Brasil sai muito mal da crise financeira!

Publicado em 18/01/2010 15:25
1. As ações implementadas pelo governo brasileiro para enfrentar a crise produziram resultados numericamente positivos em curto prazo, mas comprometeram a estabilidade econômica e financeira em médio prazo. Na medida em que os números de 2009 vão sendo abertos, fica a sensação de que ao se empurrar os problemas para frente, pode até haver fôlego para terminar 2010, mas a herança para o próximo governo será pesada.
              
2. Mesmo sabendo que a demanda agregada mundial na saída da crise viria reduzida pelo enxugamento dos derivativos e a crise no crédito, e que por isso o gasto público compensatório deveria atuar sobre os elementos da competitividade brasileira, especialmente a recuperação e ampliação da infraestrutura econômica (aeroportos, portos, ferrovias, rodovias, energia, pesquisa...). Mas o que se viu foi o facilitário dos gastos correntes, que afagando o eleitor em curto prazo, vão gerar sacrifícios em médio prazo.
              
3. Com isso, a taxa de desemprego foi sustentada as custas de um aumento do desemprego de maior profissionalização, compensado pelo emprego de menor renda e qualificação. De forma a sustentar o emprego nos setores onde o "sindicalismo cutista" está mais presente, impostos desses setores foram reduzidos, afetando os preços relativos em favor do consumo de bens supérfluos e desestimulando a poupança.
              
4. A consequência foi uma forte baixa na taxa de poupança nacional e, portanto, nos investimentos. A capacidade de crescer em longo prazo foi debilitada.  O déficit público nominal (incluindo os juros), que é o que interessa em nível internacional, dobrou e fecha o ano em mais que 4% do PIB. Enquanto isso, se disfarça a dívida pública líquida com empréstimos intragoverno, em direção aos bancos estatais e, portanto, a dívida pública bruta continuou crescendo.
              
5. O setor externo foi seriamente afetado, transformando, em um ano, a economia brasileira em primário-exportadora pela perda de competitividade do setor industrial. O caso da China é o mais eloquente por ter se transformado no principal parceiro comercial junto com os EUA. A pauta de exportações para a China é de 80% de produtos primários. E as relações comerciais com os EUA se deterioram elevando o déficit e, pela primeira vez em muitos anos, invertendo a proporção de commodities, que ultrapassou os produtos industrializados.
              
6. O déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, em 2009, de 20 bilhões de dólares, será dobrado para 40 bilhões de dólares segundo os especialistas. A inflação comemorada como a mais baixa em alguns anos, deve ser ponderada por suas razões. A crise e a recessão já seriam fator suficiente para a redução do nível anualizado de inflação. Mas sobre isso, o real fortemente valorizado, acentuou a tendência, gerando uma falsa comodidade no curto prazo contra pressões inflacionárias muito maiores a partir de 2010.
              
7. A redução da taxa de juros -vis a vis uma conjuntura recessiva- foi módica, sinalizando -por um lado- a preocupação com a artificialidade dos vetores antiinflacionários descritos e, por outro lado, a necessidade de manter o afluxo de capital externo, engordando as reservas, empurrando a bolsa de valores, mas sinalizando problemas  -tipo bolha- no momento em que o mercado antecipar a artificialidade dos números.
              
8. Se não bastasse, o ano termina com um golpe sobre a segurança jurídica em atos governamentais de caráter político. O paciente foi colocado num respirador artificial e passa bem. Mas a alimentação do mesmo tem vida curta. Caberá ao próximo governo fazer o jogo da verdade, sacrificando sua imagem, e dando a sensação, para a opinião pública média, que o anterior iria melhor. Se isso não ficar evidente ainda em 2010 (como ocorreu em 1998), quem sai estará satisfeito e aguardando 2014. Mas se ocorrer no final de 2010, ou for assim percebido em 2011, o tombo do alto de sua popularidade poderá ser  muito grande.

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PIÑERA, NOVO PRESIDENTE DO CHILE! 51,6% (RN-UDI) X 48,4% (PDC-PPD-PS-PR-IND-PC)!
                          
1. O caminho da direita chilena ao Centro resultou em uma exuberante vitória no segundo turno. No primeiro turno os partidos da Concertación (PDC, PS, PPD, PR), somados ao Partido Comunista e ao candidato independente, deputado socialista Ominami, filho de um líder guerrilheiro morto pela ditadura, somaram 56% e Piñera 44%.
                          
