Ironia do Destino: Trump vence socialistas em aniversário da queda do muro de Berlim

Publicado em 10/11/2016 07:06
Por Rodrigo Constantino

Quis o destino que no mesmo dia da vitória impressionante de Donald Trump sobre os esquerdistas se comemorasse a queda do Muro de Berlim, que selou o trágico fim do experimento socialista na Alemanha. O muro foi derrubado em grande parte por mérito de Ronald Reagan, que também era retratado como um caubói imbecil pela elite, pela mídia mainstream, pela intelligentsia. A mesma que está em choque com a vitória de Trump, culpando a estupidez dos pobres e ignorantes, sem sequer se dar conta de seu preconceito absurdo.

Resgato, em homenagem a esse dia memorável, um texto que publiquei no GLOBO, na ocasião do seu vigésimo aniversário:

Vinte anos depois

Dia 9 de novembro de 1989, 23h17, duas palavras selaram o destino da Guerra Fria. Uma multidão gritava em uníssono: “Abram! Abram!”. Eram os alemães do lado oriental, exigindo o direito de atravessar para o lado ocidental. O guarda responsável da fronteira finalmente cedeu, e ordenou: “Abram tudo”. Os portões escancararam-se. Era o fim do Muro de Berlim, ícone do regime socialista que vinha mantendo o próprio povo em cárcere desde 1961.

Inúmeras causas podem ser apontadas para esta conquista. De um lado, parece inegável o papel desempenhado pelos americanos, em especial o presidente Reagan, que exigiu em 1987: “Senhor Gorbatchov, derrube este Muro!”. Atrás da retórica, um expressivo gasto militar que expôs a incapacidade do regime socialista de acompanhar o ritmo americano. O colapso econômico do sistema soviético era cada vez mais evidente. A queda no preço do petróleo daria o golpe fatal. O contraste com o dinamismo das nações capitalistas era gritante demais.

Papel fundamental na derrubada do Muro, entretanto, foi exercido por alguns importantes líderes do Leste Europeu. Eis o que demonstra o jornalista Michael Meyer em “1989: O Ano que Mudou o Mundo”. Meyer foi chefe da sucursal da revistaNewsweek na Alemanha Oriental durante o desenrolar dos eventos e pôde verificar in loco os fortes ventos da mudança soprando na região. Ele mostra como alguns “reformistas”, convencidos de que o sistema não funcionava, tomaram decisões cruciais que culminaram na derrocada completa do socialismo.

Entre esses líderes, Miklós Németh merece destaque, por seu corajoso golpe no governo comunista húngaro. Por meio de suas articulações políticas, a fronteira da Hungria com a Áustria seria aberta, fazendo um buraco na Cortina de Ferro. Os regimes comunistas sempre tiveram a necessidade de impedir a livre saída do povo, para não deixar que os cidadãos descontentes – quase todos – votem com seus pés. Assim, a fotografia de soldados húngaros cortando um trecho da cerca de arame farpado que separava a fronteira austro-húngara ganhou o mundo.

Outra grande conquista se deu na Polônia, onde o movimento Solidariedade, liderado por Lech Walesa, conseguiu uma incrível vitória pacífica nas eleições que o regime comunista, sob intensa pressão popular, aceitou realizar. Nas palavras de Meyer, “para os anticomunistas de todos os lugares, era como tomar um grande gole de coragem”. Aquilo que antes parecia impossível passava a ser visto como viável.

A Alemanha Oriental seria a próxima da lista, apesar da postura intransigente do poderoso dirigente Honecker. Não dava mais para conter o desejo de liberdade do povo. O Muro de Berlim representava a cicatriz da Europa dividida. Sua queda marca o fim da Guerra Fria, com a humilhante derrota socialista. Vinte anos depois, esta data merece ser celebrada, para jamais esquecermos os horrores do socialismo, que, por onde passou, deixou um rastro de miséria, escravidão e terror.

Alguns intelectuais e “movimentos sociais”, infelizmente, tentam ressuscitar na América Latina o que foi devidamente enterrado no Leste Europeu. Sob um novo manto, o “socialismo do século XXI” quer inegavelmente seguir os mesmos passos fracassados do passado. A diferença é o discurso hipócrita da “revolução bolivariana”, com que se pretende hoje vestir a ditadura, dando-lhe uma roupagem democrática. Trata-se do uso da “democracia” para destruir as nossas liberdades individuais mais básicas. O alerta antigo vale mais que nunca: “Aqueles que ignoram o passado estão condenados a repeti-lo”.

Rodrigo Constantino

 

O INESPERADO RAIAR DO SOL. OU: A PREVISÍVEL SURPRESA DE UMA IMPRENSA APRISIONADA NA PRÓPRIA BOLHA

Alexandre Borges, um dos maiores especialistas em política americana no Brasil, foi certeiro nesse comentário, agora atualizado para os novos acontecimentos:

“Inesperada vitória do Brexit”
“Inesperada goleada do Trump nas primárias republicanas”
“Inesperado surgimento de Bernie Sanders”
“Inesperados ataques terroristas islâmicos no Ocidente”
“Inesperada derrota de Obama na lei de imigração”
“Inesperado prolongamento da recessão no Brasil”
“Inesperada rejeição de acordo de ‘paz’ com as Farcs”
“Inesperada tensão com a Rússia no Oriente Médio”

E, agora,

“Inesperada vitória de Donald Trump para a Presidência dos EUA”. Boa sorte para você que ainda tenta se informar com a velha imprensa.

