Mulher de ex-presidiário temporário não reconhece a atribuição constitucional do Senado; é Gleisi na área

Publicado em 24/08/2016 19:42
“Eu não sou ladrão de aposentado.” “Canalha!” “Vai fazer seu antidoping” (POR REINALDO AZEVEDO, em VEJA.COM)

Quando a senadora Gleisi Hoffmann empinou o nariz, não foi só para ficar com cara de bonequinha de luxo. Era também uma postura, digamos, ética. Ali estava um entendimento de mundo. Aliás, foi de nariz empinado que ela exerceu a chefia da Casa Civil de Dilma Rousseff, o que ajuda a explicar muita coisa.

Pois bem… A senadora está na origem de um quiproquó danado na sessão do julgamento do impeachment. Reagindo a uma fala de Magno Malta, Gleisi indagou “que moral tem o Senado para julgar a presidente da República”.

A mulher do ex-presidiário temporário Paulo Bernardo talvez fale por si. Ela não reconhece a moral de um colegiado ao qual pertence. Devo lembrar a esta senhora que a competência para julgar a presidente é definida pela Constituição da República Federativa do Brasil.

Vai ver que ao livrinho de Gleisi falta o Artigo 86.

É um desrespeito com o Senado. Um parlamentar que não aceita o papel constitucional do colegiado deveria ser denunciado ao Conselho de Ética.

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) reagiu: “Eu exijo respeito ao decoro. Eu não sou assaltante de aposentado”. Ele se referia ao fato de que Paulo Bernardo, o ex-presidiário temporário e marido de Gleisi, é acusado de ter montado um esquema que lesou servidores aposentados que recorreram ao empréstimo consignado.

Aí foi a vez de Lindbergh Farias (PT-RJ) reagir ao estilo do cara-pintada que virou cara de pau. Levantou-se com o dedo em riste e gritou: “Canalha!”. E teve de ouvir de volta: “Abaixe esse dedo que você só tem coragem aqui, na frente das câmeras”. E desferiu aquele que é seu petardo predileto contra Farias: “Vai fazer seu antidoping”.

Caiado é médico.

Lewandowski teve de suspender a sessão por alguns minutos.

Dilma quer que a gente a veja como terrorista em pele de cordeiro? (REINALDO AZEVEDO)

Dilma vai fundo no delírio.

A presidente afastada participou ontem à noite de um ato contra o impeachment organizado pela chamada Frente Brasil Popular — uma soma de movimentos de esquerda — na Casa de Portugal, em São Paulo.

A petista afirmou à militância que o processo tem sido “muito duro”, mas garantiu que não vai desistir, pois, segundo ela, quem “lutou contra a tortura e contra um câncer, vai lutar em qualquer disputa”. Dilma voltou a comparar o presidente interino Michel Temer e seu entorno a “parasitas”, dizendo que, se “considerarmos que a democracia é uma árvore, este golpe parlamentar é como um ataque desses seres, que assumem lentamente o controle”.

Ela já empregou essa imagem dezenas de vezes. Ela repete até as metáforas.

A presidente afastada justificou ainda por que não renunciou: “Não renunciei porque hoje temos espaço democrático. Eles não me obrigaram a me suicidar, como obrigaram o Getúlio, e não fui obrigada a pegar um avião e ir para o Uruguai, como fizeram com o Jango”.

Que coisa!

Quando Getúlio se suicidou, Michel Temer não tinha ainda completado 14 anos. Quando Jango foi deposto, mal tinha terminado a faculdade de direito.

Quem é esse “eles“ de Dilma? Ah, deve ser a tal direita golpista. Bem, sendo assim, devo concluir que Dilma, então, ainda é a mesma terrorista de antes, agora em pele de cordeiro?

A cada chicana, a defesa de Dilma se enrola mais

Vocês já sabem que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, negou nesta terça-feira o pedido da presidente afastada, Dilma Rousseff, para anular a sessão em que o plenário do Senado aceitou formalmente as acusações contra ela, realizada no último dia 9. Havia chance de prosperar? Não! Então pra quê? Já chego lá.

Os advogados da petista sustentavam que, na ocasião, as reclamações apresentadas pela defesa referentes a supostas irregularidades no rito do processo deveriam ter sido votadas individualmente, não em conjunto, como ocorreu.

Lewandowski alegou que, embora seja ele o responsável pela condução do processo de impeachment no Senado, não cabe ao Supremo decidir sobre o tema. Segundo o magistrado, o julgamento do impeachment é, em parte, político e deve ser regido também pelas normas do Legislativo. Nesse mesmo despacho, o ministro indeferiu a suspensão das próximas etapas do processo e disse não ter visto ilegalidades na sessão do dia 9.

