Ociosidade e demanda reduzida justificam fechamento de frigoríficos pelo país
De acordo com levantamento realizado pela Scot Consultoria, em torno de 30 plantas frigoríficas estão com atividades paralisadas considerando os fechamentos ocorridos nos últimos 18 meses.
Este número representa os frigoríficos que estão parados a partir de janeiro de 2014 e também às plantas que estão em férias coletivas.
Porém há outras unidades que deram férias coletivas e voltaram a abater em ritmo lento, portanto estão em operação. Se contabilizadas, as plantas que tiveram paralisações neste período ultrapassam 40 unidades.
A ociosidade das plantas frigoríficas e os preços vigentes da arroba elevam os custos dos frigoríficos. Junto a isto, o ajuste de preços controlados pelo governo, tais como a energia elétrica, e a crise econômica, têm feito com que várias indústrias fechem as portas ou ajustem suas operações de abate para manter a rentabilidade.
Além de impactar no consumo e na redução do poder de compra da população, a crise econômica reduziu o crédito e o tornou mais caro. A indústria frigorífica brasileira opera alavancada, sendo assim, este problema também precisa ser superado pelos frigoríficos.
Os frigoríficos estão com dificuldades em repassar este aumento de custos para a carne. Apesar de o preço ter aumentado, a demanda está lenta ou migrando para cortes cujos preços são menores, devido à situação financeira da população, com altos índices de endividamento e desemprego em ascensão.
Quando os estoques de carne estão elevados, é preciso comercializar a carne a preços de liquidação, que prejudicam as margens. Frigoríficos de grande porte superam este cenário utilizando ativos em caixa, entretanto, frigoríficos de pequeno não possuem tanto caixa assim e enfrentam dificuldades financeiras.
Os estados que apresentam mais frigoríficos parados são Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Rio Grande do Sul.
O número de funcionários demitidos ou em férias coletivas, de acordo com o levantamento e estimativa da Scot Consultoria, pode chegar a 10 mil. O impacto econômico gerado nas respectivas regiões é grande, principalmente em cidades menores onde estas indústrias geram importante movimentação econômica.
Apesar da expressiva alta do preço da arroba do boi nos últimos meses, a situação das indústrias preocupa os pecuaristas. O fechamento de unidades intensifica a concentração do setor frigorífico, o que é ruim para a pecuária nacional.
Dependendo da região, os produtores estão virtualmente reféns dos preços ofertados pelos poucos frigoríficos ativos. Curtumes e indústrias de derivados também sofrem com essa situação.
Além das plantas fechadas, várias outras ainda em operação reduziram o abate. A crescente ociosidade fez com que as empresas ajustassem a rotina de trabalho. O abate foi redirecionado para outras unidades.
A menor oferta de bovinos e a demanda preocupante faz com que algumas unidades em Mato Grosso do Sul abatam apenas três vezes por semana. Outras plantas reduziram os turnos de trabalho para se adequar ao novo cenário.
Com a projeção de mercado firme para o restante de 2015, fica a expectativa de como as indústrias reagirão ao cenário econômico e se novos ajustes estão por vir.