O fenômeno Bolsonaro, por Rodrigo Constantino

Publicado em 09/10/2018 05:49
Na Gazeta do Povo

Jair Bolsonaro é um fenômeno de popularidade e surpreendeu a quase todos, em especial o establishment. Entender como isso foi possível é o objetivo aqui. Como foi que um simples deputado do Rio se tornou o “exército de um homem só” contra tantos partidos poderosos?

O feito não é trivial. A decisão do Supremo de vetar financiamento de empresas concentrou quase todos os recursos no Fundo Partidário e no fundo eleitoral, uma estatização da política que encheu os cofres dos caciques com mais de R$ 3 bilhões. Isso sem falar do caixa dois, lembrando que Palocci confessou que o PT torrou R$ 1,4 bilhão para eleger Dilma, quase tudo por fora.

Bolsonaro, no minúsculo PSL, teve de se virar praticamente sem recursos. Contava com o apoio voluntário nas redes sociais, lotava aeroportos e despertou uma militância aguerrida alimentada por puro patriotismo. Ligava seu celular com conexão 4G, porém, e fazia uma live com mais de 200 mil pessoas acompanhando. Quem precisa da tevê na era moderna?

A cada instante algum formador de opinião previa que Bolsonaro iria “desidratar” quando a máquina de moer fosse colocada contra ele. Tempo de televisão, Fundo Partidário, cabos eleitorais, movimentos “espontâneos” liderados por artistas e a imprensa – claro, a imprensa – metendo o pau nele dia e noite. Mas o teto era móvel, e ele continuou subindo nas pesquisas. Apesar de tudo. Por causa de tudo!

E eis aqui o xis da questão: Bolsonaro se tornou o candidato “antifrágil” por representar justamente o combate a esse establishment, ao politicamente correto, a essa mídia enviesada e torcedora, que vem aliviando para o PT desde sempre, enquanto retrata o capitão como basicamente um novo Hitler. Ele é um outsider nesse aspecto, e a população percebe as manipulações, as deturpações, as mentiras e exageros.

Enquanto os jornalistas chamam o que os criminosos do MST fazem de “ocupação”, eufemismo para invasão, lá está Bolsonaro a dar nome aos bois: são terroristas! E os produtores rurais devem ter o direito de se armar para se defender, completa. Alguém fica mesmo surpreso com o apoio que vem recebendo do agronegócio?

As feministas radicais, que não dão um pio sobre o machismo grosseiro de Lula ou as supostas agressões de Freixo denunciadas pela ex-mulher, tomam as ruas para gritar #EleNão, ignorando que isso significa, na prática, defender a volta do PT e de Lula. Segundo pesquisas, mais de 60% do público presente nessas manifestações era simpático ao PT ou ao PSol. Alguém fica surpreso com o efeito bumerangue dessa militância hipócrita, levando logo depois a um aumento de seis pontos porcentuais nas intenções de voto de Bolsonaro?

Vários articulistas tentaram pintar Fernando Haddad como alguém pragmático e moderado, enquanto sobravam rótulos terríveis para Bolsonaro: machista, homofóbico, racista, fascista. Haddad, por outro lado, virou um intelectual prudente. Textos e mais textos sobre como Bolsonaro representava uma ameaça à nossa democracia, escritos por gente que fingia ter hibernado nas últimas décadas, não ter conhecimento do que o PT tentou fazer, de seu projeto oficial golpista, de sua defesa do modelo venezuelano.

José Dirceu, que fala demais por arrogância, chegou a declarar o real intuito: tomar o poder, independentemente do resultado eleitoral. Haddad mesmo falou em nova Constituinte, e todos sabem que Lula quer vingança contra a Justiça e se arrepende de não ter avançado mais no bolivarianismo, especialmente no controle da imprensa. Alguém surpreso com a reação do público ao ver essa defesa canalha do PT como salvador da nossa democracia?

E aqui temos o maior trunfo político de Bolsonaro, além de ser visto como honesto e firme contra a bandidagem: seu antipetismo. A eleição caminhou para uma espécie de plebiscito sobre o lulopetismo, com ajuda da mídia e dos institutos de pesquisa, que insistiram em colocar Lula, um bandido preso e condenado, como líder das pesquisas durante um bom tempo. O perigo crescente da volta do PT e do que isso significa, isto é, a transformação do Brasil numa Venezuela, foi o principal ativo eleitoral de Bolsonaro.

