TRUMP PODE SER COMPARADO MESMO A HITLER? SÉRIO?, no blog de Rodrigo Constantino

Publicado em 22/01/2017 13:24
BLOG RODRIGO CONSTANTINO -- Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”

A imprensa e inúmeros “especialistas” (curiosamente de esquerda) têm feito cansativas analogias entre Trump e Hitler. O que eles têm feito chama-se argumentum ad Hitlerum, estratégia já bem conhecida de fugir do debate puxando da cartola a acusação de que o seu adversário é nazista e parece com Hitler.

Mas eis o que essa turma ignora: Hitler era um nacional-socialista! Seu plano de governo tinha inúmeros itens que seriam endossados ipsis literis pelos “progressistas” de hoje, ou seja, pelos socialistas que adoram demonizar Trump e compará-lo com Hitler. É ignorância ou má-fé.

Hitler queria concentrar tudo no estado, justamente no estado que a esquerda adora e gostaria de ver crescendo, controlando a economia, nossas vidas, o casamento das pessoas, o clima! Hitler abominava o capitalismo, o lucro, o indivíduo, pois era um coletivista fanático, do tipo desses que falam em Black Lives Matter e chamam qualquer branco de “demônio”.

Se a esquerda tivesse um espelho limpo diante de si, poderia ver que as semelhanças com Hitler não são dos seguidores de Trump, mas sim desses agressores que depredam patrimônio público e atacam policiais, a ordem e a lei, como faziam os comunistas e os fascistas e nazistas, colocando-se sempre acima das leis.

Vejam esse breve resumo feito por Leandro Ruschel, que expõe o absurdo dessa comparação esdrúxula e fruto da estupidez ou da perfídia:

Hitler? Sério?

De todas as comparações estapafúrdias, a pior é aproximar Trump a Hitler. O primeiro quer DIMINUIR a presença militar no mundo e proteger suas fronteiras. O segundo iniciou a maior guerra da história, através de uma politica de EXPANSÃO militar.

Hitler instituiu um Estado centralizador e controlador de tudo, era socialista e desprezava a religião.

Trump defende o federalismo americano, a diminuição do Estado através de menores impostos e pode ser considerado anti-socialista. Já deu várias demonstrações de apreço pela cultura judaico-cristã.

Hitler quando chegou ao poder rasgou todo o ordenamento jurídico alemão, criando um novo com base nas suas crenças fascistas. Trump jurou defender a Constituição Americana, a mais liberal do mundo.

Hitler subiu ao poder através de uma máquina de propaganda mentirosa, manipulação de informações e apoio de quase todo o establishment.

Trump ganhou uma eleição contra tudo e contra todos, sendo massacrado desde o anúncio da sua campanha pela grande imprensa e com forte oposição dentro do seu próprio partido.

Hitler matou 6 milhões de judeus. Trump prometeu proteger os judeus.

Hitler era um fracassado, um artista medíocre, um soldado medíocre. Trump é um homem de negócios de sucesso.

Enfim, a única similaridade é o nacionalismo dos dois. Mas se nacionalista equivaler automaticamente a nazista, teremos que colocar na lista Churchill, Lincoln, Ghandi, Mandela, etc…

O Nacional-Socialismo de Hitler era baseado em raça. O nacionalismo de Trump é baseado nos valores americanos de livre iniciativa, Estado de Direito e auto-determinação.

Trump tem muitos defeitos pessoais, mas compará-lo com Hitler é prova de desonestidade intelectual ou ignorância mesmo.

Da próxima vez que o leitor se deparar com alguém chamando Trump de Hitler, pode mandá-lo estudar, se achar que se trata de ignorância, ou ir para a ponte que partiu, se identificar um canalha com uma agenda ideológica.

Rodrigo Constantino

 

"IMPRENSA PROGRESSISTA: O CÂNCER DO BRASIL", por Rodrigo Constantino

Não dá mais para suportar! É preciso declarar guerra a essa imprensa brasileira mesmo, em nome da verdade, da honestidade intelectual, das liberdades individuais, dos valores tradicionais. O que os principais veículos de comunicação têm feito em relação ao presidente Donald Trump é asqueroso demais. A tal era da “pós-verdade” é marcada pela própria “fake news”, por esses veículos que acusam os outros diante de um espelho, como ensinou o titio Lenin.