Pois é…

O PT tinha alguma esperança de que o recurso tivesse resposta positiva? Não! Então pra que a chicana? Para tentar cobrir o processo com a sombra da ilegitimidade.

Só que a coisa é contraproducente. Ao pedir a intervenção do Supremo, o que a defesa de Dilma faz é submeter o processo à Corte Maior do país, que, assim, dá a sua bênção e elimina justamente a sombra de arbitrariedade que está sendo denunciada.

Por que é tão difícil defender Dilma?

Porque a tese é impossível!

PT rejeita sandice de Dilma com novas sandices

Que fique o registro.

A cúpula do PT rejeitou, por 14 votos a 2, a proposta apresentada pela presidente afastada, Dilma Rousseff, em favor da convocação de um plebiscito sobre novas eleições. Foi a primeira vez que o comando do partido se manifestou formalmente sobre a iniciativa. A Executiva Nacional da legenda se reuniu ontem em São Paulo e decidiu seguir recomendação do seu presidente, Rui Falcão.

O encontro desta terça serviu também para que o PT lançasse um documento contra o impeachment e o governo Temer. O texto incentiva a realização de um ato contra o que eles chamam de “golpe”, afirma que o presidente em exercício é um “usurpador” e diz que a gestão do peemedebista ameaça os direitos sociais.

Mas não parou por aí. O documento petista critica também o novo comando do Ministério das Relações Exteriores. Lá está escrito o seguinte: “A ação nefasta estende-se à política altiva e ativa do Itamaraty, agora transmutada pelo golpista José Serra em alinhamento automático e submisso aos Estados Unidos”.

Ou seja: o PT rejeita a sandice de Dilma com novas sandices.

É incurável.

José Nêumanne: O lorotário da ‘presidenta’

Temer tem o dever funcional, exigido pela Constituição, de assumir seu lugar, não merecendo, assim, as acusações que amiúde ela lhe faz de “traidor e golpista” -- Publicado no Estadão

O comparecimento da presidente afastada, Dilma Rousseff, ao julgamento de seu impeachment foi agendado e ela tratou na semana passada com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), do rito a ser adotado na sessão. Foi-lhe atribuída a intenção de reverter a crônica da condenação anunciada com um discurso capaz de constranger oito dentre os julgadores, que foram seus ministros, a votar por sua volta, depois de terem aprovado a pronúncia dela na votação anterior. Eles figuraram entre os 55 favoráveis a seu afastamento, e não entre os 21 que decidiram paralisar o processo, menos da metade dos 43 necessários (metade mais um).

O crítico severo poderá achar destemperado o gesto, o que condiz com seu temperamento tempestuoso. Mas é contrário a todas as leis da probabilidade e da lógica. Pois é Dilma a maior responsável pelo calvário que ela mesma, seu criador, Luiz Inácio Lula da Silva, e o Partido dos Trabalhadores (PT), de ambos, estão vivendo neste agosto de seu desgosto. Em março de 2014 o Estadão publicou documentos, até então inéditos, revelando que em 2006, quando era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, ela aprovou a compra onerosa de 50% de uma refinaria da belga Astra Oil em Pasadena, no Texas (EUA). Divulgada a notícia, explicou a discutível decisão dizendo que só a apoiou por ter recebido “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Sua primeira manifestação pública sobre o tema foi chamada, e com toda a razão, de “sincericídio”.

Pois às vésperas de se impor como candidata à reeleição presidencial, contrariando a vontade de Lula, responsável por sua eleição em 2010, Dilma acendeu o estopim de uma bomba que viria a explodir no colo de ambos, ao delatar e encalacrar o ex-diretor internacional da petroleira, Nestor Cerveró. Aí, este, como delator premiado na Operação Lava Jato, virou um algoz de que Lula e ela não se livraram e, ao que tudo indica, nunca se livrarão.

A expulsão de Lula do páreo provocou ressentimento nesse patrono de seus triunfos. Apesar de tudo, Dilma reelegeu-se. Mas isso complicou seu desempenho no cargo em quase todas as decisões importantes que tomou, ou deixou de tomar. Ela obteve 51,64% dos votos e Aécio Neves, do PSDB, 48,36%. A diferença foi de 3,4 milhões. Essa foi a menor margem de sufrágios em segundo turno desde a redemocratização. No entanto, ela reagiu como se tivesse obtido a votação total. Em contraste com a atitude educada do opositor, que a saudou pela vitória, afirmou: “Não acredito que essas eleições tenham dividido o País ao meio.” Assim, inaugurou uma falsa aritmética, na qual o mais sempre vale tudo.