Antigamente esse sentimento era capturado pelos tucanos, mas a postura do PSDB impediu a continuação desse jogo fácil. Os tucanos nunca foram oposição real ao PT. São esquerdistas também, ainda que mais moderados. Vieram de origem parecida, como socialistas fabianos. E FHC, o líder tucano, demonstrou desde o começo mais medo da “onda conservadora” que da possibilidade de volta do PT. A população não é idiota: entendeu que não precisa mais ser refém dos tucanos, esquerdistas engomadinhos, socialistas com perfume francês. Há agora uma alternativa à direita, de fato.

Enfim, esse foi o caldo cultural que explica o sucesso de Bolsonaro, de forma resumida. A elite se aprisionou numa bolha cognitiva “progressista”, confundindo o Leblon e a Vila Madalena com o Brasil. Suas pautas, como legalização de drogas e aborto, casamento gay ou ideologia de gênero, não falavam aos brasileiros comuns, interessados em segurança, emprego, saneamento básico e ensino de qualidade, em vez de doutrinação ideológica. O esgarçamento dos valores morais foi a gota d’água: o Brasil petista virou uma baixaria constante, e é preciso resgatar um comportamento mais ético.

Enquanto mais de 60 mil pessoas eram mortas por ano, a elite “descolada” repetia que o marginal é uma “vítima da sociedade” e demandava leis ainda mais restritas ao direito individual de se armar como legítima defesa, apesar de plebiscito que mostrou o desejo contrário do povo. Alguém surpreso com a popularidade do gesto de Bolsonaro ao imitar uma arma com a mão?

Para concluir, já é possível fazer uma análise mais detalhada do fenômeno Bolsonaro. Esses fatores abordados aqui foram apontados meses, anos atrás. Mas a elite ignorou todos os alertas, pois estava fechada em sua bolha. É o que dá ter um mapa de fundo totalmente equivocado, fruto de uma torcida ideológica, não de uma análise independente.

Foi assim com Trump também, mas essa turma nunca aprende…

POR QUE O ÚNICO CAMINHO DO BRASIL AGORA É ELEGER BOLSONARO

Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

O domingo 7 passou e a novidade de cores liberais e conservadoras veio como trator. Algumas conquistas importantes e históricas podem ser assinaladas:

  • A ascensão meteórica de candidatos a governos estaduais que desafiam as oligarquias e ortodoxias políticas. Emblemáticos os casos de Minas Gerais, em que Romeu Zema, do Partido Novo, liderou o primeiro turno e enfrentará o PSDB de Anastasia, deixando para trás o PT de Fernando Pimentel, e o Rio de Janeiro, que, com Wilson Witzel (PSC), enfrentará Eduardo Paes (DEM), podendo romper a hegemonia de criaturas políticas de Brizola e do MDB.
  • A formação inevitável de uma bancada robusta de parlamentares que levarão adiante as pautas liberais e conservadoras. Nomes como Kim Kataguiri, Arthur do Val, Janaína Paschoal, Marcel Van Hattem, entre muitos outros, conseguiram votos impressionantes e estarão acessíveis às nossas ideias no Parlamento brasileiro.
  • Nomes de luxo entre as esquerdas e o petismo, como Dilma Rousseff, Lindbergh Farias e Roberto Requião, entre diversos outros, foram simplesmente “varridos”, juntamente com vários filhotes de políticos corruptos e fisiológicos poderosos, como a filha de Eduardo Cunha e o filho de Sérgio Cabral no Rio.

É claro que nem tudo são flores. O PT ainda tem uma grande bancada, a esquerda continua muito poderosa no Nordeste e conseguiu evitar a vitória de Jair Bolsonaro, do PSL, já em primeiro turno para a presidência da República. Como se previa, ele enfrentará pelo resto do mês, definindo-se a luta no dia 28, o fantoche de Lula, o petista Fernando Haddad.

O raciocínio para esse segundo turno é muito simples. Não há o que tergiversar. Vamos a ele:

JAIR BOLSONARO (PSL)

Motivos para não votar: Jair Bolsonaro começou sua carreira política basicamente como um defensor dos interesses particulares dos militares, com o tempo assumindo a representação de pautas que contestam o “progressismo” político e o politicamente correto. Do ponto de vista econômico, sua performance não é satisfatória ao longo de sua biografia, tendo apoiado medidas estatizantes e votado contra pautas que encaminharam o país em uma direção de maior responsabilidade fiscal.

Pode-se dizer que isso em parte se deve a uma formação pessoal e geracional diferente, mas Bolsonaro também por muitas vezes se expressou e portou de forma “bronca”, agiu com destempero e, a despeito de a maioria delas ser distorcida ou exagerada, já fez declarações que são, realmente, injustificáveis, em especial a respeito de homossexuais.

