ao gado o ano todo

Publicado em 01/03/2018 11:20

A Embrapa e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estão lançando o aplicativo Pastejando, que facilitará a vida do produtor na realização do planejamento forrageiro da propriedade, etapa determinante para o sucesso no desenvolvimento de um rebanho, seja de corte ou de leite. A ferramenta, disponível para uso em celulares Android, substitui a necessidade de utilização das planilhas eletrônicas ou cálculos manuais, aumentando a eficiência na gestão de recursos forrageiros e, com isso, diminuindo risco de perda da produção.

O planejamento forrageiro é feito para que o produtor possa ter oferta de forrageiras aos seus animais ao longo de todo o ano. Ele faz a projeção das variações do estoque de pastagens, com base nos fluxos de entrada e saída. São calculados os valores reais da massa de forragem, acúmulo, desaparecimento, crescimento, consumo e também perdas. Com isso, é possível o produtor ter a real noção de como fará a distribuição de forrageiras nas estações do ano. Trata-se de uma ferramenta valiosa para os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

O analista de transferência de tecnologia da Embrapa Clima Temperado (RS) Sergio Elmar Bender explica que o aplicativo faz os cálculos automaticamente para o usuário, sendo necessários apenas o registro de informações e o acompanhamento mês a mês. "A ferramenta realiza os cálculos baseada no peso dos animais e na área de produção de pastagens. Por isso, é muito importante o cadastramento correto dos dados, pois o aplicativo indicará o alcance de sucesso ou insucesso da produção e do desenvolvimento do rebanho. O Pastejando irá prever possíveis dificuldades, o que permitirá antecipar soluções”, detalha.

Tecnologia identifica opções e indica forrageiras mais adequadas

O planejamento forrageiro identifica quais as opções de plantas forrageiras são mais interessantes para o sistema de produção, e quais as opções técnicas de manejo mais adequadas ao seu emprego. É feito de uma sequência de avaliações das diferentes alternativas de cultivares e suas formas de utilização, até se chegar a uma combinação tida como a ideal para o sistema de produção da propriedade. É uma antecipação de ações na dinâmica do rebanho e na disponibilidade de oferta de alimento, diminuindo riscos, otimizando recursos, evitando o caos na criação de bovinos e a instalação dos chamados "vazios forrageiros".

Na Região Sul do País, predominantemente de clima temperado, épocas como outono e primavera apresentam períodos de menor produção de pastagens, durante os quais ocorrem os "vazios forrageiros", e representam uma queda de produtividade de cerca de 50%. Isso afeta o desenvolvimento dos animais, especialmente daqueles voltados à produção leiteira.

Vazios forrageiros impactam produção

Quando o produtor não possui um planejamento de oferta de forrageiras, acontecem as perdas na propriedade. Os impactos do problema são variáveis, pois dependem de vários fatores, como clima, por exemplo. "Em casos extremos, pode ocasionar a perda total da produção animal. A captação de leite em indústria local chegou à metade pela ocorrência de vazios forrageiros", confirma Bender.

Uma das alternativas para evitar isso e diminuir os vazios forrageiros é fazer uso de pastagens perenes e silagem. "Depois de fazer o planejamento forrageiro, o aplicativo Pastejando mostrará eventuais faltas e, com essa informação, o produtor poderá fazer uso de silagem. Para isso, uma opção é o capim elefante BRS Capiaçu", indica o analista da Embrapa.

A falta de alimentos pode até causar morte de animais. Todavia, normalmente não chega a acontecer a falta de pastagens, somente em casos extremos, como secas, queimadas, geadas ou enchentes. "O aplicativo não solucionará esses casos extremos, mas irá auxiliar no planejamento forrageiro, com o qual é possível conservar alimentos para essas situações", destaca o especialista.

Demanda por solução veio do setor produtivo

A demanda por um aplicativo que substituísse as planilhas de planejamento forrageiro foi uma demanda do setor produtivo recebida pela Embrapa, que se articulou com o curso de Ciência da Computação da UFPel.

"Iniciou-se uma conversa para entender o problema do campo e os objetivos com o desenvolvimento desse aplicativo. Levamos uns dois meses para elaboração do design e planejamento do software, e entre seis e sete meses para desenvolver o programa. No último dia de campo de leite da Embrapa Clima Temperado, em outubro do ano passado, aplicamos testes com alguns produtores, o que nos permitiu a realização de aprimoramentos na ferramenta", explica o bolsista Nicolas Oresques Araújo,  sócio da empresa de computação Hut 8, incubada da UFPel.

O bolsista e a equipe de mais quatro acadêmicos reuniram dados técnicos de comportamento e produção das forrageiras e de peso e idade dos animais para compor o conteúdo do aplicativo. Depois, em caráter experimental, avaliou-se o comportamento do usuário final e sua interação com a ferramenta, por meio de um teste aplicado no dia de campo.

Segundo Araújo, o sistema de ajuda é apresentado de forma interativa e intuitiva. "A qualquer momento o usuário poderá ter acesso ao guia de funcionalidade do aplicativo, na tela do seu celular", destaca o bolsista.

O aplicativo calcula a necessidade de consumo de matéria seca (MS) do rebanho, a oferta de MS da propriedade, além de localizar áreas de plantio das forrageiras, utilizando-se de recursos gráficos e estatísticos para demonstrar dados úteis, facilitando o planejamento forrageiro do produtor de leite. A ferramenta é direcionada a técnicos, extensionistas e produtores rurais.

O aplicativo é resultado do projeto Protambo, em parceria com a Faculdade de Ciência da Computação da UFPel e a empresa júnior pré-incubada Hut8. O projeto aproxima os universitários do meio comercial. Os recursos retornam à universidade para serem aplicado exclusivamente em capacitação dos acadêmicos dos cursos envolvidos.

O Pastejando será lançado oficialmente na Expodireto Cootrijal 2018, entre os dias 5 e 9 de março, em Não-Me-Toque (RS).

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Fonte: Embrapa Clima Temperado

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