Senadores dizem que pergunta formulada por Lewandowski sobre impeachment pode salvar Dilma
Senadores favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff querem que o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, altere a pergunta que fará na fase final do processo do impeachment para definir se a presidente será ou não afastada.
Segundo estes senadores, o “quesito” a que os parlamentares devem responder “sim” ou “não” para definir o impedimento não faz referência a todos os crimes cometidos por Dilma e abriria uma brecha para que ela se defendesse no STF.
A acusação do Senado diz que Dilma cometeu crime de responsabilidade, que estão na Constituição, e crimes contra a lei orçamentária, que são regulados pela Lei 1 079 de 1050.
O problema é que a pergunta que será feita aos senadores, se Dilma cometeu ou não crimes, não faz referência à Constituição e cita somente um dos artigos da lei 1 079, justamente o artigo que José Eduardo Cardozo diz, desde o início do processo, que deixou de valer a partir de 1988, quando a Carta Cidadã foi promulgada.
Ou seja, se Dilma for condenada somente por um artigo da lei 1 079 que pode vir a ser invalidade pelo STF, seria possível se tentar reverter o impeachment através do Supremo.
Para não dar margem a especulações futuras, os senadores querem que a pergunta, o chamado “quesito”, narre textualmente todos os crimes e dispositivos legais e constitucionais que estão no relatório de Antonio Anastasia.
Atualização – O STF diz que o texto do quesito é uma breve referência ao libelo acusatório contra Dilma. E que, uma vez aprovado o quesito, será aprovado, na prática, o libelo, não havendo margem para o tipo de recurso imaginado por alguns senadores. Diz ainda que todos os artigo foram contemplados no quesito formulado.
Nem a faixa presidencial escapou da ladroagem (POR AUGUSTO NUNES)
A roubalheira institucionalizada pela Era da Canalhice não poupou sequer uma fita de gorgorão e um broche
Depois de reiterar que o Brasil decente espera que a posse da ministra Carmen Lúcia na presidência do Supremo Tribunal Federal acelere o resgate da seriedade sequestrada por 13 anos e meio de governo lulopetista, meu parceiro Tunico reproduz no comentário enviado à coluna as observações feitas por sua amiga Eliana França Leme sobre outro espanto produzido pela Era da Canalhice: o furto da faixa presidencial. Segue-se o texto:
Não me conformo, estou profundamente indignada. Santo Deus! O sumiço da faixa presidencial não pode ser encarado como um fato marginal entre as irregularidades já perpetradas por Lula e Dilma, de modo algum! Tal faixa tem um valor simbólico inestimável. Não se trata apenas de uma fita de gorgorão com o emblema de nossa República, uma jóia belíssima elaborada pelas mãos habilidosas de um ourives, em ouro e pedras preciosas. É muito mais do que isso: quem a recebe no dia da posse é alguém eleito pelo povo para carregar nos ombros a função sagrada de conduzir os destinos da nação.
Para Lula e Dilma, nada disso tem relevância. Em 2007, Lula encomendou outra faixa sem revelar o que foi feito da que recebeu de FHC. Dilma, por sua vez, importou-se tão pouco com a que Lula lhe transmitiu que não pareceu sequer constrangida com o sumiço. O gorgorão foi encontrado, mas sem as jóias que são um símbolo da Pátria. É fundamental que sejam encontradas as peças que faltam, para que sejam urgentemente devolvidas ao verdadeiro dono: o povo brasileiro. Não é justo que se faça outra faixa porque as anteriores foram surrupiadas.
Nós as queremos de volta, além dos quase 5.000 itens que também deveriam estar sob a guarda do Estado brasileiro. Nada do que esses dois presidentes receberam lhes pertence. Ambos devem ser processados por mais uma rapinagem que, como outros atos revoltantes, envergonham e constrangem brasileiros honestos. Já se sabe que Lula guardou parte desse patrimônio público num cofre particular do Banco do Brasil administrado por uma das empreiteiras envolvidas na Lava-jato. É mais um roubo que nos enoja e revolta. Que almas pequenas!
Haja ganância, acrescento. De acordo com um relatório do Tribunal de Contas da União, Lula recebeu 568 presentes durante os oito anos de governo e Dilma, 163. Segundo o TCU, ele entregou ao acervo do Planalto apenas nove peças. Ela não passou de meia dúzia. Tanto o poste quanto seu fabricante fingem ignorar que patrimônio da União é uma coisa, patrimônio pessoal é outra muito diferente. Devem ser incorporados aos bens da União presentes trocados entre chefes de governo. Lula e Dilma fazem de conta que os presentes que ganharam podem decorar um sítio em Atibaia ou um apartamento em Porto Alegre.
Como informou no começo da tarde a coluna Radar, o broche que continuava sumido reapareceu nesta quarta-feira. “Foi encontrado debaixo de um armário numa das salas do Palácio do Planalto”, diz a nota no site de VEJA. “A Polícia Federal foi acionada e fará uma perícia no local para tentar descobrir se a peça estava esse tempo todo perdida em baixo do móvel ou se alguém a colocou no local após a divulgação do desaparecimento”.