Ainda que isso não seja propriamente culpa sua e que não sejam de forma alguma a maioria, existem, em meio à sua militância e base de apoio, figuras de índole questionável, com ideias extremistas e dispostas a “dinamitar” pontes que precisamos construir entre nós, a despeito das divergências, se quisermos realizar algo em prol do Brasil.

Sua percepção pessoal do período do regime militar é também simplificada e idealizada, afinal não se deveria negar que o AI-5 estabeleceu um regime com todos os requisitos necessários para ser classificado como uma ditadura, ainda que incomparável aos regimes comunistas e totalitários, além de os militares terem promovido um “golpe interno” em 1968 ao impedirem o vice de Costa e Silva, o civil udenista Pedro Aleixo, de assumir o poder. É natural e compreensível que haja insegurança sobre o que será efetivamente o seu governo e que permaneçam pairando incertezas sobre os comportamentos que exibirá como líder da nação, não dispondo de experiência alguma como gestor.

Motivos para votar: Jair Bolsonaro não tem origem no pensamento liberal-conservador, mas soube sentir a emergência da “onda” daquilo que alguns de nós chamamos de “nova direita” e se aproximar, em algum nível, de seus intelectuais, militantes e discursos. Montou uma equipe que reúne economistas de teor francamente liberal, em especial o nome forte de Paulo Guedes. Mostrou-se capaz de admitir ignorância e reconhecer erros. Não tem histórico de corrupção. Tem disposição para apontar o dedo contra o lulopetismo e contra o conjunto dos males cometidos pela extrema esquerda. Se Bolsonaro tem uma admiração exagerada pelo regime militar, já evoluiu em direção a admitir que não se cometeram apenas acertos naquele período, e trata-se de regime extinto há três décadas, cujas características ele garante não ter a menor intenção de reimplantar no Brasil – ao contrário de seus adversários, que defendem tiranias socialistas em pleno vigor e alardeiam em seus programas de governo e cadernos de teses a intenção de estabelecer seus moldes em nosso país. Sua eleição pode representar uma vigorosa e necessária reorientação da política externa do país, endurecendo o discurso contra a ditadura venezuelana e conectando o Brasil à liderança de Donald Trump, de Israel e da boa cepa do mundo ocidental.

O presidenciável se tornou um fenômeno de massas, o que lhe garantiu sua competitividade...; se por um lado fenômenos de massas oferecem riscos, por outro tudo que sempre quisemos foi um candidato de direita que conseguisse ser nacionalmente popular e rompesse o anteparo hegemônico da social democracia e do socialismo, e se esse homem, com todos os seus defeitos, é Jair Bolsonaro, cabe-nos compreender o fenômeno e procurar aproveitá-lo.

O programa de governo de Bolsonaro elenca o foco no liberalismo econômico como solução que “reduz a inflação, baixa os juros, eleva a confiança e os investimentos, gera crescimento, emprego e oportunidades”; o comércio mais livre com o mundo inteiro, sem viés ideológico; o desaparelhamento das estruturas federais; a redução de ministérios; o combate à indisciplina em sala de aula, à doutrinação ideológica e uma reforma no currículo, estimulando o empreendedorismo; reforma na legislação penal para endurecer as penas contra criminosos, reformar o Estatuto do Desarmamento e tipificar como terrorismo a invasão de propriedades rurais perpetrada por grupos como o MST; estabelecer um plano franco de privatizações de estatais, ainda que Bolsonaro resista à privatização de algumas delas; Reforma da Previdência; simplificação tributária; aprofundamento da Reforma Trabalhista; independência formal e política do Banco Central, entre outras ideias importantes e, no geral, compatíveis com nossos princípios e valores.

FERNANDO HADDAD (PT)

Motivos para não votar: TODOS

Motivos para votar: NENHUM

Com a devida vênia dos discordantes, é uma escolha muito fácil, posto que realista e racional. Suspendamos trocas gratuitas de ataques, responsabilizações, agressões internas, e vamos todos – NOVO, MBL, PSL – trabalhar juntos para salvar o Brasil do projeto ditatorial do Partido dos Trabalhadores.

O inimigo é claro e, desta vez, não há nenhum outro caminho para pará-lo que qualquer um possa cogitar a não ser ajudar a candidatura de Jair Bolsonaro.

Tenhamos humildade e senso de responsabilidade nesta hora definitiva! (Julio Berlanza, Instituto Liberal).

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Fonte: Blog Rodrigo Constantino

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