Estou em campanha para desmascarar essa gente, pois não consigo mais aguentar calado. E isso inclui, infelizmente, veículos em que já colaborei ou ainda colaboro. Não importa. Se quiserem me tirar, que tirem: minha consciência vale mais. Portanto, vamos lá, mostrar aos brasileiros que tipo de imprensa eles têm, e porque é fundamental que não busquem se informar por ela (ou apenas por ela). Isso aqui, por exemplo, é uma capa vergonhosa:

Colocar esse “E agora?” à guisa de bigodinho para remeter a Hitler é simplesmente ridículo, além de nem ser original. Que bola fora da revista! Mas a IstoÉ está longe de ser o pior caso. O que está intragável mesmo é a cobertura das Organizações Globo, seja do jornal impresso, do JN ou da GloboNews, que não dá para acompanhar por cinco minutos sem auxílio de um Engov.

Cheguei a comentar nesta sexta, dando nome aos bois: “Se juntar o Guga Chacra, a Leilane Neubarth, o Caio Blinder, o Jorge Pontual, o Luís Fernando Silva Pinto, as estagiárias, a equipe toda da BoboNews que ‘cobre’ a política americana, não dá nem meio Alexandre Borges. Mas os ‘especialistas’ são eles, que vêm errando em tudo, inclusive aquele cabeçudo com brinquinho que sempre esqueço o nome e que culpou Trump pela baderna dos esquerdistas: é o pior de todos. O pior DESSA lista, cruzes!”

O tal do brinquinho, descobri depois, chama-se Marcelo Lins e é editor-chefe do canal, o que explica muita coisa. Alexandre Borges, comprovando o que eu disse, escreveu uma excelente análise sobre Trump, do tipo que você jamais encontrará no GLOBO ou na Folha. Comparem esta análise sóbria, embasada, honesta, com os textos publicados no jornal carioca hoje! Um já parte falando em impeachment de Trump, o outro, da tal Adriana Carranca, é só porcaria esquerdista, que perde para um terceiro, com mais lixo socialista ainda. Ou seja, só há uma visão no jornal, e é aquela que trocou a análise pela torcida ideológica. Vejam só esse exemplo de incoerência do “jornalismo” dessa turma:

Ué?! Quando o presidente do México diz que vai colocar como prioridade os interesses dos… mexicanos nas relações com os Estados Unidos, isso é lindo, mas quando o presidente dos Estados Unidos diz que vai colocar como prioridade os interesses… dos americanos nas relações com o mundo, isso é um “perigoso nacionalismo”? Esses idiotas sequer percebem a incoerência?! Ou percebem, mas não ligam? É provável, pois vejam só a capa do GLOBO de hoje:

 

O GLOBO chega então ao fundo do poço com a capa de hoje! Usa uma foto que remete a uma saudação nazista, claramente de propósito, enquanto o presidente e seu vice estavam simplesmente acenando como todos fazem, e mete na manchete que tem começo a “era populista” na América, como se Obama, logo ele!, não fosse o mais populista de todos, fazendo promessas vazias e delegando ao governo um papel de messias salvador (da economia, do racismo, até do clima!). Que coisa lamentável…

Trump, o “nazista”, é muito mais pró-Israel do que Obama, não é mesmo? Sua filha Ivanka casou com um judeu e se converteu ao judaísmo. Enquanto isso, Obama demonstra simpatia para com o Islã, que foi em grande parte aliado dos nazistas! Se quiserem falar de culto à personalidade, também podemos: quem abusou mais desse mecanismo de encanto das massas? E que tal falar do busto de Sir Winston Churchill, sem dúvida o maior inimigo que o nazismo já teve? Enquanto Obama decidiu retirá-lo do Salão Oval da Casa Branca, Trump resolveu recolocá-lo lá, em homenagem a este grande estadista conservador.

Estou cansado, indignado, enojado com as demonstrações de parcialidade e esquerdismo de nossa grande imprensa. Se não desabafar, se guardar isso tudo dentro de mim, posso explodir. É preciso colocar os pingos nos is justamente para combater a era da “pós-verdade”, que tem sido produzida por essa mídia mentirosa, hipócrita, que apela para um duplo padrão moral o tempo todo. Leandro Ruschel comentou sobre o assunto:

Se alguém tinha alguma dúvida sobre o esquerdismo atávico da imprensa brasileira, depois da cobertura das eleições americanos essa dúvida não existe mais.

