O cinismo dos governistas não é mais indecoroso que a covardia da oposição

Publicado em 04/02/2011 15:20 e atualizado em 04/02/2011 18:32
notícias comentadas nos blogs de Reinaldo Azevedo, Lauro Jardim e Augusto Nunes

Família Sarney também emplaca o “Pipoca” no setor elétrico!

Ah, sim: o presidente de Furnas, Flávio Decat, não é o único amigo de Fernando Sarney na cúpula do setor elétrico, área que tem a especial predileção do clã. Também tem o “Pipoca”. Quem é o “Pipoca”? Fernanda Odilla e Andreza Matais informam na Folha desta sexta:

O ministro Edison Lobão (PMDB) trouxe de volta ao Ministério de Minas e Energia um assessor que foi grampeado pela Polícia Federal ao conversar com o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), sobre pedidos de favores. Na época das gravações, Antonio Carlos Gomes Lima, o Pipoca, como é conhecido, era assessor especial de Lobão na pasta. Ele deixou o cargo em 2009, depois de a imprensa noticiar suas relações com o empresário Fernando Sarney. Segundo as conversas, Pipoca recebe ordens de Fernando, que ditava compromissos e marcava encontros na agenda do ministro, além de pedir nomeações em cargos comissionados.

O assessor de Lobão não era o alvo da polícia, mas foi apontado pela PF como interlocutor frequente do principal investigado, Fernando Sarney, já indiciado sob acusação de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e outros crimes -os quais nega. A nomeação de Pipoca, que reassumiu o comando da assessoria de comunicação da pasta, foi publicada no “Diário Oficial” em janeiro. Ao deixar o MME, em 2009, ele foi para a Eletrobras, outro reduto da família Sarney, como assistente da presidência, e ganhou uma cadeira no conselho de administração da Eletronuclear. Funcionário do governo do MA, Pipoca negou envolvimento com as ações investigadas pela PF e afirmou que foi cedido ao MME pela Eletrobras em janeiro deste ano. Disse que mantém relação de amizade com a família Sarney há 30 anos e que fez por Fernando Sarney o que faria “por outra pessoa”.

Por Reinaldo Azevedo

A presidente Dilma Rousseff confirmou ontem o nome de Flávio Decat para a presidência de Furnas. Foi indicado como nome escolhido por ela. Pode ser. Mas também é da turma de Sarney, como já escrevi aqui, para quem Fernando, o filho enrolado, já pediu até emprego. Furnas? Pois leiam o que a Folha informa hoje. A estatal está mais para um show de horrores.

Sócia de Furnas omitiu sua origem em paraíso fiscal

Por Hudson Corrêa e Cristina Griullo: 
A Companhia Energética Serra da Carioca, empresa pivô da crise em Furnas, omitia seu sócio controlador e não apontava a origem do dinheiro investido na construção de uma hidrelétrica em Goiás em sociedade com a estatal, indicam documentos obtidos pela Folha.

Apesar dessas suspeitas, levantadas em relatório do corpo técnico do BNDES, Furnas comprou da empresa a participação no negócio da hidrelétrica. Pagou pelas ações, em agosto de 2008, cerca de R$ 80 milhões. Oito meses antes, a Serra da Carioca havia entrado no negócio desembolsando apenas R$ 7 milhões pelas mesmas ações.

A estatal diz que não teve prejuízo porque a empresa já havia investido R$ 75 milhões no empreendimento. Mas não divulgou documento comprovando o aporte. As dúvidas sobre a  idoneidade da companhia vieram à tona quando ela foi apresentada por Furnas ao BNDES como sua nova sócia. O BNDES já havia aprovado financiamento de R$ 587 milhões para a obra, mas passou a reavaliar seu aval. Na época, o banco pediu informações sobre o quadro societário da Serra da Carioca. Na relação de sócios, estavam os empresários João Alberto Nogueira e Sérgio Reinas, com 5% das ações cada um, e a Gallway Projetos e Energia do Brasil, com 90%.

