Bolsonaro tem se mostrado como massa de pão: quanto mais apanha, mais cresce!

Publicado em 20/11/2017 13:10 e atualizado em 21/11/2017 03:29
por RODRIGO CONSTANTINO (na Gazeta do Povo)

"Não me arrependo de nada, mas todos nós evoluimos"... Acredito que essa frase, dita pelo pré-candidato Jair Bolsonaro, resume bem o teor de sua entrevista no Canal Livre este fim de semana. Os jornalistas tentaram colocar o deputado contra a parede com base em declarações antigas, de duas décadas ou mais atrás, mas Bolsonaro se saiu bem, mostrou maior serenidade, contextualizou o que disse como desabafos em momentos delicados, e justificou porque deve ser considerado diferente dos demais pré-candidatos.

Usar falas bem antigas para cobrar respostas e coerência de alguém que pretende ser presidente é legítimo, e não acho que admirador algum de Bolsonaro deveria sentir raiva disso. Esse deve ser o papel do jornalismo mesmo. O problema não é apertarem Bolsonaro, e sim só apertarem Bolsonaro! Ou seja, não cobram a mesma postura dos demais, não exigem conhecimento sobre economia dos outros, não resgatam suas falas de décadas atrás para expor seu radicalismo.

É esse duplo padrão da mídia que muita gente nota e rejeita. Bolsanaro já disse muita besteira mesmo, no calor do momento, e tem um passado nada liberal, o que gera uma desconfiança legítima quanto a essa recente aproximação (que pode, porém, ser absolutamente real). Mas o povo não é trouxa e percebe que só Bolsonaro é massacrado dessa forma pelos jornalistas, enquanto os comunistas são poupados. Vejam a entrevista:

Num país que ainda tem tantos comunistas em destaque, na imprensa, na política e até com chance de regressar ao poder federal, parece estranha a obsessão de todos contra Bolsonaro, como se ele fosse a grande ameaça, não Lula, não o PT, não suas linhas-auxiliares. Vejam, por exemplo, o que Lula disse, com seu tradicional escárnio, em evento do PCdoB (sim, comunista):

— Tem gente que reclama e fala que sou de extrema esquerda, que o Bolsonaro é de extrema direita e diz que o Brasil precisa encontrar um meio-termo. Que a Manuela seja esse caminho do meio.

A Manuela é, claro, a D’Ávila, defensora do comunismo, da Venezuela, de Cuba. O “caminho do meio” para o fanfarrão Lula! O PT defende oficialmente o comunismo, mas a preocupação da mídia é com Bolsonaro: faz sentido? Isso não comprova o viés ideológico de esquerda dessa mesma imprensa?

É justamente essa torcida da mídia pela esquerda que leva tanta gente para o lado de Bolsonaro. E quando os típicos formadores de opinião tratam esses eleitores como “deploráveis”, como fascistas alienados, isso gera mais revolta ainda, e coloca mais gente do lado dele.

“Quantas mulheres você pretende ter em seu ministério?”, perguntou o apresentador da entrevista. Pegadinha lamentável para tentar pintar Bolsonaro como machista. Mas faz sentido essa pergunta? Ela já não denota o coletivismo tosco e a adesão ao politicamente correto dessa turma? A única resposta razoável seria: não vou filtrar meu ministério com base no sexo ou na raça, e sim na competência. Foi mais ou menos o que disse Bolsonaro, para espanto da elite na bolha, e para os aplausos de quem tem bom senso.

Essa entrevista mostra um Bolsonaro mais calmo, mas ainda firme na defesa de seus valores, que são, em boa parte, aqueles da população em geral. Os jornalistas tentam colocá-lo contra os gays, por exemplo, mas Bolsonaro se sai bem: não quer é o governo e os educadores estimulando o comportamento homossexual, o que pode soar terrível para a bolha, mas é música para os ouvidos da multidão.

Enfim, vão tentar bater mais e mais em Bolsonaro, como jamais bateram em Lula. Mas, de fato, Bolsonaro tem se mostrado como massa de pão: quanto mais apanha, mais cresce!

Rodrigo Constantino

Entre o ruim e o pior (editorial do ESTADÃO)

Ainda há um longo caminho a percorrer até a eleição presidencial de 2018, quando então se saberá quais as reais chances de cada um dos postulantes, mas o cenário atual não sugere um futuro promissor para o País. O Brasil que trabalha e preza a democracia certamente não se vê representado por nenhum dos líderes nas pesquisas de intenção de voto – Lula da Silva e Jair Bolsonaro –, pois qualquer um deles, a julgar pelo que andaram prometendo na área econômica, constitui séria ameaça à recuperação do País. Essa tem de ser a principal motivação, neste momento, para que as forças vivas da Nação deixem suas divergências políticas de lado e se organizem em torno de um projeto eleitoral viável, capaz de interromper o que poderá ser uma marcha forçada rumo ao atraso.