A imprensa brasileira é formada em sua maioria por analfabetos funcionais que muitas vezes nem sabem que são esquerdistas, pois passaram pela lavagem cerebral na faculdade e nem conseguem discernir entre esquerda e direita.

A única coisa que sabem fazer é atacar qualquer ideia contrária ao “progressismo”, representado por governo gigante e controlador de todos os indivíduos, com o objetivo de fazer a “justiça social” e a redistribuição da riqueza, além de defender os piores elementos da sociedade e atacar os melhores.

Esses “jornalistas” foram programados para ser agentes da revolução e assim o fazem.

Alguns não percebem que um governo forte e centralizado é o grande motivo de existirem Mensalões, Petrolões e afins, crimes esses que a imprensa adora expor.

É como dar uma arma na mão do pior bandido e depois acusá-lo de matar alguém.

Sem nem entrar no mérito daqueles que sabem muito bem o que estão fazendo e escrevem a soldo da máquina esquerdista, que permanece firme e forte depois da queda da inePTa. O fundo partidário e o fundo sindical ainda tem recursos infinitos para manter a quadrilha formada pelos ditos “blogs e portais progressistas”.

A imprensa brasileira é o grande câncer do Brasil e qualquer mudança do país passa pela substituição dos bandidos e palhaços que a formam por verdadeiros jornalistas, que hoje talvez preencham os dedos de uma ou duas mãos.

Não há como discordar: essa nossa imprensa é o câncer do país, está repleta de “jornalistas” deformados pelas faculdades de jornalismo, dominadas pelos filhotes de Gramsci. São ignorantes, preguiçosos, seduzidos por ideologias ultrapassadas, e preferem fazer torcida e propaganda partidária em vez de análise séria e isenta. Já deu!

Onde está a Fox News do Brasil?

Rodrigo Constantino

TRUMP X IMPRENSA TORCEDORA: QUEM RI POR ÚLTIMO RI MELHOR

Publiquei um texto direto e, admito, corajoso sobre como a imprensa “progressista” (leia-se, de esquerda) tem sido um câncer no Brasil. O melhor exemplo é a demonização que ela tem feito de Donald Trump. O presidente eleito pode ser meio bufão, até fanfarrão, mas a imprensa o pinta como um nazista e um completo debilóide, coisas que ele definitivamente não é.

A bolha em que vive a esquerda caviar, desconectada do mundo real, talvez seja um dos fenômenos mais instigantes da era moderna. E é relevante, pois essa esquerda caviar está no comando de instituições como a mídia e a educação.

Portanto, é fundamental mostrar como eles, que acham o povão uma cambada de alienados, são os verdadeiros alienados nessa história toda.

Vejam só:

E mais esse

 

 

É humilhante, eu sei. Mas é necessário expor isso, até porque não vimos nenhum desses “especialistas” fazendo um doloroso mea culpa em público. Continuam lá, arrogantes, com suas análises equivocadas e sem entender o que se passa no mundo real.

Esses vídeos deveriam ser transmitidos em todas as escolas, em todas as universidades, especialmente das de Humanas. É essa turma que faz a cabeça de milhões de jovens por aí. Assim complica…

 

 

O HOMEM ESQUECIDO VOLTOU, por Alexandre Borges

Rodrigo Constantino

A expressão “o homem esquecido” (“the forgotten man”) era uma marca registrada de Franklin Roosevelt desde sua primeira campanha eleitoral em 1932. Depois de oito décadas, ele está de volta.

Roosevelt falava diretamente com os desempregados, os miseráveis, os desesperançosos, as vítimas da Grande Depressão que começava a destruir a economia do país. Em 1932, último ano de Herbert Hoover como presidente, o desemprego estava em inacreditáveis 23,6% contra 8,7% de apenas dois anos antes.

Em 7 de abril daquele ano, dia da aceitação da vaga para concorrer na chapa democrata, Roosevelt fez um discurso falando do “homem esquecido” da “parte debaixo da pirâmide”. Dias depois, FDR lança sua campanha falando em “devolver o governo para o povo” e contra “Washington”. Soa familiar? Pois deveria.

Donald Trump fez seu discurso de posse hoje inspirado em Roosevelt, um aristocrata de Nova York como ele e que apelava às massas contra o poder estabelecido, os políticos tradicionais e a favor da população que teria sido deixada para trás pelos ricos e poderosos.

