Consumo de carne bovina cai no Brasil e fecha frigoríficos; MT tem preços do boi estáveis há 4 meses

Publicado em 26/07/2016 07:55

Símbolo supremo da ascensão da nova classe média ao longo da última década, a carne vermelha se transformou em artigo de luxo desde o início da recessão econômica, no segundo trimestre de 2014. O desemprego e a queda do poder aquisitivo da população derrubaram o consumo médio de carne bovina por habitante a um dos menores níveis da década: 32 kg/ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dez anos atrás, o volume girava em torno de 40 kg/ano por habitante.

De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), o cenário aponta para uma crise sem precedentes num setor que emprega mais de 1 milhão de pessoas no Brasil. Desde o começo de 2016, dezenas de frigoríficos fecharam as portas no país. Apenas em julho, no Paraná e em São Paulo, duas empresas demitiram mais de mil trabalhadores. Foi o caso da JBS, em Epitácio Pessoa; e da Oregon, em Apucarana.

Para não fechar, algumas empresas estão fazendo readequações severas. Em Campo Mourão, na região Centro-Oeste do estado, os gerentes do frigorífico Orion & Magistral, Flávio Tagliari e Júlio Cesar Severino, contam que cancelaram todos os investimentos. “Tínhamos um cronograma de investimentos na câmara fria, nas instalações da desossa e em contratações de mais funcionários. Porém, a crise fez com que colocássemos o pé no freio. Não dá para saber como serão os próximos meses”, dizem.

Leia a notícia na íntegra no site Gazeta do Povo.

Boi MT: Entrave entre oferta e demanda mantém cotação praticamente estável nos últimos quatro meses

Nos últimos quatro meses, o preço da arroba do boi gordo “parou no tempo”, realizando um comparativo entre a cotação média do mês de julho/16, até o dia 21/07, com abril/16, constata-se uma variação negativa de 0,43%.

E, com isso, a pergunta padrão é: como, em um ano de oferta restrita, o preço não consegue alçar “voos” maiores e buscar novos recordes? A explicação encontra-se no gráfico ao lado, onde através da PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) realizada pelo IBGE obtém-se o índice do volume de vendas no comércio varejista, indicador que representa o comportamento do varejo brasileiro.

Como pode ser visto, a média do índice nos cinco primeiros meses de 2016 ficou em 100,96, pior valor desde 2011, demonstrando assim a piora clara no quadro da demanda. Diante disso, vislumbra-se que atualmente quem parece ter “tomado” as rédeas do preço do boi gordo é a demanda, limitando altas e até mesmo justificando as baixas.

Margens

Os equivalentes são indicadores que podem expressar de forma bruta a receita das indústrias frigoríficas mato-grossenses, e mais uma vez o Imea chama a atenção para eles.

Ao se vislumbrar o ECD (Equivalente Cortes Desossados) vê-se uma forte queda no decorrer de 2016, para se ter uma ideia em janeiro/16 o ECD atingiu o valor médio de R$ 164,13/@, já em junho/16 o mesmo indicador atingiu R$ 151,05/@, desvalorização de 7,97% em seis meses.

A dificuldade do escoamento da carne bovina no mercado interno é o que tem motivado essas reduções. Além disso, o dólar já caiu 15,50% no mesmo período de comparação, afetando a competitividade da carne bovina brasileira nas vendas ao exterior, e diminuindo até mesmo a receita em reais.

Ou seja, em suma, a situação da demanda, seja interna ou externa, mostra-se delicada, e com a oferta ainda restrita, a “queda de braço” entre os elos deve acirrar-se nos próximos meses. 

Leia o boletim na íntegra no site do Imea.

Fonte: Gazeta do Povo

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