Dizendo-se não uma pessoa, mas uma “ideia”, o demiurgo de Garanhuns pretende ser a própria encarnação do “povo”, apostando na falta de memória e de informação de muitos eleitores, sem consciência do desastre causado pelos governos petistas. É com essa desfaçatez que Lula se apresenta como salvador dos pobres, sacrificados por uma crise que ele mesmo criou, seja por sua própria iniciativa, seja pelos “méritos” do patético governo de sua sucessora, Dilma Rousseff. Não bastasse isso, as propostas que Lula tem feito até aqui para a superação dos graves problemas econômicos nada mais são do que uma versão ainda mais catastrófica dos erros cometidos por ele e Dilma.

Lula insiste que a saída para a crise é “colocar o pobre no Orçamento”. Sabe-se lá o que isso significa, pois quanto mais os pobres são citados por aqueles que dizem querer protegê-los, mais pobres eles ficam. Foi exatamente o que aconteceu nos governos petistas, eleitos sob a bandeira da “justiça social”: enquanto Lula e Dilma exaltavam seus supostos feitos nessa área, a desigualdade social no País permanecia intocada, conforme estudos recentes constataram. Mais do que isso: graças à irresponsabilidade dessa dupla, a vulnerabilidade dos mais pobres cresceu. E ainda assim, mesmo prometendo revogar os pilares sobre os quais se assenta a dura reconstrução do Brasil, entre os quais o teto dos gastos, Lula da Silva lidera as intenções de voto.

O segundo colocado nas pesquisas, o iracundo Jair Bolsonaro, não fica muito atrás de Lula quando se trata de explorar a apatia do eleitorado. Oferecendo-se como alternativa ao establishment político, Bolsonaro fez sua carreira gritando em público aquilo que seus admiradores só sussurram em privado. Foi com base em refinada boçalidade – que inclui a defesa da tortura – que Bolsonaro começou a se viabilizar como candidato à Presidência, mas, ciente de que isso não basta para ser realmente competitivo, o deputado quer agora convencer a opinião pública de que, além de defender a violência, é capaz de governar.

Para isso, começou a soltar comunicados “aos cidadãos do Brasil” nos quais assegura que está construindo “uma pauta propositiva moderna, dentro de parâmetros profissionais e éticos”. Depois de confessar que não entende nada de economia, cercou-se de alguns economistas para fazer crer que o País não correrá nenhum risco caso ele venha a ser eleito. No último desses comunicados, informou que defende “um Banco Central independente”.

Nem parece o mesmo Bolsonaro que, em entrevista ao Estado há apenas sete meses, disse que “você não pode dar independência” para o Banco Central, porque, “se deixar à vontade (...), esse pessoal vai inventar uma maneira de ajudar mais o sistema financeiro”. Na “metamorfose” de Jair Bolsonaro acredita quem quer.

Na prática, há muito pouca diferença entre Lula e Bolsonaro quando o tema é economia. Ambos defendem um nacional-desenvolvimentismo semelhante ao do regime militar, cuja adoção pelos governos petistas foi determinante para a catástrofe que se abateu sobre o País. E ambos falam em rever o limite estabelecido para os gastos públicos.

Assim, uma eventual vitória de um ou outro teria como resultado não apenas uma profunda cisão na sociedade, o que já seria em si terrível, mas também a retomada do mais grosseiro populismo. Ainda há tempo para evitar esse funesto desfecho.

UM “NEOLIBERAL” NA REVOLUÇÃO, Por Percival Puggina

Penso que avançaremos mais no combate à criminalidade se examinarmos a hipótese de estarmos, simultaneamente, sob os raios e os trovões de uma posição filosófica e de uma atitude política que a estimulam. Elas penduram a criminalidade num varal que tem uma ponta no capitalismo e outra na exclusão social. Na lógica da análise marxista, que faz da vítima um malfeitor, o ladrão é um justiceiro, pararrevolucionário que ainda não compreendeu bem sua trincheira. Ou, quem sabe, um neoliberal da revolução, assumindo na iniciativa privada aquilo que deveria ser socializado pelo coletivo. Aliás, é mais fácil combater o capitalismo com discurso do que vender o socialismo com exemplos.