Seu primeiro erro fatal, após empossada pela segunda vez, foi atender a seus espíritos santos de orelha Cid Gomes e Aloizio Mercadante Oliva, entrar na fria de enfrentar Eduardo Cunha e o PMDB do vice eleito com ela, Michel Temer, e apoiar Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pela presidência da Câmara. Perdeu no primeiro turno por larga maioria, na primeira de uma série de derrotas que, mesmo nas vezes em que teve apoio de menos de um terço, ela nunca aceitou.

Tentando corrigir esse erro, ela prometeu os votos do PT no Conselho de Ética da Casa para evitar a punição de Cunha, que, acusado de corrupção ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mostrara força reduzindo a pó projetos do governo com “pautas-bomba”. Só que o PT lhe puxou o tapete, negou apoio ao desafeto e aprofundou o fosso que a separava do parceiro majoritário na base parlamentar. Cunha virou algoz, aceitando o processo de impeachment contra ela da lavra de um fundador do PT, Hélio Bicudo, do ex-ministro da Justiça do tucano Fernando Henrique, Miguel Reale Júnior e da professora de Direito da USP Janaína Paschoal.

Nos 272 dias sob julgamento no Congresso – 160 no cargo e 112 dele afastada (se for mesmo impedida em 1.º de setembro) – ela atribuiu o dissabor à “vingança” de Cunha. Este, de fato, o abriu, mas não foi decisivo na maioria contra ela na comissão da Câmara (38 a 27), composta à feição dos interesses de sua defesa por intervenção do STF. Nem em mais quatro sessões: duas na comissão (15 a 5 e 14 a 5) e duas no plenário do Senado (55 a 22 e 59 a 21). E mais: mesmo tendo até agora logrado adiar sua cassação, o ex-presidente da Câmara não provou ter os votos de que precisa para manter o mandato.

Outra conta de seu lorotário é a do presidente em exercício, seu único sócio na chapa vencedora de 2014, com 54,5 milhões de votos. Temer tem o dever funcional, exigido pela Constituição, de assumir seu lugar, não merecendo, assim, as acusações que amiúde ela lhe faz de “traidor e golpista”.

Na dita “mensagem ao Senado Federal e ao povo brasileiro”, divulgada em palácio e na presença decorativa de repórteres, ela repetiu as lorotas de hábito. Pela primeira vez reconheceu ter cometido um “erro”. Este seria a escolha do vice e, em consequência, a aliança com o PMDB. Esqueceu-se de que sem esses aliados não teria sequer disputado o segundo turno em 2010 e 2014. Comprometeu-se ainda a adotar “as medidas necessárias à superação do impasse político que tantos prejuízos já causou ao povo”. Sem contar sequer com um terço do Senado e da Câmara, cujas decisões têm sido referendadas pelo STF, contudo, a única medida que ela poderá tomar será imitar Fernando Collor, atualmente seu prestativo serviçal, e renunciar. Para tanto, contudo, a Nação não aceita pacto de nenhuma espécie, seja a imunidade penal pessoal, seja outro privilégio. Não tem, muito menos, como convocar plebiscito para eleger quem cumpriria o resto do mandato, se a ele renunciar.

Só lhe restará, então, voltar ao merecido ostracismo, do qual não deveria ter sido retirada, e responder pelos vários crimes de que é acusada – e nega

Janot mantém decisão absurda e atua como monarca absolutista das delações

É claro que não vou desistir de pegar no pé de Rodrigo Janot, que tomou a incompreensível — ou muito compreensível? — decisão de pôr fim à delação de Léo Pinheiro. A menos que ele nos conte o que aconteceu, não é mesmo? Informa a coluna “Radar”, de VEJA.com, que ele devolveu o material da delação à defesa do empreiteiro e mandou para o triturador de papel o que estava no Ministério Público.

A coisa vai ficando sempre pior. VEJA reitera que o documento em que era citado o nome de Dias Toffoli como eventual alvo de uma delação circulou no Ministério Público, não ainda como um anexo formal. Janot diz que o papel nunca existiu, o que o levou a empregar a expressão “estelionato delacional”.

É mesmo?

