Tucanos devem espalhar esta notícia: MST não quer eleição de Serra.

Publicado em 15/04/2010 18:22 e atualizado em 16/04/2010 11:31

TUCANOS DEVEM ESPALHAR: MST NÃO QUER ELEIÇÃO DE SERRA

Leiam o que informa Eduardo Scolese na Folha Online:

Em entrevista nesta quarta no Congresso, o líder do MST João Pedro Stedile disse que a vitória do tucano José Serra nas eleições presidenciais seria “o pior dos mundos” para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

“É claro que nós percebemos que a candidatura Serra seria a retomada do neoliberalismo no Brasil, seria a retomada das privatizações, seria a retomada do que foi o governo Fernando Henrique [Cardoso, 1995-2002]. Então, um governo Serra, para nós, seria o pior dos mundos”, disse.

“Eu acredito que na nossa base ninguém vai votar no Serra”, completou o coordenador nacional do movimento.

Apesar do ataque ao tucano, o MST já avisou ao PT que não apoiará formalmente nenhum candidato no primeiro turno das eleições.

A pré-candidata petista, Dilma Rousseff, é vista como uma “desconhecida” no movimento, justamente por seu histórico de pouca proximidade com o tema da reforma agrária.

Comento
Como é que é? Para o MST, Serra não pode ser eleito de jeito nenhum, mas o movimento não dará apoio formal a Dilma? Não? José Rainha, o líder do MST no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, já afirmou que cada assentamento ou área invadida sob o controle dos sem-terra é “um comitê da Dilma”. E não venham me dizer que Rainha é um “dissidente”. Uma ova! Ele só é um líder com mais autonomia do que os outros.

Se fosse tucano - sou bem mais, como posso dizer?, “conservador” do que eles -, daria início agora mesmo a uma campanha na Internet: “Saibam todos: o MST não quer Serra”.

STEDILE, COMO CABO ELEITORAL DE DILMA, EXPLICA A INTENÇÕES DE FRANKLIN MARTINS. UAU!!!

João Pedro Stedile, o chefão do MST, um movimento que, sabemos, é dado a cometer crimes em série — invasões, depredações, abate de animais, destruição de plantações, cárcere privado, assassinatos também — afirmou ontem que o tucano José Serra não pode ser eleito presidente da República. E, como eu disse, os tucanos, se forem espertos, espalham esta informação Brasil afora: “O MST não quer Serra”. Mas, então, quem o MST quer? Há uma conversa mole por aí segundo a qual vai apoiar o Plínio de Arruda Sampaio, o pré-candidato do PSOL que não conta com o apoio nem da proprietária do partido: Heloísa Helena. É puro diversionismo, evidentemente. 

Além de Stedile, estavam à mesa Olívio Dutra, ex-governador petista do Rio Grande do Sul — é aquele que tem bigode, idéias e orelhas parecidos com os de Daniel Ortega, protoditador da Nicarágua — e o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, do PT (primeiro à esquerda). Trata-se de um evento do partido, como a fala de Dutra deixa claro, destinado a reforçar as campanhas eleitorais de Dilma Rousseff e de Tarso Genro, que vai disputar o governo gaúcho. O discurso de Stedile não deixa a menor dúvida sobre com quem ele está, de fato, alinhado. O vídeo autoriza os tucanos a complementar a informação: “O MST não quer Serra; o MST quer Dilma”.

Destaco e comento alguns trechos.

AÇÃO DIRETA
Stedile 
– Não vai haver mudança de poder. Não vai haver mudança de poder se só for na base do voto. Até porque a burguesia está se dando conta de que vai ser muito difícil eles derrotarem a Dilma.”
Stedile é sincero sobre a sua prática, não é mesmo? Não se pode dizer que ele seja um homem que aposta só no voto para “mudar o poder”. Conhecemos bem seus outros métodos.

STEDILE EXPLICA FRANKLIN MARTINS. OU: CONTRA A IMPRENSA
Stedile – O Franklin Martins teve uma sacada muito grande, que é a história da banda larga. Ele tá levantando essa tese de popularizar a banda larga: o estado brasileiro garantir banda larga de graça para o povo. Se isso acontecer, todos os entendidos no assunto dizem: acaba a televisão aberta no Brasil. Porque o sujeito vai ter na frente da tela do computador, de graça, qualquer televisão do mundo. Então, pra que ficar assistindo lá àquele casal maravilhoso das oito e meia? (…) Então eles estão de cabelo em pé, com medo de que a Dilma ganhe e implante a banda larga estatal popularizada.
Mais uma vez, Stedile deixa clara a importância estratégica da eleição de sua candidata — A CANDIDATA DO MST É DILMA. Ninguém conseguiu explicar tão bem o trabalho de Franklin Martins como o chefão do MST. Ele nada mais faz do que vocalizar o que se debate intramuros. As coisas não são tão simples assim. Stedile entende de banda larga e TV aberta o que entende de agricultura: nada! Isso não pôs feijão pra brotar nem em algodão molhado. Mas o declarado objetivo de destruir a televisão brasileira está dado. E, com efeito, é uma ambição compartilhada com Franklin Martins. Na verdade, para ser preciso, não é bem “televisão brasileira”: eles querem quebrar a Globo. E não porque a emissora seja hostil ao governo. Ela não é. Mas porque não se dispõe a servir de porta-voz da turma. E, com esses democratas, é assim: quem não está de joelhos está contra. E que se note: não deixa de ser engraçado ouvir um maoísta dos anos 60 a fazer digressões sobre a banda larga e o mundo na tela de um computador. Eis o mundo contra o qual Stedile luta bravamente. Com amplo financiamento do governo federal.