A controladora da Gallway era a Atlantic Energy Private Foundation com 99,99%.
A Serra da Carioca omitiu que Atlantic, sediada nas Antilhas Holandesas (paraíso fiscal), pertencia a Nogueira. Mas ao ser pressionada pelos técnicos do BNDES confirmou a informação. A Atlantic não aparecia no Imposto de Renda do empresário. Íntegra aqui

Por Reinaldo Azevedo

Uma reportagem do Estadão de hoje traz os bastidores da escolha de Flávio Decat para presidir Furnas. Vale a pena ler um trecho. Volto em seguida:

De acordo com participantes de uma reunião entre dirigentes peemedebistas com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que começou na noite de quarta-feira e terminou às 2 horas de ontem, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), deu berros ao saber que Dilma escolheria Decat para Furnas. “A Câmara não aceita perder Furnas para o Senado”, disse Henrique Alves, segundo relato de um dos presentes.
Dessa reunião participaram, além de Henrique Alves e Palocci, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e o vice-presidente Michel Temer.
O encontro foi realizado num apartamento de Temer, num hotel que fica a menos de 600 metros do Palácio da Alvorada. No fim da tarde de ontem, foi feita nova reunião entre os mesmos participantes, quando o nome de Decat foi confirmado.

Voltei
O trecho é precioso. Vejam  ali Antônio Palocci, o primeiro-ministro em ação. Notem que ninguém estava num prédio oficial, decidindo os destinos da nação, em horário de expediente. Era um daqueles arranjos privados da coisa pública, em ambiente também privado, varando a noite. Tudo pelo bem da pátria. Fico aqui a imaginar o nobilíssimo Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara, aos berros. Por que será que eles fazem tanta questão de “ter” o presidente de Furnas? A minha pergunta é retórica, leitor.

Quando penso que este é o país que, há três eleições, assiste à satanização das privatizações e quando vejo, como agora, o uso que se faz das empresas estatais, a sensação, obviamente, é de nojo. Quem ali está querendo servir ao público e quem ali está querendo se servir do bem público?

Por que há tanta corrupção no Brasil? É evidente que isso se deve ao tamanho do Estado. Quanto maior, maiores são as chances por motivos que, a esta altura, dispensam explicações. Uma cena como essa, do ambiente à fala, passando por alguns personagens, é coisa absolutamente asquerosa. Mas privatização virou um verdadeiro palavrão no Brasil, com a ajuda da imprensa, sim, boa parte dela abduzida ou infiltrada pelo “partido”. Eis aí: o estatismo defendido pela escória esquerdista é o paraíso para progressistas como Sarney, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves.

Por Reinaldo Azevedo

A Chesf para Geddel?

O PMDB vai pedir o comando da Chesf para Geddel Vieira Lima. Acha mais viável do que a presidência da Petrobras Distribuidora, também ambicionada.

Por Lauro Jardim

Mudanças no Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde passará por mudanças no Rio de Janeiro. O cargo de número um no estado, ocupado pelo peemedebista Oscar Berro, não será mais tão atrativo para partidos políticos.

Alexandre Padilha decidiu concentrar em Brasília as compras milionárias do Departamento de Gestão Hospitalar do Rio. Assim, Oscar Berro deverá ser substituído por um técnico nos próximos dias.

Por Lauro Jardim

Por que será?

Enquanto os cargos do Senado são alvos de ferrenha disputa entre os parlamentares, a nomeação do novo corregedor da Casa passa ao largo das discussões. A função está desocupada desde a morte de Romeu Tuma, ocorrida em outubro. Até agora, nenhum candidato se apresentou para preencher a vaga.

Por Lauro Jardim

O preferido de Decat

Originalmente, o candidato de Flávio Decat para a presidência de Furnas era Paulo Roberto Ribeiro Pinto, atual diretor de Novos Negócios da Light e ex-diretor Financeiro de…Furnas.

Por Lauro Jardim

O carnaval de Lula

Lula vai passar o Carnaval no Rio de Janeiro. Mais exatamente no Camarote de Sérgio Cabral no Sambódromo.

Por Lauro Jardim

Dirceu: tal pai, tal filho no Supremo

Chegou ao Supremo uma investigação feita pelo Ministério Público Eleitoral que acusa Zeca Dirceu, filho de José Dirceu, de ter feito boca de urna quando se elegeu deputado federal. Zeca chegou a ser detido no dia da eleição em Campo Mourão, no interior do Paraná.

A apuração contra Zeca foi distribuída para Joaquim Barbosa, também relator do processo em que o pai é acusado de chefiar o mensalão petista.

Por Lauro Jardim

O Nordeste sofreu um apagão ontem. Na última vez em que isso aconteceu, na noite do dia 10 de novembro de 2009, estendendo-se por algumas horas da madrugada do dia 11, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deu um pito nos jornalistas que queriam saber detalhes a respeito e aproveitou para atacar… FHC!