Pensando sobre isso, lembrei-me de um artigo que escrevi para Zero Hora em 2 de fevereiro de 2001. À época, Tarso Genro era prefeito de Porto Alegre e Olívio Dutra governava o Rio Grande do Sul. Sim, sim, já passamos por isso. O referido texto tratava de um assalto ocorrido poucos dias antes na capital gaúcha e que, em vista de suas peculiaridades, ganhara destaque no noticiário.

Por azares da vida, no momento da abordagem, a vítima estava sendo entrevistada por um veículo da RBS, tornando possível a gravação, a transcrição e a divulgação da conversa que se travou entre o assaltado e o assaltante. Esse diálogo, absolutamente incomum, levou o episódio ao noticiário de Zero Hora e motivou o artigo que releio enquanto escrevo. Pasme, leitor: durante a abordagem, o assaltado afirmou e sublinhou, de maneira insistente, sua condição de pessoa conhecida, de dirigente petista presente nos noticiários daquele mesmo dia, de amigo do governador e do prefeito. Foram, ao todo, seis tentativas de trazer política à conversa com o assaltante.

Quem, na condição de assaltado, cuidaria de se apresentar como pessoa importante? Fazê-lo seria algo arriscado pois poderia aguçar a ganância do criminoso. Havia um intuito e uma estratégia naquela atitude. O assaltado tinha convicção de que produziria efeito positivo sobre o bandido. Intuía que sua posição estabeleceria uma conexão entre ambos. O assaltante, porém, não foi sensível. “Não quero saber do teu trabalho, né meu? Minha caminhada é uma, a tua é outra.”

Com essa frase, a política saiu da pauta do assalto. E o assalto entrou na pauta da política. Afinal, nossa insegurança tem a ver com ele. A vítima, ali, sabia que para a esquerda marxista brasileira tudo se resume a uma luta pelo poder, daí porque a palavra “luta” só deixa a frase do discurso para virar cartaz de passeata. Sabia, também, que toda ruptura da ordem serve à causa, quer seja uma invasão de escola por meia dúzia de adolescentes, quer seja a revolta de um presídio. Aprendeu que permissividade com o roubo abala o valor do direito de propriedade. Soube que para Foucault, guru da New Left, “As prisões não diminuem a taxa de criminalidade: pode-se aumentá-las, multiplicá-las ou transformá-las, a quantidade de crimes e de criminosos permanece estável, ou, ainda pior, aumenta.” Ou, como li outro dia num trabalho acadêmico: “O controle social institucionalizado, realizado pelo jus puniendi, com instrumentalização dada pelo Sistema Penal, carece, hodiernamente, de fundamentação teórica e filosófica que lhe dê sustentação, legitimidade.”

É fácil entender o quanto essa concepção resulta aconchegante aos criminosos, desestimula a criação de vagas prisionais e tem oferecido aos fora da lei segurança e condenações sem qualquer eficácia.

Marajás da Previdência custam R$ 700 milhões por ano. E quem paga a conta é você! (por LUCIO VAZ, na GAZETA DO POVO)

Os benefícios pagos pela Previdência Social têm teto de R$ 5,5 mil, mas há exceções. São exatamente 6.655 exceções, com valor médio de R$ 8,1 mil e custo mensal de R$ 53,9 milhões – ou R$ 700 milhões por ano. Doze desses benefícios superam até mesmo o teto constitucional (R$ 33,7 mil), equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

No seleto grupo dos marajás da Previdência, a aposentadoria de anistiado chega aos R$ 49,8 mil. Pensões por morte de anistiados alcançam R$ 39,6 mil. Há ainda pensões por morte de ex-combatentes, com valores entre R$ 34 mil e R$ 38,7 mil (veja lista abaixo).

Além das aposentadorias e pensões de anistiados e ex-combatentes, há benefícios acima do teto previdenciário (R$ 5.531,31) em decorrência de acidentes ou morte no trabalho, salário-maternidade, pensão por morte de trabalhador e empregador rural e aposentadorias especiais.

Mas os valores mais elevados entre aqueles que recebem acima do teto previdenciário estão nas aposentadorias dos anistiados: são 130 beneficiados, com média de R$ 14,5 mil. As 279 pensões decorrentes de morte de anistiados têm o valor médio de R$ 13,8 mil.