Acrescentaria a “inesperada vitória de João Dória no primeiro turno em São Paulo” nessa lista. Já posso prever a próxima manchete da grande imprensa: “Inesperado raiar do sol hoje”.

Brincamos, mas a coisa é muito séria. A imprensa está aprisionada em sua própria bolha, criada por “jornalistas progressistas” que vivem numa redoma. Seu dia a dia não tem mais contato com o povo, com o indivíduo de carne e osso, só com abstrações e gente do mesmíssimo tipo.

Pense no cotidiano de um típico jornalista que mora em Nova York. Ele acorda e lê o NYT, escrito por gente como ele. Depois assiste o noticiário pela CNN, com gente como ele. Aí vai para o escritório, onde só tem gente como ele. Frequenta o Whole Foods para comprar por preços exorbitantes sua comida orgânica, e só cruza com gente como ele. Vai às “instalações” ver “arte moderna” e come seu tofu com amigos igualmente “descolados”, enquanto comentam sobre a nova moda do ecosexualismo.

Esse sujeito não sente mais cheiro de povo. Nunca mais teve contato com um americano da classe média que faz compras na Wal-Mart, frequenta a missa aos domingos, assiste Fox News e, cruzes!, faz churrasco com os amigos no fim de semana e fuma cigarro (não aquele de vapor, mas o tradicional). Essa figura não existe mais no encantado mundo de fantasias da elite encastelada.

Guess what? Esse “middle America” ainda é maioria. E não está gostando dessa elite de “ungidos” querendo lhe impor o que pensar, o que vestir, o que comer, em quem votar. Esses fenômenos todos são correlatos e apontam para o mesmo sintoma: a sensação de cansaço com o poder, o establishment, a hipocrisia do politicamente correto.

Enquanto essa turma continuar em sua bolha, os resultados serão todos “inesperados”. E para quem só segue esses “jornalistas” como fonte de informação, idem. Talvez seja a hora de você buscar fontes alternativas independentes por aí…

Rodrigo Constantino

 

IMPRENSA: MAIS DO QUE HILLARY, A GRANDE DERROTADA POR TRUMP! OU: BRASILEIRO MALANDRO QUER DAR AULA DE DEMOCRACIA A AMERICANO OTÁRIO?

“Parem de chamar os analistas políticos da imprensa de burros. Errar tudo e ainda manter o emprego é coisa de gênio.” –Alexandre Borges

Concordo. Burros são os telespectadores que ainda levam a sério esse “jornalismo”, que é pura torcida ideológica e desinformação. Ou quem acredita em institutos de pesquisa. Como disse Carlos Andreazza:

Jornalismo não é torcida. Surpresa não é reação aceitável para quem analisa fatos, cenários – e não desejos.

Mais do que Hillary e Obama, a maior derrotada é a imprensa – norte-americana e brasileira. (Não comento mais instituto de pesquisa.)

De resto, sem catastrofismo doravante: os EUA não são o Brasil. Todo o Trump que Trump pôde aprofundar durante a campanha eleitoral – goste-se ou não dele – será moderado pela sólida rede institucional daquele país no instante em que assumir a Presidência.

Ah, sim: vocês, que elegeram Lula, Dilma e Temer, não se sentem constrangidos sequer minimamente ao dizer que o americano votou mal?

O dia de hoje deveria ser um dia de profunda reflexão por parte desses “especialistas” todos. Também deveria ser um dia de vestir as sandálias da humildade para essa gente arrogante que quer ensinar como o “povo idiota americano” deveria votar. Talvez – apenas talvez – os americanos tenham construído uma nação melhor do que nós, latinos-americanos arrogantes.

Hillary Clinton, nesse sentido, representava justamente um passo grande na direção da latinização da América, com poderosos acima das leis, com simbiose entre grande capital e poder, com discurso segregacionista e apelo às “minorias” contra as “elites”, sendo que o grosso da elite estava bancando a sua própria campanha, bem mais rica aliás.

Vamos dar algum crédito aos “otários” americanos. Elegeram Obama, e nem mesmo ele conseguiu destruir as instituições do país. Elas são sólidas. Aguentam o tranco. Talvez não suportassem mais 4 ou 8 anos de democratas “progressistas”. Por isso há sabedoria na escolha. Dos males, o menor. Acho o cúmulo a esquerda caviar malandra, que elogia até Maduro e Fidel Castro, querer ensinar aos americanos como se faz democracia…

Rodrigo Constantino

Tags:

Fonte: Blog RODRIGO CONSTANTINO

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Prejuízos na pecuária devem continuar em 2022, avalia o presidente da Assocon
Exportações totais de carne bovina caem 6% no volume e 11% na receita em janeiro
Santa Catarina mantém proibição de entrada de bovinos vindos de outros estados
A "filosofia" de Paulo Guedes para a economia brasileira. Os liberais chegaram ao Poder
O misterioso caso de certo sítio em Atibaia (Por Percival Puggina)
Integrante da equipe de transição de Bolsonaro é crítica severa do agronegócio
undefined