Tudo indica que se está diante de uma coisa muito grave. A gente pode intuir que existe um Ministério Público Federal oficial e um Ministério Público Federal do B… Ora, o órgão acusador e investigador não pode abrigar um porão. E Janot não pode se comportar como se fosse um monarca absolutista das delações. Qual é o critério?

Calma lá! Júlio Camargo não admitiu ter mentido em sua delação? Negou que tivesse feito pagamentos para Eduardo Cunha e voltou atrás depois. Punição? Nenhuma! “Ah, é que ele se dizia ameaçado…” Pouco importa. Por que esse comportamento agora de Janot?

Se Toffoli e os demais ministros do Supremo estivessem fazendo carga contra a investigação, vá lá… Poder-se-ia desconfiar que a operação busca proteger um membro do tribunal. Mas a verdade está no contrário: Gilmar Mendes reagiu com uma dureza inédita. E está defendendo a manutenção do acordo de delação.

Infelizmente, acho que se tocou em algo bastante feio e perigoso. Alguns “savonarolas” do Ministério Público Federal começaram a se achar a voz de Deus. Além de decidir fazer política, começaram a se mover também nas sombras e nos porões para “limpar o Brasil”, nem que seja ao arrepio da lei.

Isso nunca dá certo!

A decisão de Janot entra como uma grande mácula da Lava Jato. E ajuda a bandidagem, queira ele ou não.

Nota de associação de magistrados contra Mendes transforma o mocinho em bandido da história

Entidades faz ilações difamantes contra o ministro porque este se opôs ao aumento do teto do salário do funcionalismo, o que elevará o rombo fiscal

Desastrosa. Indigna. Difamante. E também mentirosa. Esses são alguns dos adjetivos que me ocorrem para qualificar uma nota publicada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) contra o ministro Gilmar Mendes, do STF.

O texto é assinado pelo juiz João Ricardo Costa, presidente da entidade. São tantos e tão graves os equívocos, que a gente quase não consegue hierarquizar as críticas.

Antes, uma síntese do estupefaciente (mais um!) documento. A entidade afirma ser “lamentável que um ministro do STF, em período de grave crise no país, milite contra as investigações da Operação Lava Jato, com a intenção de decretar o seu fim”.

A nota rebate ainda a declaração de Mendes, que chamou de “pequeno assalto” o pleito dos juízes por aumento salarial. A associação ainda critica o ministro por este defender a doação legal de empresas privadas a campanhas e por, dizem os doutores, “buscar descredibilizar as propostas anticorrupção que tramitam no Congresso Nacional, ao invés de colaborar para o seu aprimoramento”.

A AMB ainda diz que é a favor de “outro conceito de magistratura, que não antecipa julgamento de processo, que não adota orientação partidária, que não exerce atividades empresariais, que respeita as instituições e, principalmente, que recebe somente remuneração oriunda do Estado”.

Lava-Jato
É preciso saber se a AMB está brava com Mendes porque este se opôs ao aumento dos juízes — inclusive aos membros do Supremo — ou se discorda de opiniões que o ministro emitiu que não estão relacionadas à categoria. Ainda que seja pelas duas coisas, não fica bem misturar alhos com bugalhos.

Em segundo lugar, mas não menos importante, é uma infâmia dizer que está querendo acabar com a Lava-Jato justamente aquele que se opõe ao fim da delação de Léo Pinheiro, decretado por Rodrigo Janot. E os juízes silenciaram a respeito. Adivinhem se Lula e Dilma, por exemplo, apoiam a opinião de Mendes ou de Janot. Ou ainda: qual das duas posturas agrada aos bandidos?

Financiamento privado
A segunda questão gravíssima na qual toca a AMB é a doação legal de empresas privadas a campanha. Ora, é quase um consenso que as eleições nunca estiveram tão expostas ao crime organizado como hoje. A proibição só estimula a doação pelo caixa dois e a entrada de dinheiro sujo na disputa.

Demonizar um ministro porque defende tese oposta à da AMB é um absurdo sem par.

Me dá um dinheiro aí
Mendes criticou a elevação do teto do salário do funcionalismo, que salta de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil — esse passaria a ser o salario dos ministros do Supremo. É evidente que essa não é a melhor hora para debater esse tema — não com um país quebrado.

A associação tem o direito de não gostar, mas não de difamar. A nota defende um juiz que receba “somente remuneração do Estado”. Fica a sugestão de que o ministro tem alguma fonte escusa de renda. Mendes é sócio fundador do Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual é professor — conforme permite a lei. Não exerce cargo de direção na instituição.