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Ainda entre as aposentadorias de anistiados, há um grupo de 22 beneficiários com renda média de R$ 33,4 mil – muito próximo do teto constitucional. Entre os pensionistas de anistiados, 26 pessoas recebem R$ 32,5 mil em média.

Esses benefícios excepcionais são pagos com base em legislação específica ou por força de decisões judiciais. Não são repasses previdenciários. Classificados como Encargos Previdenciários da União, são pagos pelo INSS com recursos do Tesouro Nacional. Ou seja, no final das contas, quem paga são os contribuintes. Acima do teto constitucional, os benefícios são autorizados por decisão judicial.

Superaposentadorias

Acima do teto constitucional

Valor do teto: R$ 33,7 mil

Data da extração dos dados: 5/set/2017

Fonte: INSS. Infografia: Gazeta do Povo.

 

Ex-combatentes

Os 139 ex-combatentes aposentados que recebem acima do teto previdenciário têm uma renda média de R$ 11,5 mil – cerca de duas vezes o limite para o segurado do INSS. No caso dos 413 pensionistas de ex-combatentes, a média de rendimentos fica em R$ 9,9 mil.

Quinze ex-combatentes aposentados recebem em média de R$ 32 mil. Entre os pensionistas, há 45 com média de R$ 33 mil (veja lista completa no final deste post).

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O maior volume de recursos de benefícios acima do teto previdenciário sai de duas categorias. A aposentadoria por tempo de contribuição custa R$ 13,2 milhões mensais, com 1.514 beneficiários e média de R$ 8,7 mil. As pensões por morte previdenciária acima do teto custam R$ 16,8 milhões, com 2.366 contemplados e rendimento médio de R$ 7,1 mil.

Os “sem privilégios”

Na outra ponta da pirâmide previdenciária estão brasileiros quase que desamparados. O amparo social ao idoso tem 2 milhões de beneficiários com renda média de R$ 937. Apenas três deles estão acima da média, com rendimento de R$ 1,2 mil.

O amparo social a 2,5 milhões de portadores de deficiência tem benefícios com valor médio de R$ 937. Somente 13 dessas pessoas superam esse valor – 12 com renda média de R$ 1,1 mil e uma com rendimento de R$ 2 mil.

No meio rural, o quadro é o mesmo. Os 420 mil pensionistas por morte de trabalhador rural têm renda média de R$ 936. Apenas três superam esse valor, com média de R$ 1,6 mil. As aposentadorias de trabalhador rural por invalidez somam 92 mil, com média de R$ 937. Nem um único trabalhador recebe benefício acima desse valor.

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No caso dos empregadores rurais, a situação é um pouco melhor. As 10 mil pensões por morte de empregador rural têm valor médio de R$ 961, mas 71 desses pensionistas recebem R$ 2,2 mil em média, enquanto 11 têm renda em torno de R$ 3,1 mil.

Exceto por decisão judicial

Questionado pela Gazeta do Povo, o INSS afirmou que as aposentadorias excepcionais de anistiados, pagas pela Previdência Social até sua substituição de pagamento pelo Ministério da Justiça, se submetem ao teto estabelecido pela Constituição Federal, cujo valor corresponde à remuneração dos ministros do STF.

As pensões por morte concedidas a partir de maio de 1999, derivadas dessas aposentadorias, submetem-se ao limite do teto previdenciário. “Identificado pagamento a maior, ou seja, acima destes limites, caberá ao INSS adotar os procedimentos de apuração e revisão da renda mensal do benefício, exceto se definida por decisão judicial ou recursal.”

O INSS acrescentou que os benefícios de legislação especial, pagos pela Previdência Social à conta do Tesouro Nacional e de ex-combatentes iniciados até 16/12/1998, se submetem ao teto de ministro de Estado. Os reconhecidos após esta data se submetem ao teto previdenciário.

As pensões de anistiado, espécie 59, concedidas pelo INSS a partir de maio de 1999, derivadas de aposentadoria excepcional de anistiado mantida pelo INSS na data do óbito do segurado instituidor, submetem-se ao limite estabelecido no Regulamento da Previdência Social. Nenhum benefício reajustado poderá exceder o limite máximo do salário-de-benefício na data do reajustamento, respeitados os direitos adquiridos.

Superaposentadorias

 

Acima do teto previdenciário

Valor do teto: R$ 5,5 mil

Folha de setembro

Data da extração dos dados: 20/out/2017

Fonte: INSS. Infografia: Gazeta do Povo.

 

UM “NEOLIBERAL” NA REVOLUÇÃO

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Fonte: Blog Rodrigo Constantino (GP)

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