Bancos não querem descontar promissória de operações com a JBS

Publicado em 30/05/2017 13:13

Mudança no modelo de pagamento pela principal empresa compradora do setor - JBS, falta de concorrência, queda nos preços da arroba, e apreensão dos quanto à liquidez de algumas indústrias, são apenas alguns dos problemas enfrentados pelos pecuaristas no curto espaço de tempo.

Desde que a JBS se tornou uma das protagonistas do escândalo de corrupção no Brasil, as vendas à vista foram suspensas. Sem alternativa ou precisando fazer caixa, o pecuarista se via obrigado a entregava suas animais, solicitar a NPR (Nota Promissória Rural) e realizar o desconto junto à instituição financeira, mas esse tipo de operação também está cada vez mais rara.

Segundo relatou Luis Fernando Conte, vice-presidente da Acrimat (Associação dos Criadores do Mato Grosso), os bancos não estão aceitando fazer a desconto. No estado, há relatos de tentativas no Banco do Brasil, Sicredi e Bradesco, todas sem sucesso.

No Mato Grosso do Sul, o pecuarista e conselheiro da Famasul (Federação de Agricultura do Mato Grosso do Sul), Janes Bernardino Onório Lírio, contou ao Notícias Agrícolas, que nem mesmo o Banco Original [também pertencente à Companhia J&F, dona da JBS] estaria aceitando descontar a nota promissória.

Veja ainda a entrevista com o pecuarista Júnior Selidônio, de Coxim/MS:

>> Sem a JBS, pecuaristas de Coxim/MS viajam 300 km para abater animais em Campo Grande; arroba em R$ 117

Esse cenário trouxe grande apreensão à ponta inicial da cadeia, já que nem mesmo uma empresa do Grupo estaria dando credibilidade a operações com a JBS. Para o vice-presidente da Acrimat, é possível que os bancos estejam aceitando apenas operações de volumes menores, nas quais os riscos são igualmente inferiores. "Pode ser que eles [bancos] também tenham um limite de crédito para essas operações, não dá para saber, porque antes as movimentações eram pequenas."

Mas, além de ter poucas chances de conseguir descontar a NPR, aqueles que efetivamente têm sucesso na operação, ainda correm sérios riscos financeiros.

"Antigamente quem vendida para a processadora, poderia pedir a antecipação do pagamento - porque há anos a empresa já não tem preço à vista -, mediante ao desconto de 3,1%", explica Conte. Nesse caso, o produtor estava resguardado, uma vez que descontado a 'multa', não havia nenhum outro risco financeiro.

"O problema é que com a NPR precisarmos endossar a nota promissória junto à instituição financeira. Se chegar no dia do vencimento e o frigorífico não pagar, temos que arcar com a dívida no banco", acrescenta Lírio.

De qualquer forma, os pecuaristas que necessitam vender têm poucas opções. Buscar indústrias menores, que em sua maioria já estão bem escaladas; entregar para unidades mais distantes; se render a JBS, recebendo com 30 dias; ou então tentar descontar a NPR, nas poucas instituições que ainda aceitam, sem garantias.

Até o fechamento dessa reportagem nenhuma instituição financeira se posicional a respeito.

Por: Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Radar Investimentos: Escalas de abate mais curtas dos frigoríficos vêm sendo fator decisivo para impulsionar os preços
Boi/Cepea: Altas seguem firmes; escalas são ainda menores que em outubro
Scot Consultoria: Alta na categoria de fêmeas em SP
Brangus repudia veto do Carrefour à carne do Mercosul
Boi tem fôlego para novas altas até o final do ano com arroba testando os R$400, alerta pecuarista
Radar Investimentos: Margens das industriais frigoríficas permanecem razoáveis
undefined