ATAQUE AO JUDICIÁRIO
Stedile – O segundo campo em que ele estão se fortalecendo é no Judiciário. Aí vai ser a última trincheira (…).
A fala acima é manifestação do que está em curso. Para Stedile, a Justiça é o que ele chama “a última trincheira da burguesia”. Vamos ver: se a burguesia, segundo este revolucionário, tem de ser superada, vencida, então cumpre superar e vencer a Justiça, certo? Como Stedile a considera “a última trincheira” dos inimigos, parece dar todo o resto como território já conquistados. Não por acaso, seus amigos “revolucionários” que estão no poder tentaram cassar prerrogativas do Poder Judiciário no Programa Nacional-Socialista dos Direitos Humanos.

Por que duvidar? Vote em Dilma e leve um Stedile de presente.

MARINA: EM CIMA DO MURO E ACIMA DOS HOMENS REAIS?


Leiam o que informa Bernardo Mello Franco, na Folha Online. Volto em seguida:

Marina diz que não irá posar com bandeira do movimento gay

A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, afirmou nesta quinta-feira que não vai empunhar ou posar para fotos com a bandeira arco-íris, símbolo do movimento gay. Ela disse ter sido vítima de um mal-entendido no episódio em que o vereador Sander Simaglio do PV em Alfenas (MG) a acusou de esconder uma bandeira do movimento gay entregue por ele.

Ao comentar a polêmica, Marina disse: “Não vou levantar a bandeira (arco-íris), assim como não faço como os demais movimentos. Não costumo fazer esse tipo de coisa.” Marina afirmou fazer o mesmo com o MST (Movimento dos Sem-Terra) apesar de se considerar aliada do movimento.

Evangélica, a senadora reafirmou, porém, ser contra o casamento gay religioso. “Existem políticas públicas e nenhuma pessoa pode ser discriminada. Quando se trata de sacramento reivindico minhas questões de consciência como no caso do aborto.”

Em e-mail que circula na rede, Sander Simaglio afirma que Marina se recusou a estender a bandeira em ato na última sexta-feira, em Belo Horizonte. Ele relata ter viajado 800 quilômetros com o presente no bolso do paletó e se diz frustrado com a reação e o “semblante de espanto” da senadora.

“A senhora, para minha surpresa, dá um jeitinho de me abraçar com uma mão e com a outra, por baixo, esconder mais que depressa o símbolo da luta do movimento homossexual brasileiro”, afirma no texto.

Comento
É, a equação é delicada, não é mesmo? Marina se apresenta como uma candidata que, como é mesmo?, não está nem à direita nem à esquerda de Lula, mas à frente. Não é anti-Lula nem anti-FHC. Não é nem contra nem a favor a usina de Belo Monte. Indagada se Cuba é uma ditadura, Marina se nega a ser,assim, tão taxativa… Não, ela não é contra o agronegócio, só se opõe àquele que não respeita o meio ambiente. Ela é a favor do MST, mas é contra a violência. E vai por aí…

Qual é a dificuldade de chamar Cuba de “ditadura”. Ah, isso é coisa da direita!!! Como ela vem dos movimentos sociais, não fica bem… Entendo. Claro que ela não se oporia ao agronegócio — é como ser contra a comida —; só se opõe àquele que agride a natureza. Mas quem define isso? Ultimamente, é a militância, inclusive a de Marina. Logo, Marina não é contra aos parâmetros estabelecidos por… Marina. Quanto ao MST  — e, abaixo, há um vídeo com Stedile no melhor de sua forma —, indaga-se: existe o movimento sem a violência? Quem responde é o chefão.

Ora, quem de nós não é favor de todas as coisas boas e contra todas as coisas ruins? Acontece que, em política, essas coisas se embaralham, e é preciso fazer escolhas. A turma de Marina procura apontar ambigüidades nos adversários. Mas e Marina? Ela é clara?

Há, sem dúvida, uma larga avenida na política para lideranças que se fazem porta-vozes de demandas que não integram o mainstream ou que não são endossadas pelo establishment. Mas há limites. O sujeito até pode ser o deputado ou senador “do meio ambiente”, das “minorias sexuais”, das “minorias raciais”, dos “sem-isso-e-sem-aquilo”. A virtude dessas lideranças, observem, está em rachar o consenso, em demonstrar que as coisas não se dão exatamente como pensa a maioria.

Quem disputa a Presidência tem de unir, tem de buscar é o consenso. Na largada, o tucano José Serra foi mais inteligente e empunhou essa bandeira. Se vai vencer, não sei. Mas fez a coisa certa. Dilma também persegue esse figurino, embora tenha de lutar contra si mesma, já que só entende a linguagem do confronto. Marina está percebendo, como candidata à Presidência, que o mesmo perfil que a alçou a uma liderança de expressão nacional — conhecida no mundo — também acaba por lhe criar limites e constrangimentos. A razão é óbvia: concordar com uma minoria pode significar, em certos casos, opor-se a outras.

O militante gay que agora reclama de seu suposto descaso aprendeu que ela só chegou lá porque enfrentou toda sorte de preconceitos e dificuldades para sair da floresta e ganhar o mundo. Ele também se quer um oprimido na floresta dos preconceitos sexuais. E vê , a exemplo de todas as outras minorias, a sua causa como uma metáfora da causa dela.

Ok. Marina pode não estar nem à direita nem à esquerda. Só que, em vez de estar à frente, corre o risco é de ficar em cima do muro e acima dos homens reais.

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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