Juízes não podem sugerir ilegalidade ou incorreção onde não há. Em sua ida o Senado, Mendes defendeu que se defina o salário de juízes, sem penduricalhos, como auxílio-isso e auxílio-aquilo.

Combate à corrupção
Quanto a crítica a propostas que combatem a corrupção, dizer o quê? O ministro já chamou de malfeita a Lei da Ficha Limpa. E é mesmo — e isso não implica condescender com a lambança. E atacou duramente a proposta do MP de se admitirem provas ilícitas num julgamento, desde que colhidas de boa-fé.

Eu convido o doutor João Ricardo Costa a escrever um texto teórico defendendo a higidez legal, moral e ética das provas colhidas de maneira ilegal.

Essa é certamente a nota mais infeliz da história da AMB.

Ah, sim: contam-me que o PCC também é contra a doação de empresas a campanhas eleitorais. É o que se chama “uma questão de mercado”.

Convido a AMB a mudar de companhia, ainda que involuntária, é evidente.

Seis associações de procuradores apoiam Janot e não conseguem responder o que o país quer saber

Por que, afinal de contas, o procurador-geral resolveu silenciar Léo Pinheiro?

De todas as reações no debate público, a corporativista é sempre a pior, a mais obscurantista, a que menos se ocupa do objeto do debate. Não precisa de nada, a não ser se comportar como Lula e brincar da luta do “eles” contra “nós”.

E foi exatamente assim que agiram seis associações de procuradores, a saber: ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público), CNPG (Conselho Nacional de Procuradores-Gerais), ANPT (Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho), a ANMPM (Associação Nacional do Ministério Público Militar) e AMPDFT (Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios).

Elas saíram em defesa de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, que é, na pratica, o chefe de todas, embora a subordinação aí não obedeça a um modelo tradicional. Mas não entro no mérito agora.

A nota defende “os excepcionais esforços e trabalho (…) no combate à corrupção”, o que ninguém nega. Afirma ainda que “interesses poderosos sem dúvida são contrariados” e que “são lançadas à Lava Jato e ao procurador diretivas vagas e acusações vazias de pretensos abusos que raramente são especificados e que não são confirmados por qualquer instância do Poder Judiciário”.

Diz ainda o texto:
“Sem fato concreto algum, resta apenas a acusação vaga e vazia, que jamais prosperará, pela absoluta falta de fundamento ou de verdade. O procurador-geral da República e os procuradores da República que compõem a força-tarefa da Lava Jato, pela força da qualidade de seu trabalho, contam com o apoio de todo o Ministério Público brasileiro, unido e sereno, em sua missão constitucional”.

Que bom! O combate à corrupção conta também com o apoio da sociedade. Eu só não entendi até agora por que Janot pôs fim à delação de Léo Pinheiro. Infelizmente, as associações de procuradores também não explicaram.

Engraçado! Até onde entendo, elas deveria fazer com eu: “Pô, Janot, deixa o Léo Pinheiro falar”. Em vez disso, vejo seis associações de procuradores defendendo que um dos principais empreiteiros do petrolão guarde para sempre os seus segredos.

Desafio as associações a me enviarem um texto, assinada pelas seis, demonstrando que isso é bom para o Brasil.

55 segundos para “Lula” mandar um recado a Janot: “Passa lá no instituto”…... E deixa o "Leozinho" na cadeia

Por: Reinaldo Azevedo  24/08/2016 às 21:26

 

Parabéns, Janot! Os bandidos já começaram a ser beneficiados com a sua decisão

Léo Pinheiro, o ex-chefão da OAS, prestou depoimento ontem ao juiz Sergio Moro sobre aquele caso envolvendo o ex-senador Gim Argello, que teria feito parte de um grupo que passou a cobrar propina para a CPMI da Petrobras não convocar os empreiteiros.

E o que fez Léo? Ora, o que qualquer um faria no lugar dele, depois da decisão tomada pelo bravo procurador-geral da República, Rodrigo Janot: ficou calado.

Tudo a seu tempo. Mas posso assegurar que pelo menos um ex-capa-preta da Câmara está acendendo velas a seu capeta-da-guarda — já que anjos não se metem com essa gente. Há uma boa possibilidade de sair ileso.

Eis aí: essa já é a primeira consequência de Janot ter decretado o fim da delação premiada de Léo Pinheiro, transformando o empresário no bode expiatório de um Ministério Público que fugiu do controle. De qual controle? Do controle das regras e fundamentos da democracia.