O governo também popularizou a “Teoria do Raio”, que teria provocado uma problema técnico etc. Veio o Inpe e concluiu que raio não foi. Então foi, bem, sei lá… À época, Dilma não tinha ainda esse ar superior de Rainha de Banânia. Com os jornalistas insistindo em saber as causas, ela disparou naquele estranho idioma que falava:
“Minha querida, tem uma coisa que nós humanos temos um problema imenso: nós não controlamos chuva, vento e raio. Sempre quisemos, mas não conseguimos ainda. Talvez algum dia, né?”

O vídeo abaixo é todo editorializado e coisa e tal. Eu só o publico aqui porque nunca antes na história destepaiz alguém explicou tão bem um apagão como a então ministra: a partir de 1min27s. Assista.

Vamos combinar? Calada, é uma rainha!

Por Reinaldo Azevedo

O Estadão de hoje traz um editorial crítico ao pronunciamento de Dilma Rousseff no Congresso. Que bom! Então não fui só eu a considerar aquilo uma “maçaroca”, com suas “prioridades centrais”, como disse a presidente. Quem sabe a imprensa, tomada genericamente, vá se recuperando aos poucos, não é?

A construção da figura de Dona Dilma Primeira, a Muda, está pautada pelo marketing, com já sabemos. Faz-se um esforço danado para dissociá-la de atos da administração, como se ela flutuasse no éter. Mas não flutua. Vejam só: se ela é íntima de uma área da administração, essa área é o setor elétrico, certo? Pois é… Nesse caso, não se pode dizer que ela é enganada por esse ou aquele. E, curiosamente, é a fatia do governo que a rainha praticamente terceirizou: entregou para a Família Sarney.

Edison Lobão, ministro das Minas e Energia; Flávio Decat, que vai presidir Furnas, e José Antônio Muniz Filho, que deve comandar a Eletronorte, são todos afiliados de Sarney.

A nota irônica é que a escolha de um homem de Sarney para Furnas veio como antídoto à influência do deputado Eduardo Cunha (PDMB-RJ) na estatal. Entenderam ou querem que eu repita? Considerando o PMDB no seu conjunto, Sarney vira uma referência ética!!!

Por Reinaldo Azevedo

Os sinais de imperícia da equipe da Rainha Dilma Rousseff Primeira começam a aparecer. Ia comentar ainda ontem, mas acabou me escapando. Agora, não dá para deixar pra lá. A indústria brasileira começa a sofrer com o problema da concorrência chinesa. E há, não adianta tapar o sol com a peneira, o problema do câmbio. “Ah, como resolve, Reinaldo?” Bem, queridos, se eu tivesse uma resposta pronta, acabaria com aquilo que o ministro Guido Mantega, o maquiador de superávits, chama de “guerra cambial”. Mas este post tem outro propósito. Circula por aí a idéia de aumentar a taxa de importação de alguns produtos. Pois bem. Esse é o tipo de coisa que ministro de estado não conforma. Quando e se decidir fazer, faz. Ponto! Já digo por quê, embora seja obvio.

Pois bem, a reportagem de O Globo foi perguntar para Pimentel algo mais ou menos assim: “É verdade que vocês querem elevar imposto de importação de alguns produtos?” E sabem o que ele fez? Confirmou! Ora, nessas coisas, o óbvio é não falar nada. Até porque, se sou importador de alguma coisa e desconfio que ela estará numa lista de possível majoração, faço o quê? Importo logo, não é mesmo?

Pimentel não só confirma como ainda se orgulha disso. Em sua página da Internet — ele tem uma: aqui —, confirma a existência do estudo: “Pode ser necessário (elevar o imposto), mas como uma ação de defesa comercial, principalmente nos casos em que ficar comprovado que há importação acima das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.

Santo Deus! Coisa de amador!

Começo a entender por que aquela história do bunker de fazedores de dossiês acabou sendo estourada antes da tramóia prosperar.

Por Reinaldo Azevedo

Em matéria de omissão, no entanto (ver post abaixo), nada se equipara a sonegar dos leitores a informação de que Dilma deu um sumiço em 500 UPAs. Essa já é omissão que beira a covardia. Não há por onde: eram 500 unidades até 2010 — entregaram 91 — e outro tanto até 2014: portanto, mil. No Congresso, Dona Dilma Primeira foi clara: pretende entregar 500 UPAs até o fim do mandato. Assim sendo, o primeiro estelionato, ela divide com Lula; o segundo é inteiro da sua conta.

