A benevolência do açougueiro e a pobreza das nações, por Alexandre Borges
A edição da revista Época desta semana deu capa para uma, digamos, entrevista com Joesley Batista, o açougueiro do Brasil. Para o criminoso confesso que simboliza a política petista dos campeões nacionais, Temer é o “chefe da quadrilha mais perigosa” do país. Veremos.
Joesley Batista, 44, goiano de Formosa, um dos seis filhos de Zé Mineiro, controla a holding J&F Investimentos, um colosso empresarial com mais de 230 mil funcionários, R$ 170 bilhões de faturamento (2016), dono da JBS/Friboi, Seara, Banco Original, Big Frango, Eldorado Brasil (celulose), Alpargatas (Havaianas, Osklen, Mizuno, Timberland, Dupé, entre outras), Vigor (derivados de leite), Canal Rural (TV), uma lista quase infinita de negócios viabilizados em tempos petistas. É daquelas fortunas tipicamente terceiro-mundistas, anabolizadas com a prestimosa ajuda de governos intervencionistas e do dinheiro suado do contribuinte. Em 2012, este empresário sempre atento às “oportunidades” geradas pelos governos petistas, tentou comprar a Delta, construtora principal do PAC envolvida com escândalos até o pescoço.
Há um mês, em 17 de maio, o país foi surpreendido ao saber do acordo de delação premiada (ênfase no “premiada”) em que Joesley revelava com exclusividade para Lauro Jardim, do jornal O GLOBO, ter feito gravações de conversas que incriminavam Michel Temer e Aécio Neves. A notícia foi publicada no blog do jornalista às 19h30 e apenas meia hora depois, no Jornal Nacional, já havia uma reportagem completa, com videografismos explicativos para o público, sugerindo que o presidente não tinha mais condições de se manter no cargo. Desde então, parte da imprensa namora não apenas com a tese da deposição imediata do presidente como também pisca o olho para a impostura que defende eleições diretas já, um casuísmo inconstitucional para dizer o mínimo.
O convescote de Joesley Batista com o jornalista Diego Escosteguy, editor-chefe da revista Época para sempre lembrado pelo tweet de 2015 em que ridicularizou a possibilidade de Donald Trump ser candidato a presidente dos EUA, é daqueles momentos em que se entende porque as grandes empresas de relações públicas cobram centenas de milhares de reais por mês de seus principais clientes para ter, como já disse o próprio Joesley, “boas relações com a imprensa”. Quem não entende como funciona a engrenagem das notícias no Brasil, recomendo enfaticamente a leitura da matéria “O Sujeito Oculto”, publicada na revista Piauí.
A conversa é um bate-bola amistoso, quase um jogo de frescobol entre amigos num final de tarde na praia. As revelações do entrevistado foram cuidadosamente planejadas para avançar a narrativa de que os governos petistas apenas aprofundaram os erros do “sistema” em que quase todos os partidos e líderes políticos do país são cúmplices e beneficiários desde Pedro Álvares Cabral. Assim como nos tempos do mensalão, há pouco mais de 10 anos, Lula é mais uma vez preservado como um líder que pode ter sido “traído” por companheiros inescrupulosos ou aloprados.
Leia a notícia na íntegra no blog de Alexandre Borges no site da Gazeta do Povo..