É realmente impressionante que associações de procuradores e ao menos uma de juízes endossem a ação de Janot, falando em nome do combate à impunidade.

Em vez de botar ordem na casa, o procurador-geral da República alimenta hipóteses conspiratórias completamente destrambelhadas, como se alguém estivesse interessado em pôr fim à investigação.

O homem decreta que as informações de um dos principais empreiteiros do esquema não mais interessam. Mas seus críticos é que estariam conspirando contra a Lava Jato.

Vamos ser claros? A frequência com que membros do MP apareciam fazendo política, em vez de se dedicar à investigação, já indicava que algo estava fora do lugar.

Fico à vontade para falar porque critiquei comportamentos destrambelhados quando o PT ainda estava no poder. Então não venham os tontos dizer que só me ocupo disso agora porque, afinal, os petralhas já caíram. Não tenho inimigos de estimação. Sou amigo é dos procedimentos do estado de direito.

De resto, quem, pelo visto, quer pôr um ponto final à apuração é Rodrigo Janot, certo? Eu estou aqui cobrando a delação de Léo Pinheiro.

Mas, pelo visto, o procurador-geral e o MP como um todo estão realmente convencidos de que já não precisam dar satisfações a ninguém. Basta-lhes tomar decisões e dizer que assim são as coisas.

Imaginem se, diante da constatação de que Júlio Camargo mentia, o sr. Janot tivesse resolvido mandar para o triturador de papéis a sua delação… Eduardo Cunha estaria hoje numa situação muito melhor.

Mas quê! Na delação em si, Camargo mentiu e disse que nunca tinha pagado propina a Cunha. Resolveu falar a verdade num depoimento a Sergio Moro, na primeira instância, o que, do ponto de vista técnico, já é uma aberração.

Não sofreu punição nenhuma. Afinal, a Janot interessava quebrar as pernas do deputado, cujo processo andou bem mais rápido do que o de outros políticos. Ou não andou? E isso não quer dizer que o dito-cujo não mereça punição severa!

Janot tem de voltar atrás na sua decisão. Não é o dono da investigação. Ou tem de se explicar. Também não é dono da história.

Hoje, quem assa a pizza é ele. Não adianta estufar o peito e fazer ar altivo. Tem de prestar contas de seus atos, sim!

E não pensem os “jovens turcos” do MP que os que fomos às ruas cobrar moralidade na política daremos carta branca para novos demiurgos.

O que fizemos foi mandar pra casa os demiurgos, doutores! Voltem já para as leis e para a Constituição!

Dias Toffoli está inconformado com o fim da delação de Léo Pinheiro

O ministro Dias Toffoli está inconformado com a decisão tomada por Rodrigo Janot, que pôs fim à delação de Léo Pinheiro. Vamos ver.

Que havia um documento sugerindo que o ex-chefão da OAS teria algo mais a dizer sobre o ministro, isso havia. O que fariam com o papelucho nos corredores secretos do Ministério Público, isso ninguém sabe. Aliás, há informações seguras de que se procurava ajustar a mira contra outros integrantes do Supremo.

Ministros da Corte não podem ser investigados? Sim, claro! Podem até ser impichados. Mas não com táticas de polícia secreta, entendem? A democracia é coisa séria demais para ser privatizada por procuradores. Ou por juízes. Ou por açougueiros. Ou por jornalistas. Ou por apreciadores de Chicabon.

E qual a razão do inconformismo do ministro?

A exemplo de toda gente, ele também não entendeu por que Janot pôs fim à delação de Pinheiro. Como disse a um interlocutor, a decisão acaba deixando no ar a suspeita de que ele, Toffoli, teria algo a esconder. O ministro considera que a única maneira de eliminar qualquer sombra é o empresário falar tudo o que sabe — e, segundo diz, Léo Pinheiro nada sabe que o desabone.

Há mais: Gilmar Mendes foi quem se expressou com clareza contra métodos muito pouco ortodoxos em curso no Ministério Público. Mas ninguém se engane: essa questão revoltou todos os membros da Corte, sem exceção.

Não há ali ministro que não considere que, para o bem do próprio tribunal, a delação de Pìnheiro tem de ser retomada. Ou, então, é preciso que se expliquem exatamente os motivos que levaram Janot a tomar aquela atitude.

O ruído de informação que chega a boa parte das pessoas é que se decidiu jogar tudo embaixo do tapete quando apareceu o nome de um membro do Supremo. E é claro que Rodrigo Janot e os procuradores, que lidam com admirável destreza com a imprensa, sabem disso.

E aí, Janot?

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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