A morte do petista Marco Aurélio Garcia e a fenda na xícara que leva à terra dos mortos, por Reinaldo Azevedo

Publicado em 24/07/2017 09:49

Silenciei sobre a morte do petista Marco Aurélio Garcia, ocorrida na quinta, por uma razão simples: dado o que penso, segundo os meus valores, eu não tinha nada de bom a dizer a respeito dele. Ao contrário: quem acompanha o meu blog conhece as, sei lá, muitas dezenas de posts que lhe dediquei desde que se tornou assessor especial de Lula. E não me lembro de nenhum elogioso.

Para mim, tudo estava dito. Notem: ele não era uma personagem central da história. Sim, já enfrentei a tarefa desagradável de falar mal de mortos, mas só o faço se considerar inevitável. E, no caso, pareceu-me, sim, evitável. Não há como; quem me conhece sabe que sou assim: penso na dor dos familiares e dos amigos e sinto um desconforto enorme. Não considerando, pois, essencial a apreciação negativa da obra daquele que se vai, abstenho-me. É o que me diz o decoro. E não abro mão dele.

O registro que faço aqui é outro. Sei que sou duro no debate. Ainda na segunda, no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, recorri à energia e à clareza que julguei necessárias para expor meu ponto de vista. Em regra, não sou exatamente suave no confronto de ideias. Mas evito e repudio a brutalidade. E é de brutalidade que vou falar.

Chegaram-me ecos do que se disse nas redes sobre a morte do petista. Mais: uma nota respeitosa, decorosa, própria de quem exerce um cargo de Estado, emitida por Aloysio Nunes, ministro das Relações Exteriores, deu início a um tsunami de baixarias como raramente se viu: contra Marco Aurélio, o morto, e contra o ministro. E, claro, os conteúdos mais furibundos estão atrás de pseudônimos, de gente que não tem cara, que parece sentir especial prazer em propagar o ódio, o fel, a maledicência gratuita.

Mais: constata-se de imediato que os mais enfáticos, os mais carregados de certeza, os mais virulentos são, também, os mais ignorantes. Eis aí um dos grandes riscos que corremos nestes dias: nunca a opinião destituída de lastro, nunca a sentença judiciosa descolada das leis, nunca a narrativa belicosa divorciada da história foram tão presentes e tão influentes. E as pessoas vão dizendo o que lhes dá na telha, fazendo tábula rasa de biografias, esmagando qualquer chance de um confronto civilizado de ideias.

Leia a íntegra no blog de Reinaldo Azevedo

 

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo - RedeTV

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