As investigações da Lava Jato provaram que, com a bênção da dupla de presidentes, bandidos de estimação bateram o recorde mundial de corrupção. Os ladrões já engaiolados estão fora da lista de suspeitos: além de impossibilitados de exercer o direito de direito e ir e vir, esses só pensam em safadezas bilionárias. Os larápios ainda em liberdade parecem contentar-se com menos. Para o que gatuno que agiu no Palácio do Planalto, por exemplo, a faixa presidencial está de bom tamanho.
Petismo explicado: PT distorce pesquisas até de Instituto suspeito de lavar propina para o partido (por FELIPE MOURA BRASIL)
Blog analisa o 'vox populismo' petista. Veja resumão
1. No dia 17 de abril, durante a cobertura dos discursos que antecederam a aprovação pela Câmara do prosseguimento do processo de impeachment de Dilma Rousseff, apontei no Twitter a manipulação que o deputado Afonso Florence (PT-BA) estava fazendo do resultado de uma aparente pesquisa do instituto Vox Populi em sua tentativa de convencer os demais deputados a votar contra o afastamento da petista:
2.
No dia 5 de agosto, o site petista Brasil 247, editado pelo “suposto jornalista” (nas palavras do juiz Sergio Moro) Leonardo Attuch, acusado de ter recebido R$ 120 mil do lobista do petrolão Milton Pascowitch por determinação do ex-tesoureiro do PT atualmente preso João Vaccari Neto, destacou a seguinte manchete:
“Vox: 79% dos brasileiros defendem o Fora, Temer”.
Na verdade, a aparente pesquisa do instituto favorito dos petistas encomendada pela revista Carta Capital, cujo editor é pautado por Lula (como ficou evidenciado em escuta telefônica da Lava Jato e este blog destacou em primeira mão), revelou apenas que 61% dos supostos brasileiros entrevistados querem novas eleições e 18% defendem que Dilma retorne e conclua seu mandato.
Somando esses dois números, o famigerado Brasil 171 tenta passar a impressão que 79% dos brasileiros querem o ‘Fora, Temer’ da mesma forma rancorosa que o PT, embora nenhum deles tenha respondido com base nesse slogan político e o apoio à volta de Dilma tenha caído de 21% para 18% em todo o país. Uma manchete bem menos imprecisa, portanto, seria:
“Vox: 82% dos brasileiros defendem o Fora, Dilma”.
Mas aí não seria o Brasil 171, claro. Nem o Vox Populi, que traz em seu currículo o erro grotesco no resultado da eleição de 2010 por 22,4 milhões de votos.
3.
Curiosamente, nesta terça, 16 de agosto, o Vox Populi foi um dos alvos da 6ª fase da Operação Acrônimo, deflagrada pela Polícia Federal, que investiga o esquema de tráfico de influência para liberação de empréstimos do BNDES.
De acordo com a PF, os recursos do banco público para uma obra de construção do aeroporto Catarina, em São Roque, na Região Metropolitana de Sorocaba, foram liberados mediante pagamento de campanha pela empreiteira JHFS para Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais.
A instituição encarregada de receber o pagamento em lugar do petista foi justamente o Vox Populi, segundo as investigações turbinadas pelo acordo de delação premiada fechado com o empresário Benedito Oliveira Neto, o Bené, apontado como operador de Pimentel e responsável por essas transações financeiras.
A Lava Jato já havia descoberto que a empreiteira Andrade Gutierrez pagou R$ 15 milhões para o Vox Populi fazer pesquisas para a campanha de Dilma – os “trackings” regulares comprados pelo PT para uso interno. Na contabilidade oficial, no entanto, o instituto recebeu apenas R$ 1,4 milhão.
4.
O dono do Vox Populi é Marcos Coimbra, não por acaso também colunista da Carta Capital.
Em janeiro, no sintomático artigo “Impeachment sem força” (imagine se tivesse, hein…), Coimbrafrisou preventivamente que “apenas 24% dos entrevistados disseram manter o mesmo elevado interesse do início da Lava Jato, taxa idêntica àquela dos que ‘não têm qualquer interesse pelo assunto e nunca tiveram’”.
Só faltou o militante dizer se já sabia do interesse da Lava Jato e da Acrônimo nos negócios dele (e se previa que seu apartamento seria alvo demandado de busca e apreensão, como ocorreu nesta terça).
5.
O uso de supostas pesquisas de institutos próprios ou parceiros para legitimar um discurso político embusteiro é expediente comum entre (vox-)populistas de qualquer espécie.
Mas nada diz mais sobre a natureza do PT nessa história do que a sua capacidade de distorcer pesquisas até do instituto suspeito de lavar propina para o próprio partido.
Não há crime nem mentira que não possam ser turbinados em função de um projeto criminoso de poder.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil