Por que Kátia Abreu não contratou a supergerente desempregada para administrar seu império rural?

Publicado em 02/09/2016 04:34
Para justificar o pontapé na Constituição, a melhor amiga de Dilma pariu uma mentira e um mistério -- POR AUGUSTO NUNES, EM VEJA.COM

Decidida a justificar o pontapé na Constituição que preservou os direitos políticos da presidente destituída, Kátia Abreu, senadora e sucessora de Erenice Guerra no posto de melhor amiga de Dilma Rousseff, pariu simultaneamente uma mentira e um mistério.

A mentira: Kátia disse que a governante desgovernada não conseguiria sobreviver com a aposentadoria de R$ 5 mil. A senadora sabe que Dilma tem dinheiro de sobra para garantir uma velhice mansa. Tanto tem que, em julho de 2014, confessou que guardava em casa uma bolada de bom tamanho: R$ 152 mil.

O mistério: por que a latifundiária Kátia Abreu desperdiçou a chance de contratar uma supergerente desempregada para administrar suas muitas fazendas no Tocantins? Talvez por desconfiar que, em apenas cinco anos, o império rural ficaria parecido com o país destruído pelo poste que Lula fabricou.

Bordel com foro privilegiado

Senador reforça suspeita que ronda a Casa do Espanto

“O Brasil vive hoje um momento particularmente delicado nas relações sexu… so… sociais, agravados pelas dificuldades econômicas do presente”. (Dário Berger, senador do PMDB de Santa Catarina, durante o julgamento do impeachment, reforçando a suspeita de que a Casa do Espanto pode ficar cada vez mais parecida com um bordel)

 

Vlady Oliver: Senhor Presidente!!!

 

Vale tudo. Até dar de presente àquela que faliu o país um carguinho qualquer com foro privilegiado, para evitar que a Lava-Jato e o juiz Sergio Moro passem a limpo este país

Vamos combinar, meus caros amigos. Quantas vezes fomos surpreendidos pela sorrateira mudança nas regras do jogo no processo de impeachment dessa mamulenga? Mais uma vez fomos vítimas de uma empulhação. Cabe aqui salientar a solerte participação do Randolfe, aquela coisinha que é a Marina das Selvas falando no Senado, e boa parte do PMDB que pratica o “culpa, mas não pune” para liberar geral a impunidade.

Quer dizer que dona du chefe é culpada pelos crimes que cometeu contra a nação, mas não é punida pelos seus desmandos? Não é porque eu quero. A lei deixa bem claro que a cassação do mandato implica a consequente perda dos direitos políticos. Mas aqui vale tudo. Vale dar de presente para aquela que faliu o país e ludibriou os desejos de milhões de brasileiros um carguinho qualquer com foro privilegiado, para evitar que a Lava-Jato e o juiz Sergio Moro passem a limpo este país e acabem com essa vigarice de vez.

O apelo ao sentimentalismo barato e ao senso de grandeza não colam. A tal casa do espanto é um antro de bandidos, que convivem impunemente com seus pares marretas e querem, todos juntinhos e irmanados, promoverem seus interesses mais pusilânimes. O lugar certo para corrigir essa vigarice é a urna, caro cidadão-eleitor feito de besta. Onde estava a cidadania que elegeu esses canalhas, canalhas, canalhas? Quem foi o responsável por petetizar todos os aposentos dessa casa de tolerância?

Somos reféns silenciosos de uma minoria barulhenta e vagabunda, por conta da consciência pesada de todo aquele que se elegeu para participar desse circo em que nos metemos. Como bem lembrou a senadora Ana Amélia, os ilustres vigaristas que legislam não estão lá mais sozinhos, fazendo o que bem entendem de suas ilustres biografias barrocas. São agora escrutinados e acompanhados por uma poderosa ferramenta de dissuasão de suas intenções mais torpes: as redes sociais.

Por elas fomos às ruas e exigimos o fim da era da safadeza. Por elas construímos nossas opiniões e consensos. Por elas, fica claro que essa classe de nojentos merece o lixo. Lembrarei de cada um deles ao depositar meu voto na urna nos próximos pleitos. Quero saber o que dona du chefe fará com este indulto de natal que recebeu de seus pares no Congresso. Estamos de olho, meus caros senadores. Em vocês, eu não voto nunca mais. Que venham os próximos.

“Loucademia do Impeachment” e outras sete notas de Carlos Brickmann

Uma universidade francesa e uma americana convidaram Dilma para estudar. É a primeira vez que um presidente é chamado para ser aluno, e não professor

 

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Dilma, nos debates: “Discordo que a Constituição proíba, pois quando ela proíbe ela permite que se faça ela”.

José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, advogado de defesa de Dilma, disse em sua peroração que ela foi presa porque lutava contra a democracia. Pura confusão: ela lutou contra a ditadura, mas não por ou contra a democracia. Queria mesmo uma ditadura comunista, estilo cubano.

Dilma, respondendo ao senador Ricardo Ferraço: “Considero que essa sua acusação é improcedente. Acho que ela é aquela mentira que não tem base na realidade, ou seja, ela não expressa a verdade dos fatos”.

O excelente repórter Roberto Cabrini entrevista o traficante Fernandinho Beira-Mar, no SBT. Pergunta: “Que é que dá mais dinheiro, tráfico de armas, cocaína ou maconha?” Fernandinho Beira-Mar: “A política”.

José Eduardo Cardozo chorou, dizendo “é injustiça, é injustiça”. Mas é maldade dizer “não condene a clienta de Cardozo senão ele chora”.

Folha de S.Paulo diz que uma universidade francesa e uma americana convidaram Dilma para estudar. Segundo o portal O Antagonista, é a primeira vez que um presidente é chamado para ser aluno, e não professor.

Mas talvez não haja nenhuma indelicadeza das faculdades, apenas um erro na passagem de uma língua para outra. O convite a Dilma não deve ser para estudar, mas para ser estudada.

O Manda-Chuva

José Eduardo Cardozo diz que a História se encarregará de inocentar Dilma. Pois é: que fazer se ele, o advogado de defesa, não conseguiu?

Chico no julgamento

Chico Buarque de Holanda, convidado por Dilma, compareceu ao julgamento, e para isso abriu mão de seu obrigatório (quando está no Brasil) futebol das segundas-feiras. Não deu certo: houve filas de gente para tirar selfies com ele, o que ofuscou a presença de Lula.

O problema é que, se os senadores se aproximassem de Lula, talvez pudessem ser convencidos a votar por Dilma. Já Chico, petista roxo, não consegue mudar o voto de um senador sequer, nem tirando selfies em ritmo industrial.

Amanhã…

E, já que falamos em Chico Buarque, como será o amanhã com Temer e sem Dilma? Sem Dilma, melhor: independente das motivações jurídicas para impichá-la, ela criou uma imagem de confusão gerencial, autoritarismo, voluntarismo, de não levar em conta a realidade econômica, de achar que o Governo deve gastar o que ela decide, que o dinheiro aparece. Sem Dilma, empresários e investidores talvez se sintam em melhores condições de arriscar seu capital.

Já Temer depende de Temer.

…há de ser…

Até agora, Temer prometeu reformas, limitação nos gastos públicos, mão forte para sua boa equipe econômica. Mas na hora da verdade, liberou amplos aumentos para setores já bem aquinhoados, falou de reformas mas não as fez, falou muito sobre redução dos gastos públicos mas não contrariou ninguém que estivesse reclamando bons aumentos de salários. A desculpa é que não poderia perder apoios na votação do impeachment.

…outro dia

Com mão firme, Michel Miguel Temer Lulya pode repetir o mandato de Itamar Franco, vice que assumiu com o impeachment de Collor e deixou como legado o Plano Real, que estabilizou a moeda. Com mão de PMDB, pode repetir o período de José Linhares, presidente do Supremo que assumiu após a queda da ditadura de Getúlio Vargas, e se dedicou a nomear parentes.

Popularmente, espalhou-se o slogan “Os Linhares são milhares.” Atribuía-se a ele a frase segundo a qual sua experiência política  duraria pouco tempo, mas com a família teria de conviver a vida inteira. Linhares ficou na História, mas, em termos de biografia, pelo motivo errado. A escolha sobre seu papel na História cabe apenas a Temer.

Lava tudo

O procurador-geral Rodrigo Janot já disse que não tolera o vazamento de delações premiadas. Então terá um problema e tanto: sua vice procuradora Ela Wieko foi fotografada com faixas pró-Dilma e gritando Fora, Temer numa manifestação em Portugal. Até aí o problema é menor. Mas, ao dizer aos repórteres que não se sentia bem com Temer na Presidência, acrescentou: “Ele está sendo delatado. Eu sei.”

Cadê o sigilo? E é ela que cuida da Operação Acrônimo, que envolve o governador de Minas, Fernando Pimentel, um dos mais próximos amigos de Dilma.

De alto a baixo

O MP do Paraná abriu processo contra a Federação Paranaense e a empresa BB Corretora, que puseram à venda o dobro da lotação do estádio Willie Davis. Dono da BB: deputado Ricardo Barros, ministro da Saúde.

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Fonte: Blog AUGUSTO NUNES / VEJA

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