Negócios estão parados no mercado futuro do boi gordo; 2017 com poucas mudanças
A estabilidade no mercado futuro do boi gordo tem desestimulado os negócios na BM&FBovespa no segundo semestre deste ano. Embora sazonalmente o período seja de baixa liquidez nos contratos, o sócio-diretor da Radar Investimentos, Leonardo Bovo, ressalta que em 2016 a atuação está ainda menor devido a baixa volatilidade dos futuros.
Oscilando pouco, com precificação entre R$ 150 a R$ 152 a arroba em contratos com vencimento até 2017, poucos players estão operando no mercado do boi gordo e dificultando as programações de hedge de pecuaristas. Bovo, que também é membro da consultiva do boi gordo e do milho na BM&F no biênio 2016-2018, afirma nunca ter visto atuação tão baixa. “O volume está diminuindo muito, ainda mais depois do fim de vencimento de outubro, não me lembro de um volume tão baixo”, destaca.
Refletindo as incertezas a cerca do mercado físico do boi gordo, os futuros indicam para o próximo ano um cenário de preços sem muita alteração dos praticados atualmente. Essas dúvidas de como se comportará a oferta, e principalmente a demanda em 2017, que dificulta evoluções positivas ou negativas na BM&F, conforme explica Bovo.
Neste ritmo "a bolsa toda não terá mais de 5.000 contratos após o vencimento de novembro (atualmente com cerca de 4.000 contratos)”, disse o sócio-diretor durante debate no Encontro de Analistas da Scot Consultoria, realizado na sexta (25), em São Paulo. Segundo ele, o maior volume de negócios ocorreu em 2008, quando o vencimento outubro chegou a ter mais de 70.000 contratos.
Bovo não descarta que a baixa liquidez dos últimos meses possa ocasionar o encerramento do mercado futuro do boi gordo, a exemplo da falta de demanda que finalizou as operações no mercado futuro do bezerro. "O mercado precisa retomar os negócios, porque se continuar assim, começa uma espiral negativa. Se perdermos essa ferramenta, a pecuária vai dar um grande passo pra trás", acrescenta.
Na prática, os futuros do boi gordo garante que compradores e vendedores de boi consigam negociar seus ativos a um determinado preço até determinada data. Este tipo de derivativo é essencial para diversos segmentos dos setores econômicos relacionados com a pecuária de corte. Da mesma forma que pecuaristas precisam garantir um preço justo pela venda de seu rebanho, de modo que consigam ao menos cobrir os custos relacionados à criação de gado, exportadores e distribuidores de carne bovina, além de fabricantes de produtos derivados desta commodity, precisam garantir um preço justo pela compra de arrobas de boi, de modo a obterem lucro com suas operações.
Além disso, diversos investidores também utilizam o mercado futuro apenas para fins especulativos, buscando lucrar com a oscilação deste ativo na BM&F Bovespa.