Moscas azuis sobre Maia. Se Temer cair, “Diretas-Já” ganhará as ruas, e o PT vai aplaudir de pé! Por Reinaldo Azevedo
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou o dia de ontem cercado de moscas azuis. E elas o picavam aqui, ali, acolá… Gente que acompanhou o cerco de perto e as conversas de corredor a que tive acesso me fizeram pensar na “performance sedutora” dos diabos das peças de Gil Vicente ou Padre Anchieta. São canhestros, desastrados, até divertidos na sua parvoíce.
E o que os capetas de segunda grandeza queriam ontem com Maia? Ora, direta ou indiretamente, muitos lhe fizeram o convite para que entregasse o presidente Michel Temer em domicílio, como um motoboy a levar uma pizza ao diretório do PT, e buscasse articular a sua própria ascensão à Presidência pelo Colégio Eleitoral.
O que isso quereria dizer na prática? Na narrativa de corredores, que me parece aloprada, o relator da denúncia contra Temer na CCJ da Câmara, Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), considerado próximo do presidente da Casa, faria um relatório recomendando a continuidade do processo. Tal texto seria aprovado por maioria simples na CCJ, e isso ensejaria um desembarque em massa da base aliada, com os tucanos atuando como VRU: Vanguarda do Retrocesso dos Urubus.
Virtude da lealdade
Maia tem, até onde se sabe, a virtude da lealdade. E, por obséquio, ninguém me venha com citações de segunda e verborragia de terceira na linha: “Prefiro ser fiel a meu país a ser fiel a meus aliados”. Isso costuma ser conversa de traidores e vigaristas. Rodrigo Maia pertence à base do governo e é aliado de primeira hora de Temer.
Há mais: ele próprio é investigado em dois inquéritos na Lava Jato, acusado por delatores da Odebrecht. Um relatório da PF sugere uma terceira investigação — no caso, ligada à OAS. Não entrarei agora em minudências, mas todas as acusações me parecem inconsistentes.
Silêncio ambíguo
Conversando com pessoas que dizem ter conversado com Rodrigo Maia — e ouvi o mesmo de várias fontes —, fiquei com a impressão de que o presidente da Câmara não deixou suficientemente claro que não ambiciona o lugar de Temer. Muita gente saiu com a convicção, que considero, em princípio, erro de interpretação, de que o presidente da Câmara não rejeita a ideia.
Bem, o meu conselho? Que fale com mais clareza quem é seu candidato a concluir o mandato, desautorizando especulações doidivanas, vindas até da esquerda. Ontem à noite, Lula afirmou, num evento com petistas, que os companheiros não devem se conformar com a possibilidade de que Maia substitua Temer. Segundo o chefão do partido, todos são golpistas. Ele quer eleições diretas.
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