2. O caminho ao Centro permitiu a Piñera atrair da esquerda/centro-esquerda 7,6 pontos absolutos ou 13,6% dos votos daqueles partidos. Confirma as análises realizadas no primeiro turno, que diziam que 1/3 dos eleitores do candidato independente migrariam a Piñera, pois sinalizavam o esgotamento de um longo ciclo de 20 anos da Concertación, que se costuma chamar de "desgaste de material".
                          
3. Este Ex-Blog, semana passada, apresentou um estudo da economia chilena (Jorge Castro), mostrando este esgotamento, traduzido em números abaixo da performance anterior de Chile, o que ajudava a entender as razões da busca de um caminho alternativo, mantidas as mesmas bases.
                          
4. A vitória de Piñera mostra também que a enorme popularidade de Bachelet (75%) não foi transferida a Frei, como muitos pensavam. Um sinal para as eleições brasileiras de 2010, na medida em que -assim como no Chile- os perfis da candidata e do presidente (e lá do candidato e da presidente) não combinam.                            

5. Veja foto de Piñera e Cesar Maia representando o Democratas, comemorando a vitória no primeiro turno

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MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O ESPIGÃO DA ELETROBRÁS NO CORREDOR CULTURAL!
                  
1. A Eletrobrás, com mil funcionários e uma parte em Brasília, não precisa de um prédio de 44 andares.
                  
2. O que pretendem fazer é comprar o terreno e assinar contrato com construtora, que se ressarciria com aluguel da grande parte das salas que a Eletrobrás não precisa.
                  
3. Este Ex-Blog já publicou na parte de anúncios classificados de jornais, o nome da empresa que -já está acertada- para ser contratada. É uma importante empreiteira do Rio.
                  
4. O Conselho de Administração da Eletrobrás não foi ouvido ainda. Há Conselheiro que não está disposto a colocar sua assinatura nessa "autorização".
                  
5. Nomes dos Conselheiros: José Antonio Muniz Lopes Lindemberg de Lima Bezerra Luiz Soares Dulci Marcio Pereira Zimmermann (presidente) Miriam Aparecida Belchior Virginia Parente Barros Wagner Bittencour de Oliveira.

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NÚMEROS COMO REFERÊNCIAS PARA AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010!
                  
1. Eleitores por Região. S. Paulo: 22,3% Demais Estados do Sudeste: 21,3% Bahia: 7% Demais Estados do Nordeste: 20,1% Sul: 15% Norte: 7,2% Centro-Oeste: 7,1%.
                  
2. Avaliação de Lula em abril de 2006: Ótimo+Bom 37%. Ruim+Péssimo 23% Em agosto (antes da TV) de 2006: Ótimo+Bom 45%. Ruim+Péssimo 18%.  (DataFolha)
                  
3. Resultado do Primeiro Turno em 2006. Votos Válidos: Lula 48%. Alckmin 42%. Heloísa Helena 7% Outros 3%. (DataFolha).
                  
4. Pesquisa Dezembro de 2009. Votos Válidos: Serra 45%. Dilma 28%. Ciro 16%. Marina 10%   Serra 52%. Dilma 34%. Marina 14%. (DataFolha).

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ESTUPRO NA APAC DO CATETE: ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA AVANÇA!
                  
1. Ex-Casa de Saúde São Sebastião. Rio-Filmes quer fazer um centro cultural. Muito bom. Mas o advogado Luiz Fernando diz que conseguiu mudar a ATE do terreno. Essa decisão do aumento da ATE deveria ser embargada, e já. Ou por desmentido da prefeitura ou por ação judicial.
                  
2. Cópia do e-mail recebido por potenciais compradores. "Ontem na Supac, tive acesso a ata da última reunião do Conselho de Tombamento, no dia 17 de dezembro.  Meu pleito foi atendido; o aumento de ATE do terreno da Bento Lisboa.  Porém, devido a férias do diretor do órgão, a decisão só será publicada no D.O., no início de fevereiro, burocracia... Porém agora temos uma decisão concreta, lavrada e assinada. Portanto no próximo mês, vamos dar início ao negócio.  Abraços Luiz Fernando."

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Fonte: Blog do Cesar Maia

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