No artigo que publiquei hoje na Gazeta do Povo (“O mundo é laranja” https://bit.ly/2iYS9Ub), já avisava os apressados que não saíssem classificando Trump de “esquerda” ou “direita” porque ele durante a campanha algumas vezes soava como republicano e outras como democrata. Trump, repito, não deve nunca ser colocado nas caixinhas tradicionais da política.

Como pré-candidato republicano, Trump foi atacado ferozmente pelo próprio partido e por conservadores da imprensa, os “never trumpers”, sendo constantemente acusado de “não ser conservador”. Suas declarações a favor de uma política de imigração mais dura, especialmente em relação à entrada de mexicanos ilegais e muçulmanos, além da valorização dos militares, veteranos e policiais, agradou em cheio às bases do partido. Mesmo assim, a desconfiança de muitos republicanos em relação ao seu conservadorismo continuaram.

Trump também falava em mudar as regras dos acordos comerciais com outros países e de trazer empregos de volta, mirando diretamente o coração dos trabalhadores e sindicalistas, muitos deles eleitores do Partido Democrata. Quando Bernie Sanders saiu da disputa, Trump passou a tentar seduzir parte de seus eleitores que viam em HIllary o establishment político e econômico que desprezavam.

Enquanto Trump crescia nas primárias, muitos republicanos sugeriam que a vaga não seria dada a ele, o que fomentou especulações dele sair do partido e concorrer como um terceiro candidato independente. Ele não admitia publicamente a possibilidade de sair do Partido Republicano e continuou a concorrer normalmente até vencer a disputa interna e, depois, conquistar a presidência.

Quando sua vitória eleitoral foi oficializada, Trump passou a fazer indicações para o gabinete com conservadores de primeira linha que passavam a impressão de que o Trump “democrata”, “esquerdista” ou “desenvolvimentista” e “keynesiano” tinha ficado para trás.

Por incrível que pareça, Trump acabou sendo mesmo um terceiro candidato independente, apenas não saiu do Partido Republicano para trilhar seu caminho. Ele venceu como republicano mas hoje passou uma mensagem de que pretende governar como o CEO da América S.A. e não como um tradicional republicano ou conservador.

O novo presidente que se viu hoje foi um líder sem papas na língua, sem tempo para rodeios, sem qualquer vontade de fazer acenos a quem quer que seja da classe política tradicional, o que inclui seu próprio partido. Trump surpreendeu alguns correligionários e aterrorizou opositores com um discurso que reduziu a pó o legado que recebeu do antecessor, talvez o homem mais atordoado do planeta neste momento. Obama deve ir dormir hoje, se conseguir, com a sensação de que quase tudo de relevante que fez nos últimos oito anos será sumariamente descartado ou mutilado até ficar irreconhecível.

No discurso, Trump citou literalmente o “homem esquecido” de Roosevelt, um simbolismo mais que evidente de sua disposição de ser um presidente não do “estado mínimo”, como defendem os conservadores, mas algo entre o “estado eficiente” e o “estado desenvolvimentista”.

O caminho escolhido por Roosevelt foi um desastre. O New Deal aprofundou a crise e mergulhou a América na maior recessão da sua história e da qual só sairia depois de sua morte em 1945. Esta é uma lição que qualquer conservador está torcendo para que Trump tenha familiaridade.

O novo presidente tem auxiliares diretos que compõem um time de qualidade inquestionável em experiência, capacidade profissional, patriotismo e conservadorismo, o que afasta o governo Trump de possíveis paralelos com Roosevelt neste sentido. Se o gabinete de Trump for mesmo influente, não há o que temer.

Como nada em Trump é tradicional ou usual, o discurso de hoje guarda poucas similaridades em estilo ou tom com qualquer antecessor. Foi um discurso de um CEO que assume uma organização em decadência e que necessita de um turnaround e de novos investimentos para redescobrir o caminho do crescimento.

A vampiresca e corrupta classe política de Washington, dos dois partidos, entendeu claramente que o país está sob nova direção, com novas regras, e que eles vão ter que se adaptar e muito para poder ter alguma relevância no novo governo.

Hoje o “homem esquecido” que votou em Trump foi lembrado e, de certa forma, vingado. O novo presidente falou tudo que o “homem esquecido” tinha engasgado e queria gritar para Obama sem a polidez de Ben Carson no famoso discurso de 2013 do National Prayer Breakfast. Obama saiu da presidência como um demitido por Trump em “O Aprendiz”, o que lavou a alma de seus eleitores mais aguerridos.

