Um fracasso de gerações (esquerdistas), por Rodrigo Constantino
Em sua coluna de hoje no GLOBO, o jornalista José Casado fez um triste resumo do fracasso brasileiro pós-redemocratização, mostrando como se trata de uma obra de gerações, com infindáveis escândalos de corrupção e instabilidade política. Ele culpa, porém, todas as ideologias pelo retumbante fracasso de nosso experimento democrático recente, o que considero simplesmente absurdo. Diz ele:
Se há um componente peculiar na cena brasileira, é o fracasso das gerações que ascenderam na política no ocaso da ditadura militar, dominaram o poder a partir da Constituinte de 1987, e só admitiram a renovação partidária oligárquica (49% dos deputados federais eleitos em 2014 tinham berço em dinastias políticas, segundo a ONG Transparência Brasil).
Da gênese à agonia, o governo Temer contém uma síntese desse histórico fiasco geracional. Conservadores, liberais e ex-comunistas, todos se mostraram incapazes de reconstruir as bases institucionais do país em harmonia com o capitalismo contemporâneo. O legado está aí: uma pinguela em ruína em direção à absoluta incerteza.
Conservadores? Liberais? Quais?! A menos que alguém queira levar a sério a ideia ridícula de que o PMDB é um partido conservador, ou que o PSDB é um partido liberal, fica evidente que essa mistura ideológica não faz o menor sentido, e serve apenas para eximir o verdadeiro inimigo da culpa pelo estrago causado.
E qual é esse inimigo então? Ora, o esquerdismo onipresente no país desde então, o estatismo hegemônico que domina a cena política desde a Constituição de 1988, escrita um ano antes da queda do Muro de Berlim, e eivada de conceitos socialistas. Tanto que o único parlamentar realmente mais liberal, Roberto Campos, colocou-se contra e a apelidou de “Constituição Besteirol”.
Os poucos espasmos liberais que tivemos nesse período, por meio dos tucanos social-democratas, foram justamente os responsáveis pelos avanços tímidos, em meio a tanto retrocesso. Plano Real, privatizações, banco central com autonomia e responsabilidade fiscal: eis os pilares que impediram uma desgraça ainda maior, e são todos bandeiras liberais. O que há de conservador ou liberal no resto?
Leia a íntegra no blog do Rodrigo Constantino no site da Gazeta do Povo.