Por Reinaldo Azevedo

Que coisa, hein!? Não custava nada os coleguinhas terem lembrado nos sites, blogs e jornais que a lei que garante a distribuição gratuita de remédios para diabetes e de 2006, assinada pelo próprio Lula. É um fato comprovado, gente! Daqui a pouco, Dilma assina a Lei do Ventre Livre…

Por Reinaldo Azevedo

O cinismo dos governistas não é mais indecoroso que a covardia da oposição, por Augusto Nunes

Em meados de 2009, como lembra o post reproduzido na seção Vale Reprise, a descoberta de mais de mil atos secretos nas catacumbas do Senado só não devolveu José Sarney à capitania hereditária do Maranhão porque Lula socorreu a tempo o Homem Incomum. Os focos de resistência foram sufocados pela ofensiva brutal empreendida por milicianos do PT, veteranos mercenários e cangaceiros arrendados. A quadrilha do faroeste subjugou o vilarejo.

Passados menos de dois anos, os mocinhos sumiram. Nas imagens da animadíssima festa de abertura do ano legislativo, os rebeldes de 2009 ─ um punhado de petistas constrangidos, dissidentes do PMDB e tucanos ou demos não domesticados ─ apareceram misturados à multidão de vilões para reverenciar o chefe do bando. Desde quarta-feira, Sarney está no comando da instituição em adiantado estado de decomposição moral não porque Dilma Rousseff exigiu. O morubixaba octogenário manteve o bastão de mando porque assim decidiram 70 dos 81 integrantes da tribo.

Diante de um plenário lotado, o orador enfadonho transformou o portentoso prontuário num monumento à ética, à transparência e aos bons costumes. Ninguém discordou. Faltou plateia para o curto discurso em que o senador Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, acendeu um fósforo na escuridão ao justificar a decisão de concorrer sem chances: “Minha candidatura é uma forma de dizer não à prática de jogar os graves problemas éticos do Senado para debaixo do tapete. Defendo a revisão de todos os contratos e profunda auditoria nas contas da casa. E, principalmente, total transparência nas contas da casa”. Teve oito votos. Um senador anulou o voto e dois votaram em branco.

Não cabe ao governador fazer oposição, recitam de meia em meia hora os governadores eleitos por partidos de oposição. Nem aos senadores, berrou a rendição sem luta à turma das cavernas. O cinismo dos governistas não é mais indecoroso que a covardia dos oposicionistas. A transformação de uma instituição indissociável do Estado Democrático de Direito numa Casa do Espanto a serviço do Planalto é uma obra coletiva. Deve ser debitada na conta da vigarice suprapartidária.

No mundo inteiro, são os partidos que procuram eleitores. Só aqui milhões de eleitores, inconformados com os estragos produzidos pela Era da Mediocridade, procuram há muito tempo um partido que saiba representá-los. Nesta semana, não encontraram sequer um senador com suficiente altivez para avisar que cada voto dado a Sarney por um oposicionista seria um tapa na cara do Brasil decente. Foram muitos. Nenhum será esquecido.

Romário não é mais sem-vergonha do que aqueles que o elegeram

O deputado (!) Romário (PSB-RJ) foi flagrado jogando futevôlei na praia, no Rio, quando deveria estar em Brasília. Certo pragmatismo cínico tende a achar que, quando um parlamentar está fora de capital federal, o caixa do Brasil está mais protegido. Pode até ser. O que não resolve nada! Romário, Tiririca, esses tipos… O que quer essa gente a não ser usar o que lhes resta de fama para esticar um tantinho a celebridade e, eventualmente, fazer um caixa? É claro que a culpa é do eleitor. Mesmo o mais despreparado, o mais ignorante, sabe que a praia deles é outra. Mas entendem que eles têm o direito de “se dar bem” porque, no lugar deles, fariam o mesmo. Uma pesquisa já demonstrou que muita gente acha normal político empregar parente, confessando que faria o mesmo.  Precisamos de instituições sólidas e respeitáveis porque o povo não é muito menos sem-vergonha dos que os políticos.

Aí alguém diz: “Mas, Reinaldo, então não tem jeito. Se o povo é meio sem-vergonha, elege políticos meio sem-vergonhas, que fazem leis igualmente sem-vergonhas…”

Não é bem assim. A cultura democrática opera o milagre de produzir elites intelectuais - que têm origem em vários setores da sociedade - que acabam construindo uma moralidade institucional de qualidade superior à média do povo.  É por isso que se deve tomar cuidado com políticos populistas, carismáticos, salvadores da pátria, de inclinação demiúrgica. Eles tendem a agredir justamente as salvaguardas das instituições que protegem o povo até de si mesmo.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte: Veja.com.br

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