O “homem esquecido” teve suas esperanças renovadas neste dia histórico. Agora é torcer para que Trump fuja dos atalhos “progressistas” de tantos antecessores e corte impostos, tire regulações e deixe a América florescer como fizeram os presidentes da Era Dourada do final do séc. XIX, Calvin Coolidge e, claro, Ronald Reagan.

Se ele conseguir segurar o ímpeto de usar a caneta presidencial para fazer pacotes de estímulos e colocar o estado como motor da economia, conseguirá entregar suas promessas, que não são nada modestas, e ser reeleito em 2020.

Não é possível fazer qualquer previsão agora, mas será muito interessante acompanhar. Que Deus abençoe a América.

Sem Trump para culpar (Editorial do Estadão)

Com ou sem Trump a economia brasileira pouco deve crescer neste ano. Também isso distingue o Brasil da maioria dos europeus, do México e de muitos outros emergentes, como foi comprovado, nos últimos dias, na reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos. As maiores incertezas da economia brasileira são made in Brazil, enquanto as de vários outros países são importadas. Horas antes da posse de Trump, um grupo ilustre, incluída a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, especulou no Fórum sobre as perspectivas econômicas de 2017. A recuperação no mundo rico deve continuar, concordaram os participantes da conversa. A China e a Índia se manterão na ponta do crescimento e há discretos sinais positivos no Japão.

As preocupações com a política de Trump e com os efeitos do Brexit, o abandono da União Europeia pelo Reino Unido, continuaram no alto da agenda, nos debates econômicos da reunião anual do Fórum. As mudanças prometidas pelo novo presidente podem dar um impulso à economia americana, por algum tempo, mas seus efeitos sobre outras economias serão muito ruins, se a ameaça de protecionismo for cumprida. Essa ameaça, embora de forma indireta, foi reiterada na véspera da posse, numa festa ao ar livre, quando o presidente insistiu no compromisso de impedir a destruição de empregos americanos por outros países.

Se Trump de fato elevar as barreiras comerciais, países mais voltados que o Brasil para as trocas internacionais poderão ser seriamente afetados em pouco tempo. A economia brasileira, embora ainda muito fechada, também será atingida, mas provavelmente com efeitos menos severos. De toda forma, os principais desafios para o governo brasileiro estarão dentro do País.

Com os negócios ainda avançando lentamente, será complicado fechar as contas federais no fim de 2017, com o déficit primário reduzido a R$ 139 bilhões. A arrumação fiscal dependerá amplamente da contenção de gastos, porque a arrecadação de impostos continuará muito fraca, se a recuperação da atividade for muito lenta, como se prevê. As estimativas de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) variam hoje de 0,2%, na projeção do FMI, a pouco menos de 1%.

Sem se envolver num debate sobre décimos de um por cento, o governo promete resultados mais sensíveis no fim do ano. A comparação do trimestre final de 2017 com o último de 2016 mostrará, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, uma expansão próxima de 2%.

Essa fraqueza econômica é atribuível essencialmente a causas internas – erros acumulados em vários anos de governo petista, de modo especial no período da presidente Dilma Rousseff. Baixo investimento, produtividade estagnada ou em queda, pouquíssima inovação, indústria empacada por vários anos, desordem nos preços e escasso poder de competição jogaram o País na mais longa e mais funda recessão de muitas décadas.

Reparos de curto prazo e algumas inovações institucionais, como a reforma da Previdência, poderão criar condições para alguma reativação dos negócios. A redução dos juros poderá contribuir de forma importante para o movimento inicial. Mas será preciso muito mais que isso para o País ingressar numa fase de crescimento mais rápido e duradouro.

Será preciso investir na infraestrutura e no reequipamento das empresas, cuidar da educação e da qualidade da mão de obra, criar condições para o avanço tecnológico e para a inovação e abrir a economia.

Embora com alicerces mais arrumados que os do Brasil, especialmente na parte fiscal na área de preços, países latino-americanos têm deficiências muito parecidas, quando se trata de tecnologia e de qualificação da mão de obra. Alguns desses países cresceram mais que o Brasil por vários anos, mas acabaram atingidos pela desvalorização dos produtos básicos. Não por acaso, tiveram pouco peso nas discussões de Davos, neste ano, e foram simplesmente esquecidos (como o Brasil) no debate final sobre as perspectivas globais de 2017.

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Fonte: Blog Rodrigo Constantino

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