Boi: Pressionado pelo milho e baixa demanda, Assocon já espera queda na oferta de confinamento neste ano

Publicado em 18/02/2016 11:14
Segundo associação, a redução da demanda pela carne no mercado interno e a elevação do preço do milho deve resultar na produção de animais mais leves para o abate

A oferta de bovinos de confinamento pode recuar pelo segundo ano consecutivo, é o que projeta a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). Com alta no preço do milho e redução do consumo interno de carne bovina, o Brasil deve seguir a tendência registrada no ano passado, após vir alcançando ininterruptos anos de crescimento.

De acordo com o diretor de relações institucionais da Associação, Márcio Caparroz, a relação de troca – preço da arroba e reposição - está historicamente apertada, e a alta no preço do milho também encarece a engorda no cocho.

Segundo ele, com o atraso das chuvas em alguns estados, os produtores devem investir na nutrição a pasto para minimizar os custos. Outro fator que precisamos considerar é a redução no tempo de suplementação no cocho.

"Não acreditamos que haja grande redução no número de animais, o que é de se esperar é uma redução no tempo que esses animais vão ficar na engorda, porque o custo com o milho está muito alto. Então, muito provavelmente teremos uma redução no peso dos animais confinados neste ano", explica Caparroz.

Esse cenário também traz reflexo aos animais de semi-confinamento, que conforme ressalta o diretor, deve sofrer retração neste ano. Quando os preços do milho estavam em baixa, realizar o confinamento, ou finalizar o animal no cocho era uma alternativa para diluir os custos, mas após a guinada dos preços, especialmente a partir de janeiro, os gastos com a ração se elevaram.

Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso devem ser mais afetados pelo preço do milho. Desses, no Mato Grosso a situação é mais grave, já que algumas regiões sofreram com o excesso de chuvas. Já em São Paulo, os custos com o milho são menos expressivos, uma vez que "o estado consegue buscar alternativas de resíduos nas indústrias de alimentos (citricultura, por exemplo), diferente de outras praças", lembra.

Outro fator negativo são os indicadores econômicos do país. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 0,52% em dezembro sobre novembro e acumulou em 2015 uma retração de 4,11 por cento, segundo dados informados pelo BC nesta quinta-feira (18).

Assim, a retração na renda dos brasileiros reduz o poder de compra da população, que deve optar por proteínas mais baratas neste momento de crise. Então, a margem de aumento no preço da carne é estreita.

Por outro lado, um elemento positivo para o mercado em 2016 serão as exportações. Mesmo que as vendas externas representem cerca de um quinto da produção total, elas são importantes para ajudar no escoamento dos estoques, principalmente em momento de consumo doméstico enfraquecido. A expectativa é de que a abertura de novos mercados ao longo de 2015 resulte em aumento do volume de carne exportado este ano.

Na primeira semana de fevereiro, as exportações de carne bovina in natura chegaram a 28,93 mil toneladas, uma média diária de 5,79 mil toneladas, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Na comparação com janeiro, o volume embarcado diariamente este mês representa um incremento de 48,5%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o acréscimo foi de 37,2%.

"Esse é um fator muito importante, porque com o confinamento e semi-confinamento a terminação é mais rápida, sendo possível atender essas novas demanda", destaca Caparroz.

No início de 2015, a expectativa era de aumento de animais confinados. No entanto, houve retração de 5%, para 3,870 milhões de cabeças. Como confirmado a retração também neste ano, o impacto maior sobre os preços da arroba.

Reflexo dessa possibilidade é o mercado futuro que já indica um boi gordo a R$ 164,60/@ no vencimento outubro da BM&F. O mercado do boi gordo iniciou 2016 com preços em alta, em função da baixa disponibilidade de animais. Mesmo com a demanda enfraquecida, os preços têm registrado consecutivas altas em boa parte das praças de comercialização.

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Por: Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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